Uma voz, uma canção

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The end of the world
Breathe the air again, It's a beautiful day
I wish this moment
could stay with the Earth
Some primal paradise
But there you go again
Saying everything ends
Saying you can't depend
on anything or anyone
If the end of the world was near
Where would you choose to be?
If there was five more minutes of air
Would you panic and hide?
Or run for your life?
Or stand here and spend them with me?
If we had five more minutes
Would I, could I
Make you happy?

~ The end of the world, Billie Eilish

* POV off *

É um tanto quanto aterrorizante pensar em como tudo pode dar errado tão rápido. Entretanto, algumas vezes é preciso de uma grande perda para nos lembrarmos do que realmente importa. E assim, como resultado, nos tornamos mais fortes e acreditamos que podemos enfrentar qualquer coisa que vier pela frente. Mas talvez, o que achamos que era apenas um grande desastre era na verdade somente o começo de tudo o que ainda estaria por vir.

* Angie POV *

Abri os olhos quando a claridade simplesmente tomou conta da escuridão na qual eu me encontrava. Era uma sensação parecida com estar mergulhando há muito tempo e finalmente conseguir chegar a superfície para poder enfim voltar a respirar. Porém, o que eu vi, ou melhor, onde eu estava não era bem o lugar que eu esperava me encontrar. Olhei em volta em busca de alguém, mas tudo o que eu conseguia ver era a imensidão azul do mar que tomava grande parte do horizonte. Eu estava sozinha em um lugar alto, onde a grama era a única superfície que os meus pés podiam pisar, onde logo abaixo daquele penhasco as ondas do mar se rebatiam contra às pedras. Era lindo, para ser sincera aquele lugar parecia o paraíso de tão irreal que cada mínimo detalhe pudesse ser tão perfeito. Nunca havia visto tantas flores em um só lugar e estava completamente encantada com a beleza de cada uma delas. Entretanto, ali definitivamente não era a minha casa. Gritei por alguém à procura de respostas, mas somente o eco da minha voz respondeu aos meus chamados. Fechei os olhos com força e respirei fundo, me esforçando para me lembrar de como eu havia chegado até ali. E então, quando uma ventania repentina fez com que os meus cabelos voassem e com que uma foto minha, de Violetta e de German pairasse sobre o chão tão subitamente quanto tinha simplesmente aparecido de algum lugar, eu me lembrei com um único piscar de olhos de absolutamente  tudo o que havia acontecido antes que eu pudesse chegar até aqui. O casamento, Pierre, Antônio, Priscilla, German, o tiro. Assustada, passei a mão sobre a minha barriga, mas para a minha surpresa não havia mais nenhum sinal, nem uma única cicatriz que pudesse me dizer o que tinha acontecido com a bala que havia há pouco perfurado a minha pele. O meu vestido de noiva dera lugar para um vestido florido que se esvoaçava com o vento, enquanto o meu corpo, que antes tremia em razão da chuva forte que caía sobre Buenos Aires, agora se encontrava seco, sentindo o calor de cada raio de Sol que iluminava aquele lugar.

Angie: Eu... eu m-morri? - falei perplexa para mim mesma, colocando a mão no meu peito na tentativa de sentir as batidas do meu coração.

???: Não, ou melhor, ainda não. - uma voz doce disse em minha direção.

Aquela voz... aquela voz que eu conhecia tão bem. Aquela mesma voz que eu poderia reconhecer a quilômetros de distância independente de quanto tempo eu ficasse sem escuta-la. N-não poderia ser...

Angie: Maria? - falei com a voz trêmula, me virando para trás.

Pisquei os olhos algumas vezes, mas Maria ainda continuava ali, a poucos passos de mim, com aquele mesmo sorriso que sempre costumava iluminar todos os meus dias. Corri em sua direção, ainda sem acreditar no que os meus olhos insistiam em me mostrar. Inexplicavelmente eu estava diante da minha irmã, da razão da minha saudade. Porém, quando eu já estava perto o suficiente para poder finalmente abraçá-la, me detive. N-não poderia ser real, nada daquilo poderia ser verdade. Por mais que ainda doesse, Maria havia morrido há 14 anos e vê-la na minha frente só poderia significar que eu estava alucinando ou que eu, de fato, também havia morrido. Ao ver a minha expressão, Maria colocou sua mão sobre a minha bochecha, enquanto tentava enxugar todas as lágrimas que percorriam o meu rosto. Eu conseguia sentir sua pele tocando a minha, a sua mão que diferentemente da última vez que eu a havia tocado, agora estava quente.

Germangie - Felizes para Sempre? Where stories live. Discover now