WALT PERANTE OS DEUSES

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        Quase cinco longos meses se passaram, desde o dia que Walt Kalayn jurou servir aos deuses do norte e provou sua lealdade ao induzir e manipular o irmão para que ele mandasse colocar o grande arco de ouro para dentro da fortaleza de Düer'Fall, permitindo a ativação do portal mágico, possibilitando a invasão e quase destruição total de Drak'Nazit.

        Naquele dia Walt partiu de Drak'Nazit com auxílio de um magonegro e de um poderoso artefato mágico de teleporte criado por Ablon. Desde então passou a dar provas cada vez mais exigentes de lealdade e submissão, cumprindo tarefas hediondas ou exaustivas de malditos magonegros e até de Daraks. Malditos bárbaros desprezíveis e semi-homens! Praguejava a cada noite quando estava a sós com a esposa. Louco para gritar isso para o mundo.

        Walt estava no limite da paciência, era obrigado a trabalhar como um escravo nas forjas, ditas especiais, que mantinham os fornos aquecidos com fogo divino de dragão. Era uma chama azul e poderosa. Walt produzia, agora, armas de ouro e prata que eram em seguida enfeitiçadas ou, como considerava, profanadas e amaldiçoadas por magias negras de magonegros e daraks.

Walt não sabia, mas em seguida eram levadas a Ablon para receber um último feitiço.

        — Khan Durëng — disse um dos escravos de sua fortaleza usando o termo Khan, forma de tratamento a feiticeiros daraks, e Durëng, seu nome em línguanegra, usado em conjunto com máscaras para esconder sua identidade de espiões de Drak'Nazit e outros —, esta carta foi destinada a ti.

        Walt, sem nada a dizer, e tomado de desânimo e desinteresse por quase todas as vivências horríveis durante os último meses, pegou a carta com selo negro sem temor ou euforia. Quebrou o selo e abriu a carta.

        Como de praxe a carta estava escrita na línguanegra. Walt teve dificuldade para distinguir o conteúdo, estava simplificado, curto e exibia uma maravilhosa caligrafia, mas sua inexperiência com o idioma ainda era significativa. Embora estudasse com um velho escravo o idioma há meses, ainda não o dominava. Por fim conseguiu destrinchar e traduzir mentalmente cada sentença ou palavra para seu idioma materno.

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        Khan Durëng, fostes aprovado para ascender à alta corte dos deuses do norte e futuros deuses do mundo.

        Vá até a fortaleza central portando esta carta para vir banquetear com seus deuses.
Abandonarás, então, a vossa pútrida humanidade para sempre e terás lugar na imortalidade e poder.

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        Walt decidiu levar sua esposa consigo. Desejava profundamente que ela presenciasse seu grande reconhecimento, honrarias e partilhasse a dádiva de imortalidade a seu lado.

        Ele colocou sua frágil esposa à sua frente no alazão e cavalgou rumo ao local informado. Ela seguia inerte e alheia às lúgubres paisagens. Passaram por vilas de escravos imundos, acorrentados pelos pés cobertos de sangue e lama, por numerosos acampamentos orc, por estradas cobertas de cinzas e excrementos. Por fortalezas e por terras cobertas de florestas de cogumelo. Finalmente chegou à grande fortaleza central. Já havia estado ali, mas não por muito tempo, nem em muitos aposentos. Mas o suficiente para ver que era sinistra e silenciosa. A exceção dos gritos no subterrâneo e sussurros de lugar nenhum. Era uma construção pétrea e férrea altíssima e vulgarmente imponente. Muralhas encimadas por estátuas assustadoras rodeando toda sua extensão serviam como ameias, e, no centro da construção uma altíssima torre pontuda, negra e piramidal de base muito pequena em comparação a sua altura. Dez a doze vezes mais longa que a base. Foi para lá que Walt se dirigiu com a esposa. Mais próximo de seu destino, notou que na ponta da torre principal erguia-se uma corrente dourada e brilhante que subia para o infinito, como se estivesse presa em alguma nuvem. Walt sentiu um gélido calafrio e um arrepio sinistro.

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