O garoto estranho ficou parado na área em que Calum havia lhe deixado uma hora antes, esperando que ele viesse buscá-lo logo para levá-lo para casa. Luke não faz muita coisa em seu dia, ele apenas vai para a aula, e depois para casa. Algumas vezes, ele irá até a mercearia fazer compras. Toda sexta-feira, Calum o arrasta para a casa dos amigos dele. Quando eles ainda não eram veteranos, os dois sempre compareciam às festas de fraternidades (o que sempre estressava Luke), mas agora que estavam a ponto de se graduar, era mais do que hora de abandonar ditas festas.

Calum era da Alpha Kappa Psi, e mesmo que Luke nunca tivesse tido nenhuma vontade de participar de alguma fraternidade, os garotos da AKPsi sempre aceitaram o garoto cego como um membro honorário. Eles lhe deram camisas espirituosas para seus eventos, colocaram o nome dele nos registros, tentaram arrumar garotas para eles até descobrirem que ele era um homossexual flamejante, e então tentaram encontrar garotos. "Eu juro que esse é gostoso." "Ele tem menos de quarenta anos?" "Sim, trinta e nove."

Luke sentiu o cheiro da colônia de Calum, de sexo misturado com álcool, antes de ouvir sua voz, "por quanto tempo você esteve esperando aqui?"

"Só um pouco," ele respondeu, coçando atrás de seu pescoço.

"Você percebe que está encarando a parede?"

"Pelo menos eu não estou no meio da entrada, de novo."

Calum riu, segurando no bíceps de Luke, "você quer ir comprar comida? Já faz um tempo que a gente não vai, e eu estou cansado de comer miojo."

"Merda, cara, nós deveríamos ter comprado ontem à noite as passagens pra ir pra casa," Luke lembrou a seu companheiro de quarto.

"Eu não quero perder o dia de Ação de Graças de novo," ele disse amuado. Calum direcionou os dois para fora da biblioteca, sorrindo para a bibliotecária. O céu estava ficando escuro e cinza, como se uma tempestade estivesse a caminho. Calum segurou firme na camisa solta de Luke, o tecido estava áspero, mostrando que não havia sido lavado há meses.

Michael estava esperando do lado de fora da escola de Clémence com todos os outros pais, e as mães em roupas de tenista olhavam para Michael antes de voltarem a cochichar. Claro, ele parecia meio inadequado com suas calças cor de caqui e uma simples camiseta, mas ele não queria que as outras mães soubessem onde ele trabalhava, elas ficariam enojadas e provavelmente cuspiriam nele. Era difícil que não fizessem isso quando os anéis de casamento delas eram mais caros do que o carro de Michael.

Clémence foi uma das últimas estudantes a sair do prédio, claro, no dia em que Michael está adiantado, é o dia em que sua filha se atrasa. "Como foi o seu dia, amorzinho?"

"Eu conheci uma garota bem legal, o nome dela é Milo!" Clémence disse-lhe alegremente. Ela envolveu seus pequenos dedos na palma da mão de Michael, seu braço cheio de pulseiras fazendo barulho assim que ela se movia. Ela continuou falando e falando sobre a garota de pele como a noite que ria a cada piada que Clémence contava.

"Ela parece incrível, eu estou feliz que você está fazendo amizades," Michael disse, prendendo-a na sua cadeirinha. Ele está feliz que ela não estava argumentando com ele sobre a cadeirinha naquele dia, "não é punk rock," "você tem cinco anos, não tem que ser punk rock."

A mercearia estava fria enquanto Calum e Luke entraram nela, uma cestinha pendurada no ombro de Luke assim que Calum colocava itens nela. "Mac&Cheese ou nuggets de frango?"

"Os dois," Luke disse arrastado.

"Boa escolha," Luke ouviu um baque assim que mais itens em caixas foram colocados na cestinha verde claro, "hey, aquele não é o Michael?" Calum perguntou.

the boy with the white eyes (portuguese version) ↮ mukeWhere stories live. Discover now