"Na bruma leve das paixões que vêm de dentro Tu vens chegando pra brincar no meu quintal No teu cavalo Peito nu, cabelo ao vento E o sol quarando nossas roupas no varal."
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Lionel sentou da cama assim que notou o espaço vazio ao seu lado. O relógio na mesa de cabeceira marcava 7h30. Então o argentino levantou-se e seguiu para o banheiro do quarto, que dividia com a esposa. Escovou os dentes, tomou banho e em seguida vestiu um conjunto de moletons do Barcelona.
Ele entrou na cozinha segundos depois e através das janelas amplas, viu Sn sentada em uma cadeira no meio do jardim, tomando o sol da manhã. Ela parecia um anjo, com seu vestido azul claro, cabelos soltos e a pele iluminada pela luz de uma manhã de Domingo.
Lionel sorriu. Era um homem abençoado por ter a escritora como sua companheira.
O argentino abriu a porta da cozinha e ao sair na área externa da casa, sentiu uma brisa leve passando. Ele escutou a voz suave de Sn, cantando uma música em português, olhos fechados e as mãos repousando sobre a barriga protuberante de trinta e sete semanas, da primeira filha do casal.
- [...] voz do anjo sussurrou no meu ouvido, eu não duvido, já escuto os teus sinais. - acariciou o ventre, sentindo a pequena mexendo ao som da sua voz. - Que tu virias numa manhã de Domingo, e eu te anuncio nos sinos das catedrais, tu vens, tu vens, eu já escuto os teus sinais.
Lionel se abaixou na frente da esposa e ela abriu os olhos (cor) sorrindo para o mesmo. Ele colocou as suas mãos sobre a barriga dela e depositou um beijo no local, como fazia todos dias desde que soube que seria pai novamente.
- Bom dia, Sol. - o homem falou para a bebê, que chutou em resposta, fazendo os dois sorrirem. - Dormiu bem?
Sn tocou nos fios de cabelo bagunçados do marido e repousou a mão no ombro dele.
- Eu acho que isso foi um sim. - disse a escritora, quando a menina se mexeu dentro dela outra vez.
- E você, meu amor?
- Também.
- Hum, que bom, me assustei quando acordei e não vi você comigo na cama, pensei que tinha acontecido algo com a Sol.
Sn sorriu, vendo o marido encostar sua cabeça contra o ventre da mesma.
Lionel estava sempre preocupado com elas duas, Sol era o seu milagre, depois de quase dois anos tentando engravidar eles finalmente conseguiram e ainda por cima ela seria a primeira filha dele, depois de três garotos.
Eles se conheceram em 2014 durante a copa do mundo, no Brasil, na época Sn estava hospedada no mesmo hotel que a seleção argentina, para uma noite de autógrafos do seu primeiro livro. Lionel não sabia falar/ ler em português, mas comprou um mesmo assim e ela quase desmaiou ao ver seu ídolo pedindo para que ela lhe desse um autógrafo.
Eles reencontraram-se anos depois na Espanha e o argentino reconheceu a mulher no segundo em que a viu pela vitrine de uma livraria lotada no centro da cidade. Era o lançamento do 8° livro de Sn, o segundo de uma saga que fez muito sucesso no Brasil e foi traduzido para vários idiomas.
Na época ele já estava divorciado e Sn solteira. Lionel comprou mais um livro e em seguida convidou a brasileira para um encontro, a escritora logo aceitou e na mesma noite foram jantar.
Em menos de um mês, o atacante levou a mulher para conhecer seus filhos que adoraram as mesma. Depois de um ano namorando a distância, ele a pediu em casamento, Sn mudou para a Espanha. Eles oficializaram a união na Argentina com a família de ambos presentes.
- Sinto muito, mas está um dia lindo e pensei que isso faria bem para a Sol. - explicou, fazendo carinho no cabelo do marido e observando os reflexos da luz do sol na piscina.
- Mal posso esperar para ver ela.
- Eu também, amor, estou contando os segundos para segurar nossa menina.
- Está escutando, meu raio de sol? Não demora muito, tem um mundo inteiro aqui fora que anseia por sua chegada.
Lionel sempre conversava com a filha desde que o médico disse que isso era muito bom para o desenvolvimento do bebê e Sol reconheceria a voz dos pais quando nascesse.
- Leo.
- Hum?
- Te amo. - ele sorriu se afastando um pouco e encarando o rosto da esposa. - Não poderia ter escolhido outra pessoa para viver esse momento comigo.
- Eu amo você, princesa. - o argentino levantou um pouco, beijando os lábios dela com carinho.
- Acha que serei uma boa mãe para a nossa menina?
- Está mesmo preocupada com isso?
- Tenho medo de fazer tudo errado.
- Sn, você é a melhor mãe do mundo e Sol ainda nem nasceu. - sorriu. - Tudo bem cometer alguns erros no caminho, mas vamos fazer isso juntos, eu estarei ao seu lado durante todo esse caminho e nós vamos ser tudo que ela precisar.
- Obrigada.
- Só estou fazendo minha parte, somos uma equipe, meu amor. - ele arrumou o capuz do moletom e ofereceu a mão para Sn. - Tomou seu café da manhã?
- Um pouco de leite.
Sn se levantou, com a ajuda do marido e pôs uma das mãos na base da coluna, enquanto a outra estava enlaçada na de Lionel.
- Princesa, o médico disse que você precisa fazer uma refeição com muita variedade de alimentos. - ele explicou, enquanto caminhavam de volta para a casa. - Eu vou fazer algo para a gente, também estou morrendo de fome.
Eles avistaram a mãe da escritora na cozinha, mexendo nas panelas, com o som ligado em volume baixo. (Sua mãe) havia chegado em Barcelona há quase uma semana, para ajudar a filha com o pós-parto e a netinha recém nascida.
Em breve a família estaria completa, e Sn mal podia esperar para pegar Sol em seus braços pela primeira vez.
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