Camila

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Jogo o romance que terminei de ler na cama e saio deslizando pelo apartamento para atender a porta quando escuto a campainha tocar no sábado à noite.

— O que acha de um filme com pipoca, gatinha? — pergunta um príncipe de olhos azuis passando por mim sem esperar por uma resposta. — Essa noite eu escolho o filme. — completa, se atirando no sofá.

Bufo, abrindo os armários da cozinha atrás do milho. 

— Por que eu não posso escolher se fiz sua pipoca cheia de frescura? —pergunto minutos mais tarde, colocando a travessa em seu colo e duas latas de refrigerante na mesinha.— Não é justo, Leo!

— Pelas coisas que está escondendo de mim, suponho que você me deva uma. 

Enfio um monte de pipocas na boca para mantê-la fechada, saindo da sala para buscar um edredom e alguns travesseiros, com fé de que o assunto seria esquecido quando eu voltasse, mas está para nascer uma criatura mais persistente que Leonardo. 

— Não vai me contar como foi sua primeira vez? Sei que dormiram no motel.

— Não foi, gatinho.

— Como assim não foi, puta que me pariu? —exaspera-se. — Passaram a noite no motel fazendo o quê? 

— Seu irmão disse que estou estritamente proibida de falar da nossa vida sexual com qualquer cara bisbilhoteiro que não esteja usando uma batina. 

— Por que eu tinha que falar que te perguntaria? — Suspira Leo.

— Ele foi bem claro em dizer que costuraria minha boca com fio de sutura se eu contasse alguma coisa.

— E perder a oportunidade de ganhar um boquete? Por favor. —debocha. — Estou a semana toda curioso para saber o que está rolando. Me conta, gatinha! 

Nego e dou play no filme que escolheu para arruinar a minha noite.

— Te falei que tenho medo dessas coisas?— Aponto para a tela, me encolhendo quando um convento romeno e assombrado aparece nela. — Não podemos assistir o Nemo?

— De novo? Mas nem fodendo! — responde, enchendo a boca de pipoca. — Já sei até as falas da Dory de cor.

— Não quero assistir isso!

— Se me contar o que quero saber, a gente muda para o desenho do peixinho...

— Prefiro encarar um fantasma sanguinário. — respondo, apoiando meu travesseiro nele e deitando em seu peito.

— Pelo menos tá rolando alguma sacanagem— comenta, parecendo feliz. — Vamos combinar, você bem que estava precisando de uma boa sacanagem.

— Eu deveria me ofender? 

Leo gargalha e escorrega mais no sofá, passando uma das mãos ao meu redor. 

Bem antes que o filme chegue à metade, estou tremendamente arrependida de não ter preferido passar o tempo fofocando sobre a minha recém-adquirida (quase) vida sexual com meu... (quase) cunhado?  

Leonardo não para de rir enquanto me agarro com a sua camisa.

— Vamos ver se você vai continuar rindo quando eu contar para o seu pai que você anda fumando!

— Você não é nem louca, amanhã te compro jujubas. 

Meu medo é tamanho, que o som da porta do apartamento batendo me faz soltar um palavrão.

— Precisa entrar em casa desse jeito? 

— Tá fazendo o que não devia também! —rebate, jogando a carteira e a chave do carro na bancada. 

THE PRINCEOnde histórias criam vida. Descubra agora