Camila

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MARATONA 

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— Raio de Luar? Pegue a bolsa e desça. 

Ergo o olhar do processo que estou fingindo ler há mais de duas horas. 

— Pra quê? 

— Tadeu vai levar você em casa.

— E você? Pensei que íamos jantar.

— Tenho que ficar até mais tarde essa noite. —responde recuando para sair da sala e, de repente, meu cubículo fica abafado demais.

— Por quê? 

Kai bate com a mão no batente e volta até a soleira me encarando com um par de olhos furiosos.

— Um confidencial ligou exigindo uma reunião de última hora.

— É por isso que está bravo? 

Ou é porque estou criando caso para ir embora antes da sua secretária e grudei em você feito um chiclete mastigado desde que, supostamente, mentiu para mim?

— Estou pressentindo que a conversa não vai ser das mais agradáveis.

— Quem é o cliente?

— Sabe que eu não posso falar. 

— Posso te esperar e jantamos depois...

— Porra, Camila! — berra, fazendo com que meus olhos se encham de água. 

Desvio o olhar e fecho a pasta do processo, escutando seus passos entrarem na sala. Continuo organizando tudo que está em cima da minha mesa de forma obsessiva para evitar cair em lágrimas até que ele me tire da cadeira pelo cotovelo.

— Raio de Luar — chama, erguendo meu rosto para me obrigar a olhá-lo. — Sinto muito, eu não queria gritar com você. Só faz o que eu mandei, tudo bem?

Minha resposta é esticar a mão até as costas da cadeira e agarrar a Charlote. 

Kai sai da sala e eu o sigo pelo corredor a caminho das escadas, mas me detenho na porta da copa quando vejo uma morena de pernas compridas apoiadas na bancada fazendo café.

— Thabita também vai ficar? — sussurro no seu ouvido tentando acompanhar seu passo, mesmo que, além de nós três, não tenha mais ninguém no escritório há muito tempo. Devem ser quase nove da noite, se não for mais.

— Quem você pensa que vai recepcionar e servir o café para o cliente? Eu? — debocha.

Sei que essa é a rotina quando um dos clientes que não quer ser visto por ninguém aqui dentro marca hora, normalmente são homens muito ricos querendo se esconder da mídia, ou bandidos muito perigosos querendo se esconder da polícia, e eu nunca tinha insistido para ficar antes, mas hoje me pego reticente. Desde aquele dia, tenho inventado desculpas para não deixá-los sozinhos e saído bem depois do meu horário.

THE PRINCEOnde histórias criam vida. Descubra agora