VII - O caminho

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Depois de terminarem de comer, a anfitriã resolveu que seria mais fácil Andrea aguardar na porta da frente com as malas enquanto ela buscava o carro. Andrea não discutiu, apenas a observou quando sua amiga parou em frente a um quadro com alguma chaves penduradas. A mulher ponderou uns segundos antes de sorrir e escolher uma das chaves. 

"Ao invés de me esperar na porta você pode pegar umas garrafas de água e suco na geladeira e colocar aqui?" Miranda apontou para o cooler ao lado da cesta. Antes mesmo de sua convidada responder ela disse um "Já volto." por cima do ombro e saiu por uma porta lateral.

Em poucos minutos ela retornou pela porta da frente, trancou a porta da cozinha e ajudou Andrea com tudo o que elas precisavam carregar para fora da casa.

Assim que ela abriu a porta da frente, Andrea fez uma cara confusa. "Onde você estacionou?" ela perguntou enquanto a outra mulher ativava o alarme da casa. Seus olhos procuravam, claramente, o mesmo carro das outras vezes em que Miriam se encontrou com ela.

"Oh, hoje nós vamos nesse. O meu favorito." Miranda disse caminhando para o Rolls Royce Dawn parado perto da calçada. O carro era numa cor metálica, entre o lavanda e o azul claro. Andrea estava paralisada, e só começou a se mover na hora de ajudar Miriam a colocar tudo no carro.

Miranda se sentou atrás do volante, Andy do seu lado. A posição do sol já denunciava o fim de tarde se aproximando. Miranda colocou seus óculos,  colocou o cinto de segurança e Andrea fez o mesmo.

"E então, pronta?" Andrea fez que sim com a cabeça, um sorriso doce em seus lábios. A mulher lhe sorriu de volta, ligou o rádio e conectou o celular. Miranda deu a partida e elas começaram a trafegar, calmamente, pelas ruas em meio ao caos da cidade de Nova York assim que as primeiras notas começaram a tocar em um volume médio, preenchendo o carro.

Here comes the sun, dos beatles.

Miranda cantarolou baixinho, tamborilando as pontas dos dedos no volante. Seus ombros estavam relaxados, a melodia parecia levar sua mente longe.

"Sabe, você por vezes é muito óbvia, Miriam." Andrea disse de forma quase atrevida.

"Como?"

"Eu nunca pensei que você fosse se entregar tão rápido..." Miranda fez uma careta e Andy riu. "Você nasceu na Inglaterra." a morena disse como quem descobriu uma informação muito importante.

"Nasci? E você deduziu isso por eu ouvir Beatles, como outras milhares de pessoas no mundo? Sherlock deveria temer você?" Andrea gargalhou, fazendo Miranda sorrir também.

"Não... é só que o seu sotaque fica muito evidente." Ela notou a outra mulher ficar vermelha.

"Certo, nasci em Londres. Satisfeita, Sherlock?"

Andrea apenas sorriu. Elas continuaram na cidade por mais uns quinze minutos onde o confortável silêncio era preenchido por músicas que eram, sem dúvidas, do quarteto inglês, mas aparentemente não tão famosas.  Foram assim até chegarem na rodovia, onde o trânsito estava mais livre.

Miranda apertou um botão no volante e a capota do carro abaixou. Em dez segundos elas estavam no conversível em sua melhor forma, Andrea parecia uma criança abrindo presente de natal.

Logo a música mudou e a mais jovem sorriu ao reconhecer a faixa. "Eu conheço essa!" Ela disse empolgada, se balançando com o ritmo.

"Mesmo? Você é um pouco nova para isso."

"Quer apostar?" Andy perguntou em um tom desafiador.

Instintivamente a motorista aumentou o volume, não sem antes dizer. "Vamos ver se você sabe mesmo... E Andrea, o que acontece na estrada, fica na estrada." Ela desviou os olhos da estrada um segundo, deu uma piscadela para sua passageira e se ajeitou no banco.

"Don't go breaking my heart (Não vá partir meu coração)" Miranda cantou a plenos pulmões, assumindo os vocais do Elton John.

"I couldn't if I tried (Eu não poderia mesmo que tentasse)" Andrea assumiu a parte da Kiki Dee com o mesmo grau de empolgação.

Elas foram intercalando os versos, cada uma de acordo com o papel escolhido.

M:"Oh, honey, if I get restless (Querida, seu eu ficar impaciente)"

A:"Baby, you're not that kind (Meu bem, você não é desse tipo)"

M: "Don't go breaking my heart (Não vá partir meu coração)"

A: "You take the weight off of me (Você retira um peso de mim)"

M: "Oh, honey when you knock on my door (Querida, quando você bateu na minha porta)"

A: "Ooh, I gave you my key (Eu te dei minha chave)"

M & A: "Woo hoo, nobody knows it (Woo hoo, ninguém sabe disso)"

M: "But when I was down (Quando eu estava deprimida)"

A: "I was your clown (Eu era a sua palhaça)"


Elas foram cantando empolgadas até o fim da faixa e então Miranda abaixou o volume.

"Bem, você realmente sabe."

"Eu disse." Andrea sentia-se feliz como em poucas vezes na vida.

Elas cantarolaram mais algumas músicas, conversaram mais um pouco, e depois de mais ou menos uma hora na estrada seus olhos começaram a pesar.

"Sabe o que eu acabei de me dar conta?" Andy murmurou sonolenta.

"Não. O que?"

"Eu não te perguntei para onde estamos indo." 

"Acho que agora não faz diferença. Você vai ter que confiar enquanto dirijo misteriosamente." Miranda fez graça.

Andy se deu por vencida, se aninhou no banco esfregando os braços numa tentativa de se esquentar. Ela sorriu ao ouvir o barulho da capota fechando.

"Eu confio em você, Miriam. Muito." Sussurrou antes de adormecer.





(nota da autora: olá, só queria agradecer pelos votos e comentários. vocês são uns amores. estou um pouco empolgada essa semana, então eis o terceiro capítulo em menos de quarenta e oito horas. obs: notem que tem muitos erros de digitação. desculpem, escrevo sempre com muito sono. estou tentando corrigir. tchau.)

Dois Cafés (Mirandy)Where stories live. Discover now