XVIII - Pré-Paris

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Entre beijos e conversas, Andrea despediu-se pouco antes do nascer do sol. 

Miranda fechou a porta com um sorriso largo, sentia-se energizada mesmo sem dormir. A noite havia se desenrolado de maneira inesperada e apesar de tudo, estava nas nuvens.

Ela resolveu se arrumar de uma vez, já que viajaria em poucas horas.  A editora optou por uma maquiagem leve, não se importando muito em esconder as olheiras que já começavam a se aprofundar.

Depois de pronta, preparou um café da manhã especial para suas filhas, com vários pratos que elas pediam sempre. No processo seu pensamento se direcionou várias vezes para o quanto gostaria de ter Andrea por perto, tinha certeza que a morena se daria muito bem com suas meninas.

Horas depois, já no aeroporto, Emilly estava agitada. Queria confirmar alguns detalhes da agenda da editora, mas em momento algum a mulher mais velha parecia dar abertura para tal. Claro que Miranda percebera o quão inquieta sua assistente estava e ao se dar conta que a cada minuto passado a aflição da ruiva aumentava, resolveu agir.

Ela sinalizou para a jovem lhe seguir até algum canto mais reservado.

"Emilly, eu só vou falar isso uma vez e se você algum dia pensar em dizer para alguém que tais palavras saíram da minha boca eu destruo a sua vida." Talvez fosse a falta algumas horas de sono falando mais alto, mas a assistente claramente quase desmaiou. Miranda queria rir, mas continuou em seu tom mais sério.

"Essa é a sua segunda vez em Paris comigo, e não é por você ser a melhor secretária do mundo, até porque você não é, e vamos combinar que qualquer boçal com meio cérebro faz o seu trabalho com excelência." Pôde ver a mais jovem corar de ódio. Excelente. Uma reação que não fosse medo ou desespero já era uma vitória. "O ponto é, Emilly, que você está  mais tempo que qualquer outra pessoa trabalhando diretamente comigo simplesmente porque eu vejo um grande potencial em você."

A mais jovem abriu a boca mas nenhum som saiu dela.

"Eu imagino que você não tenha percebido, mas a cada dia eu te empurro para que você dê um passo adiante em direção a minha cadeira de editora chefe. Estamos entendidas até aqui?" Emilly ponderou uns segundos e depois acenou positivamente. "Ótimo. Agora que estamos entendidas, será que você pode me fazer dois favores? Primeiro, você tem que relaxar. Você não vai ser minha sucessora se morrer antes. Você sabe como eu gosto que as coisas sejam feitas, sabe encontrar coisas que eu gosto, mesmo que não seja o meu estilo habitual. Use isso. Se permita. Observe a minha relação com o Nigel e aprenda a se portar perto de mim, é intragável ver essa massa de nervoso que você se torna quando fala comigo. Apenas fale."

"Mas o Nigel te trata como amiga...?" Emilly quase sussurrou. Miranda primeiro levantou a sobrancelha, depois tornou as feições do rosto mais suaves e levantou os cantos dos lábios em um leve sorriso, deixando a informação cair levemente em algum lugar no cérebro da jovem. Emilly limpou a garganta depois de alguns segundos. "E-e em segundo?"

"Não me incomode durante o vôo. Vou dormir todo o tempo." Miranda disse simplesmente dando as costas e segurando o riso ao ver a cara da assistente.

Era a hora de deixar a jovem desabrochar, tinha resolvido. Era hora de começar a construir um novo futuro para a revista, e algo lhe dizia que Emilly seria uma peça muito importante no processo.


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(Nota da autora: olá, só pra dizer que estou viva e que não esqueci de vocês. Apenas uma sobrecarga no trabalho mas logo passa.
Aproveitando pra avisar que soltei o primeiro capítulo de uma nova história um dia desses. Beijos)

Dois Cafés (Mirandy)Where stories live. Discover now