Capítulo 19

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Scarlett

Observo a BMW parar em frente ao meu apartamento e apresso os passos para chegar até lá. Já são nove horas da noite, e Henrique como sempre é muito pontual.

Ao entrar dentro do carro e me acomodar no banco de couro, tenho o olhar do homem que está no banco do motorista totalmente voltado para mim, fazendo minhas bochechas corarem de forma instantânea. Mesmo eu gostando, todas as vezes que ele me olha desse jeito: como se quisesse me comer com os olhos, minhas bochechas tomam um tom avermelhado no mesmo momento, é inevitável, mas eu gosto da sensação, gosto muito.

— Uau, você está ainda mais linda — ele elogia, ainda com seus olhos em cima de mim.

— Obrigada, mas não é pra tanto. Eu só estou com um vestido, só isso. — sou sincera. E realmente é verdade, a única coisa diferente que tem em meu corpo é um vestido soltinho — já que odeio coisas apertadas — na cor salmão que vai até a metade das minhas coxas, em meus pés está uma sandália com algumas pedras e meus cabelos estão soltos. Não tem nada de extravagante.

— Scarlett, você está completamente linda, aceite isso — ele súplica mais uma vez, e o lanço um sorrisinho de lado, sentindo-me envergonhada.

Nunca ninguém me elogiou desse jeito.

— Você também está lindo — afirmo olhando para seu corpo que está composto por uma calça jeans escura e uma camisa polo preta.

Não posso negar que Henrique não é bonito, porque de fato ele é, e muito.

Em resposta ele apenas sorri, do jeito cafajeste que causa efeito dentro de mim, sempre causou, mas deixo de pensar nisso quando ele liga o carro, começando a dirigir.

Fomos o caminho todo em silêncio, e em questão de uns vinte minutos já estávamos em frente ao lugar que prevejo ser aonde vamos jantar. Saímos do carro e Henry me conduz com uma mão nas minhas costas, até chegarmos dentro do estabelecimento.

— Eu não sabia se você gosta de comida mexicana, mas optei pela sorte — diz quando entramos no restaurante que é bem requintado e surpreendo-me pelo quão lindo é aqui dentro. Os lustres no teto e os detalhes que envolvem o lugar deixam algo apaixonante e é impossível não prender sua atenção neles.

— Eu provei poucas vezes, mas gostei — concordo e ele sorri de lado, enquanto continua a me guiar para dentro do restaurante.

Fico confusa quando passamos pelas mesas, mas não paramos em nenhuma delas, e minha confusão é ainda maior quando percebo que estamos indo para fora do restaurante, aonde prevejo não ter nada, mas ao chegar lá fora, fico completamente surpresa, e maravilhada.

A estátua da liberdade brilha em nossa frente, e a música calma preenche meus ouvidos, trazendo uma sensação boa para dentro de mim. Olho para Henry que continua com um sorriso no rosto e acabo por sorrir também.

Estamos em cima de uma espécie de deck, aonde fios com lâmpadas penduradas passam por cima da nossa cabeça e assim com temos a visão da estátua iluminada, também temos a visão da cidade que agora brilha com todas as suas luzes acesas por estar noite. A música que está tocando é clássica, e o som do violino é calmo e sereno, embriagante para meus ouvidos. As mesas e cadeiras —  diferente das de lá de dentro — são um pouco mais rústicas e também mais pequenas, tendo somente dois lugares. Aqui no lado de fora também tem um bar e é possível ver por uma parte de vidro as pessoas preparando nossas comidas lá dentro da cozinha.

Isso é incrível, e eu estou completamente admirada por tudo isso.

— Meu Deus... tem como isso ficar ainda mais incrível? — questiono o olhando, e ele ri, apontando para nos sentarmos em uma das mesas que há aqui.

— Eu acredito que não — diz meio pensativo, enquanto puxa a cadeira para mim sentar. — Somente se der passarmos o resto da noite nos beijando, ai com certeza vai ficar melhor — sussurra próximo ao meu ouvido e um arrepio instantâneo percorre pelo meu corpo.

Sorrio olhando para frente, me sentindo mais uma vez envergonhada por sua aproximação e pelas palavras que ele diz. Não que eu não tenha o desejo de também passar a noite assim, mas é impossível não ficar envergonhada ouvindo-o dizer isso, tão próximo de mim.

Henry se senta na cadeira em minha frente, tendo a mesa como separação para os nossos corpos e em poucos minutos, depois de alguns minutos conversando o garçom aparece para fazer nossos pedidos e deixo ele escolher nossos pratos, já que estava indecisa em qual escolhia. Há tantas opções que me vi perdida ao ter que escolher somente uma delas.

— Eu ainda me pergunto como consegui ser tão babaca aquele dia — Henry ri, levando a taxa de vinho que o garçom havia recém trazido para nós, até a boca. Estamos falando sobre o dia que ele dispensou todos os desenhos que eu e o pessoal do design havíamos feito, para a nova coleção de notebooks.

— Minha raiva por você foi gigantesca, confesso. Aquilo estava incrível! — afirmo convicta, recordando de como quase perdi a cabeça quando recebidos a notícia que o chefe tinha recusado todos os desenhos, sem excessão. Eu tinha vontade de fazer ele engolir aqueles papéis!

— Nem eu mesmo não sei o que aconteceu comigo aquele dia, acordei com o cu virado, só pode — morde o lábio inferior e eu concordo com a cabeça, rindo.

— Você era estranho, havia dias que aparecia a maior felicidade na empresa, e outros que nem a água prestava — sou um pouco sincera demais, o fazendo ficar em silêncio por alguns minutos.

Por um momento penso que falei algo errado, já que nem ao mínimo um sorriso sincero aparece em seu rosto, e sim um sorriso amargo.

— Eu tinha meus momentos ruins, acredite. — é curto e eu apenas aceito com um leve afirmo de cabeça.

Um clima estranho entre nos se instala, ao mesmo tempo que algo estranho dentro de mim também. Percebi agora que ele também deve ter algum trauma, ou algo do tipo, pois sua voz foi amarga, como de doesse dizer aquilo e que apesar de não transparecer, percebo que ele ficou mal agora. Talvez algo no passado pode ter acontecido para deixá-lo assim? Ou apenas um mal humor? Eu sinceramente não sei, mas na minha cabeça os piores e melhores acontecimentos se passam e afirmo que fiquei curiosa para descobrir esse lado do Henry quebrado que ele aparenta ter.

O clima aparenta se suavisar um pouco mais quando o garçom chega com nossos pedidos e uma música ainda mais calma toca pelo ambiente. Sinto o olhar de Henrique em cima de mim, mesmo que ele não diga nenhuma palavra e então espero que o garçom se afaste para me pronunciar novamente.

— Eu fiz bolo de chocolate hoje antes de ir para o trabalho, se quiser depois podemos passar lá em casa e comer um pedaço... — oferto, prendendo meus olhos nos dele.

— Eu vou adorar — sorri de canto e acabo por sorrir também, ficando de certa forma feliz por ter feito ele sorrir.

— Não se engane que eu comecei a gostar de chocolate, só fiz desse sabor porque havia acabado a banana — digo e em poucos segundos o homem em minha frente solta uma gargalhada alta e gostosa de se ouvir, atraindo a atenção das pessoas que estavam ao nosso redor.

— Algum dia eu ainda vou fazer você mudar sua opinião sobre chocolate — afirma convicto e eu balanço a cabeça discordância.

— Bananas sempre serão minhas favoritas, e nada vai mudar isso — retruco e ele revira os olhos. Não leva nem um minuto para estarmos rindo juntos, deixando todo aquele clima ruim que se formou ir embora, e agradeço por isso.

Continuamos a comer e conversar, enquanto bebemos o vinho e trocamos sorrisos. As horas vão se passando, e é algo percebido já que o restaurante vai esvaziando cada vez mais, porém nem eu nem Henry temos vontade de levantar daqui, nossa conversa está envolvente ao máximo ao ponto de que minha cara até dói de tantas risadas que já dei essa noite.

Infelizmente depois de alguns minutos e, agora o restaurante já está totalmente vazio, temos que ir embora, já que já estava na hora de fechar, mas sei que nossa noite não termina por aqui.

•••
Henry e seus motivos para ser babaca... e aí, alguma teoria?

Espero que tenham gostado do capítulo, talvez o próximo demore um pouquinho mais para ser postado, infelizmente.

Até lá, meus amores. 🧡

Uma Paixão Inesquecível - Os Peterson 3  (Concluído)Where stories live. Discover now