Capítulo 10

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Henry

As vezes a verdade dói, machuca, perfura o nosso peito, e é isso que aconteceu comigo quando acabei de escutar tudo o que Scarlett me contou.

Mesmo que não tenha sido comigo, a dor que ela deixou transparecer me dominou, parecia que tínhamos no tornado um só e eu conseguia sentir toda a sua dor. Sei que ela sofreu muito mais do que eu posso imaginar e ver ela chorando na minha frente, completamente frágil, me deixou com ainda mais raiva daquele imbecil.  Saber que ela teve que passar por tudo aquilo calada, com medo de falar para alguém e o pior acontecer me deixa com vontade de acabar completamente com a vida dele.

Desligo o registro do chuveiro, puxando a toalha para me secar e assim que o faço, saio do box, vestido uma roupa qualquer que eu ainda tinha aqui na casa dos meus pais. O dia agora já amanheceu, mas não tenho nem um pingo de sono. Com tudo isso que aconteceu meu sono se dispersou.

Abro a porta do banheiro, entrando no quarto e vejo a pessoa de cabelos vermelhos deitada na minha cama, enquanto dorme. Quando percebi que seus olhos estavam se fechando e sua voz já denunciava sono, então sugeri para que ela se deitasse um pouco, já que enfrentou muitas emoções nas últimas horas, então ela seguiu meu conselho e se deitou, ainda meio relutante por seu minha cama. Fico feliz que ela tenha conseguido dormir, essa será uma das formas dela esquecer o que aconteceu, pelo menos por algumas horas.

Pego a coberta que estava dobrada na beirada da cama e cubro seu corpo pequeno, que estava encolhido, o tornando ainda mais pequeno, mas percebo que aos poucos ela vai relaxando um pouco mais.

Olho pela última vez para ela, antes de sair do quarto, indo em busca de água pelos corredores.

Desço a escadas, alheio as coisas á minha volta e olhando pela vidraça, percebo que o dia está com algumas nuvens escuras no céu. Sigo para a cozinha, e depois de encher meu copo com o líquido incolor, vou até a sala.

Surpreendo-me ao encontrar papai ali, sentando em uma das poltronas, que assim que me vê, abre um mínimo sorriso, e eu retribuo na mesma forma.

— O senhor ainda não foi dormir? — questiono me sentindo no sofá.

— Meu sono se dispersou totalmente depois de tudo que aconteceu — decifra. Sua voz demostra cansaço, mas sei que meu velho é duro na queda, e se está atrás de algo, não irá dormir até conseguir.

— Bom, agora tudo já se passou, acho que o senhor pode ir dormir tranquilamente — sugiro, trocando um olhar com ele.

— Acho que precisamos conversar, não? — estreita os lábios.

Mordo lábio inferior, assentindo.

— Pode começar — incentivo, começando a tomar total atenção nele.

Poucas vezes nesses meus anos de vida papai me convidou para conversar assim; tão seriamente, então sei que agora o assunto é importante, já que sua expressão denuncia isso, e eu já até desconfio sobre o que seja.

— Você sabia que ela passava por isso? — pergunta. Sei que ele está se referindo a Scarlett.

— Não. Mas já cheguei a desconfiar algumas vezes — sou sincero.

— Por que nunca perguntou para ela então?

— Não é tão simples assim abordar uma assunto como esse com uma pessoa que sofre aquilo, pai. — instigo, vendo ele morder o lábio.

— Realmente, você está certo. — suspira. — Ela te contou alguma coisa agora?

Assinto, bebendo minha água.

Uma Paixão Inesquecível - Os Peterson 3  (Concluído)Where stories live. Discover now