Uma Paixão Inesquecível - Os Peterson 3 (Concluído)

Capítulo 9

Scarlett

Respiro três vezes antes de olhar em volta, olhando para as paredes cinzas preenchidas por pôsters de bandas de rock, com algumas guitarras penduradas na parede e até mesmo um violão.

Ainda não consigo processar completamente o que aconteceu há alguns minutos atrás. Tudo aconteceu muito rápido e na minha cabeça tudo se passa como um borrão.

Depois que Michael me puxou para longe dos outros, querendo satisfações do porquê eu ter entrado com outro homem ao meu lado — acredito que ele não se lembrasse do Henrique — depois começar a me xingar e dizer que eu era uma puta, que estava traindo ele, logo em seguida começou a me bater e daí em diante, tudo se passou como um flash.

Não sei de onde Henrique surgiu, mas de certa forma ele me deixou muito surpresa, por ter me defendido e brigado por minha causa e isso agora está me deixando com uma vergonha gigantesca. Não queria envolver meus chefes nessa minha vida.

— Você está bem? — sua voz me tira de meus desaveios e sinto a cama, a qual ele tinha me guiado para sentar, afundar ao meu lado.

Apenas afirmo com a cabeça, com meus olhos prendidos no chão de carpete. Na verdade eu não estou nada bem.

— Scarlett, eu preciso que você fale pelo menos o básico comigo, eu estou preocupado com você — sua voz mais uma vez soa e sinto seus olhos em cima de mim, demostrando que ele realmente está procurando.

— Eu só estou mexida com tudo isso que aconteceu — respondo baixo, ainda sem olhar para ele.

Um copo é estendido para mim e eu o pego, ao perceber que era água. Dou um grande gole, esperando que ele se pronuncie.

— Seu rosto está doendo? — sua voz é carregada de preocupação. O que aconteceu para ele ficar assim comigo... tão preocupado?

— Um pouco... — resmungo passando a mão em cima.

— Quando descermos pegamos gelo para colocar ai, agora lá embaixo dele estar muito agitado — ele diz e eu concordo, bebendo mais um gole de água. — Mas agora preciso saber de uma coisa. Ele fazia isso com você recentemente?

Sua pergunta me ataca em cheio, e para alguns ele pode até ter parecido inconveniente, mas para mim, nada mais me afeta. Todos já sabem da verdade, ou pelo menos desconfiam, e o que eu posso mentir para ele sendo que ele viu tudo e me defendeu?

— Quase todos os dias — minha voz sai por um fio.

— Meu Deus! — sua exclamação foi alta e por susto acabo olhando para ele, que tem seus olhos arregalados. — Isso vem acontecendo há muito tempo?

— Quase três anos...

— Você nunca fez nada a respeito? — pergunta e eu nego.

Agora, por um nanosegundo penso seriamente no que estou fazendo. Eu estou me abrindo com praticamente um estranho, e contando tudo, algo que só meu irmão sabia, eu deveria estar fazendo isso? Deveria estar aqui conversando com ele? E o pior, eu deveria estar sentindo o mínimo de confiança nele igual eu estou sentindo agora?

Mil perguntas rodam pela minha cabeça, mas trato de ignora-las, pelo menos por agora.

— Eu nunca tive coragem de fazer nada, essa é a verdade — sou sincera.

Ela suspira, passando as mãos no cabelo, parecendo frustado.

— Eu imagino que não devesse ser fácil, mas se você tivesse dito para alguma das meninas elas com certeza iriam de te ajudar.

— Minha insegurança sempre foi maior do que tudo, e sempre tive muito medo dele descobrir e acabar fazendo alguma coisa para elas, mas agora, pelo jeito todas sabem... — volto a olhar para o chão.