Capítulo 3 - Corrida matinal

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Se me perguntassem agora mesmo qual era a coisa que eu mais odiava no mundo, eu diria que era o atletismo. Claro, eu praticava exercícios no meu antigo colégio, mas não uma corrida de 5 quilômetros em volta de um castelo gigante!

A manhã está chuvosa, a minha quinta em Hexside e também a quinta em que me encontro fazendo essas corridas diárias na chuva.

— Ai, que nojo — murmuro, parando no caminho pois eu tinha pisado em cocô de cavalo.

Willow para atrás de mim, correndo sem sair do lugar, seus cabelos escuros presos num rabo de cavalo balançando por sobre os ombros.

— Algum problema, Luz? — ela pergunta, e eu aponto para o tênis sujo.

A de óculos torce o nariz, e então dá de ombros.

— Bom, são os ossos do ofício — ela diz e continua sua corrida, os cabelos ainda esvoaçantes.

Gus para ao meu lado, seu peito magro ofegante e a mão pressionada sobre a barriga.

— Estão tentando nos matar! — ele exclama — É isso que esse lugar realmente faz, eu tentei avisar as pessoas. É um Colégio Assassino!

Tremendo um pouco, concordo com Gus.

— Eles realmente não mostram esse lado das coisas nos anúncios.

Gus ri, ou pelo menos tenta. Não sei se ele tem fôlego suficiente.

Olho para a frente na direção dos nossos colegas de corrida e respiro fundo, jogando a franja molhada para longe dos olhos.

— Não nos pegará, Colégio Assassino!

— Duas vítimas a menos para a lista — Gus concorda, e lá vamos nós de novo.

Corro por mais 1 quilômetro até que eu não consiga mais respirar. Willow já está lá na frente, enquanto Gus se esforça para continuar andando.

Paro no caminho, colocando as mãos na lombar pois meu peito doía de tanto de correr. Pelo menos a vista era bonita, o cheiro de chuva e das pedras sobre meus pés eram calmantes e...

— Você não vai começar a chorar, né?

Me viro e vejo Amity vestindo o mesmo casaco e a mesma calça de moletom que eles deram a todos nós para o "exercício diário", mas ela fica muito melhor nessas roupas do que eu.

— Não — respondo, mesmo que eu estivesse me sentindo um tantinho emotiva.

— Cantar, então? — ela diz, levantando uma sobrancelha.

— Sem cantar, sem chorar, só ficar parada aqui cuidando da minha vida — respondo, me virando para observar a paisagem à minha frente.

Amity da um suspiro e ouço um barulho de madeira quebrar. Eu não sei porque não vou me virar para olhar, porque estou fingindo que ela não está aqui. Sou apenas eu, em Boiling Isles, em comunhão com...

— Sério, tem certeza de que não vai cantar?

Estreitando os lábios, me viro para olhar para a princesa, que se acomodou em um tronco caído no chão.

— Tenho — respondo irritada — Na verdade, estou tentando aproveitar o silêncio.

Faço questão de enfatizar a última palavra, na esperança de que ela entenda o recado, mas Amity apenas cruza os braços sobre o peito e volta a parecer entediada.

Talvez, se eu não disser nada, ela vai embora? Certamente ser ignorada é um dos piores pesadelos de Amity.

Finalmente, a esverdeada revira os olhos e começa a correr meio arrastada de volta à trilha.

Her Royal Higness (Lumity beta)Where stories live. Discover now