Capítulo XVI

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HAZEL

Sair com Frank era definitivamente uma das coisas que eu mais estava gostando de fazer ultimamente, eu gostava de como ele era ousado sem ser invasivo e como se interessava em conversar, em levar as coisas no tempo certo, por mais que nosso tempo esteja indo um pouco rápido, não era como se isso fosse ruim, somos dois jovens solteiros com disposição sexual, simples assim e, fora esse detalhe, eu também estava no meio de um encontro com ele, assistindo o filme de Mulan, Frank confessou que queria muito assistir e eu achei fofo seu interesse pela própria cultura, ele disse que sua avó o criou para conhecer bem a própria cultura e penso que, se um dia eu tiver filhos - um dia bem distante - eu gostaria de educá-los bem assim em relação a cultura negra.

Apoio minha bochecha em seu ombro e o filme já estava no final, sinto ele mexer em meu cabelo e eu praticamente me inclino em sua direção como um gato faria para pedir carinho, eu estava suprindo uma necessidade de afeto físico que eu nem sabia que existia em mim, por isso, quando sinto seu polegar em minha bochecha, fecho os olhos apenas para apreciar o momento. Mas acho que acabo cochilando pois sinto a mão de Frank me balançando um pouco.

- Você cochilou no meio de Mulan. - Ele observa arqueando um pouco as sobrancelhas e um sorriso sem graça aparece em meu rosto, que denunciava que ele tinha razão. - Não acredito que convidei para um encontro uma garota que dorme assistindo Mulan. - Ele diz suspirando e se levantando da cadeira, faço o mesmo.

- Sinto muito por ter estragado seu encontro ideal. - digo entrando no clima da brincadeira. - Nem tive sonho de tão rapidinho que foi o cochilo, era tudo tela branca.

- Poderia estar no Alasca, bastante gelo e branco. - Ele deduz de forma péssima e eu dou risada, saindo do cinema ao seu lado e sentindo a brisa de início de outono bater contra o meu rosto, me fazendo estremecer um pouco.

- Por quê Alasca? - pergunto andando com ele até o seu carro e ele demora de me responder.

- Primeiro lugar que veio na mente, tentei achar uma resposta mais descente e impressionante, mas não deu muito certo. - Quando nos aproximamos do carro, ele abre a porta para mim e entra no lado do motorista apenas após garantir que estava tudo bem ao meu lado, como eu disse, um fofo.

- Hm... Você tem planos para o resto da noite? - pergunto, de repente me sinto um pouco tímida e ele sorri um pouco ao perceber meu tom.

- Tenho, e todos envolvem você, a propósito.

Tento não sorrir feito uma adolescente boba ao ouvir aquilo mas acaba sendo difícil, ele conseguia falar desse modo e não ser nem um pouco idiota e eu achava aquilo incrível, conversamos sobre a grade desse semestre está de matar na faculdade e discutimos sobre um trabalho que havia sido passado para a próxima semana, me ofereci para ajudá-lo e ele brinca, dizendo que não iria conseguir se concentrar em fazer trabalho de faculdade comigo por perto. Dou risada, entendendo seu ponto e chegamos em frente ao prédio onde ele morava.

Por algum motivo, Frank Zhang é um raro aluno universitário que mora sozinho, me pergunto porque ele não foi morar com os outros meninos, já que me parecem tão próximos, mas quando a pergunta está terminando de se formar em minha mente, ele interrompe minha linha de raciocínio.

- Algum problema? - Percebo que havia viajado completamente e nego com a cabeça, percebendo que já estava praticamente entrando no apartamento dele e eu juro que jamais me acostumaria com o fato de que ele morava sozinho. O apartamento não era de luxo, mas definitivamente grande demais para uma pessoa morar sozinha.

- Estava me perguntando porque você mora sozinho.

- Ah... Todos da minha família estudaram na University of Michigan, então digamos que é uma espécie de herança para passar pelas gerações?

Wonder | PercabethWhere stories live. Discover now