Arya Kira Clover é uma princesa, destinada a governar todo o Reino Clover. Apesar de viver no conforto de um castelo e usufruir de toda riqueza e privilégios que poderia ter, sua vida nunca foi perfeita como todos pensam.
Depois da morte da mãe, el...
“É pelo bem dele, é pelo bem dele...”, Arya repetia para si mesma enquanto caminhava até a área de treinamento do Alvorecer Dourado. Suas pernas tremiam a cada passo, a dor no peito crescia, como se um pedaço de seu coração fosse arrancado.
Ao chegar à clareira escondida na floresta, ela parou atrás de uma árvore. O som das rajadas de vento ressoava no ar, Yuno estava lá, concentrado em destruir uma parede de pedra com sua magia.
Ela ficou ali, imóvel, observando-o em silêncio. Por um instante, pensou em como ele merecia mais do que ela podia oferecer naquele momento. Sentiu os olhos arderem, mas respirou fundo, reunindo coragem para fazer o que precisava.
A princesa saiu de trás da árvore, a respiração descompassada. Quando se aproximou de Yuno, ele interrompeu o treinamento e a olhou, surpreso.
— Está melhor do resfriado? Achei que ainda estivesse na cama - disse Yuno, andando em sua direção.
Ele já estava pensando em terminar o treino mais cedo e visitá-la em seu quarto. Mas o olhar dela... Havia algo diferente. Uma tristeza opressora preenchia o ar entre eles, e ele nunca a vira assim antes.
— Eu quero terminar com você — afirmou Arya, com a voz fria. Cada palavra era uma facada em seu próprio coração.
Yuno ficou estático, incapaz de processar o que havia acabado de ouvir. Era uma piada que ele não entendia?
— Você não está falando sério — murmurou ele, a descrença estampada em sua voz.
— Estou — disse Arya, encarando os olhos cor de âmbar dele com firmeza. — Serei bem direta com você. Não fale comigo, apenas me esqueça.
Yuno deu alguns passos na direção dela, a mão estendida para alcançar seu ombro, mas Arya recuou instintivamente, afastando-se de seu toque.
Antes que ele pudesse insistir, ela desapareceu em um brilho dourado, deixando apenas o silêncio atrás de si.
O garoto ficou ali, encarando o espaço vazio onde ela estivera. O eco das palavras dela martelava em sua mente, deixando-o paralisado. Bell, que assistiu tudo em silêncio, também parecia incapaz de reagir, chocada com o que havia acabado de acontecer.
Yuno se perguntou se havia feito algo errado. Ele fechou os punhos, não podia deixá-la partir assim, não sem respostas.
Determinado, ele foi atrás dela.
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A PRINCESA estava na cidade litorânea de Atlanta, refugiada na casa de praia de sua bisavó. Ali, escondida sob o céu amplo e o som constante do oceano, ela sabia que Yuno jamais a encontraria — embora tivesse certeza de que ele a estava procurando.
Com os olhos fixos no horizonte, Arya sentia a brisa úmida acariciar seu rosto, os cabelos dançando suavemente ao vento. O som das ondas batendo nas rochas e espumando na areia era seu único consolo.
Ela suspirou profundamente e fechou os olhos por alguns segundos. Não conseguia apagar a imagem do rosto de Yuno, relembrar a expressão dele fazia o nó em sua garganta se apertar, mas, após tantas lágrimas, parecia que já não havia mais nenhuma a cair.
Os pensamentos logo se voltaram para seu tio. Embora ele nunca tivesse sido um homem justo ou gentil, Arya não esperava que ele fosse tão longe, mas ela não se surpreendia.
Infelizmente, a princesa nunca fora bem-vista pela nobreza. Bastava ser uma filha bastarda para ser rejeitada. A morte de sua mãe, acusada de ser uma "amante de plebeus", e suas duas magias incomuns apenas agravavam sua situação.
Com frequência, ela se sentia deslocada entre eles. A ironia de tudo isso era que um dia seria rainha de Clover.
Por vezes, Arya se pegava imaginando como seria sua vida se não carregasse o título de princesa. Livre das correntes da realeza, que tipo de pessoa poderia ser?
O céu estava escuro quando finalmente decidiu deixar a praia. O tempo havia voado enquanto ficava ali, sentada na areia. A brisa noturna era fria, e ela sabia que não era sensato ficar ali por mais tempo, considerando que ainda se recuperava do resfriado. Enquanto caminhava de volta à casa de sua bisavó, algo no chão chamou sua atenção.
Um trevo de quatro folhas. Que ironia.
— Alteza? — uma voz cortou o silêncio, chamando sua atenção. Arya ergueu os olhos e viu uma das criadas da casa se aproximando com passos rápidos. — Seus aposentos estão prontos, e a Lady Arabella está acordada, talvez queira vê-la. Também chegou uma carta endereçada a você.
— Certo, obrigada — respondeu Arya, pegando o envelope que a criada lhe estendia.
Ela abriu a carta com cuidado, o papel amarelado emitindo um som leve ao ser desdobrado. Havia apenas duas palavras escritas:
Bom trabalho.
O coração de Arya apertou ao reconhecer as letras horrorosas do rei. Seu tio continuava a mover as peças do tabuleiro, acreditando que a princesa se submeteria à sua vontade.
Antes de entrar na casa, ela virou o rosto, lançando um último olhar à paisagem. O mar escuro reluzia sob a luz prateada da lua, enquanto o vento frio acariciava seu rosto.
Arya havia tomado sua decisão. Passaria os próximos meses treinando incansavelmente contra a ameaça da Tríade Negra e, no tempo certo, derrubaria o império de seu tio... Peça por peça.
Mesmo encurralada e vulnerável, ela não desistiria.