Capítulo I

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ANNABETH

 Sabe o sentimento que você fazia de tudo por algo, mas fazia tudo sozinha? Era assim que eu me sentia em relação ao meu namoro ultimamente, e cara, eu amo muito o Luke, mais do que consigo descrever. Mas eu tenho estado tão cansada, tão exausta. Meus problemas nunca são prioridade, os dele sim, eu sempre preciso escutá-lo se não, sou uma péssima namorada, afinal, por que eu me sentiria sobrecarregada por cuidar de alguém que eu amo? Meu coração vem se agarrando a cordas finas faz algum tempo, essas cordas que mantém com o Luke são as mesmas que eu sinto que podem me sufocar a qualquer momento, eu sinto como se minha mente e corpo estivessem constantemente escurecendo e me deixando no escuro e quando Luke está por perto, minha noite que costumava ser estrelada, vira uma tempestade. Por quê ele me deixou sozinha faltando apenas dois meses para a competição?

 Por isso, nesse exato momento, tudo que eu mais queria era poder ir patinar em um local onde eu pudesse fingir que não tem nada de errado, mas eu não sabia onde. Se eu fosse para o local de treino do campus, ele iria me procurar lá, o mesmo vale para a pista de patinação no centro da cidade, ele com certeza iria querer conversar comigo mais tarde e eu simplesmente não tenho energia para dispensá-lo se estiver sozinha, eu poderia ir para casa e deixar Hazel fazer isso por mim, mas eu queria tanto patinar um pouco. Na pista era onde eu me sentia bem ultimamente, quando estava patinando sozinha, é claro.

 Quando foi que eu comecei a correr do meu namorado? 

 Balaço a cabeça desacreditada com minha própria mente e me levanto do banco onde estava sentada, no mesmo momento, ouço vozes vindo de trás de mim, olho para o local e percebo que era apenas a galera do hóquei, provavelmente estavam treinando. Reparo em um garoto loiro, Jason Grace, se não me falha a memória, ele estava conversando com uma morena particularmente bonita e os dois pareciam rir de uma piada qualquer que havia acabado de compartilhar entre si. Suspiro pesado e de repente tenho uma ideia.

 O ringue de hóquei, claro. Eles devem deixar aberto por mais um tempo para manutenção, posso usar essa brecha para entrar e patinar um pouco, o Luke jamais iria me procurar ali, ele não suporta jogadores de hóquei por causa de alguma rivalidade idiota entre os esportes e não entra naquela arena nem morto, é o local mais que perfeito. Meu peito se enche de euforia com a ideia e eu apenas aguardo os jogadores se afastarem mais um pouco, deixo se passarem cerca de 10 minutos para ter certeza que eles haviam ido embora e ando calmamente em direção a arena, abro a porta devagar, tentando me lembrar de todo conhecimento que adquiri em filmes policiais e sorrio ao perceber que as luzes estavam acesas. Graças aos deuses.

 Percebo que o local era bem maior do que eu havia imaginado, deviam caber umas sete mil pessoas ali dentro tranquilamente. Deixo minha admiração pelo espaço para depois e ando em direção a entrada do ringue, me sento no chão, um pouco antes do gelo e retiro os meus patins de dentro da mochila, os calçando rapidamente e entro no ringue. Apenas o contato dos patins com o gelo faz meu coração derreter.

 Pego meu celular em meu bolso e coloco uma música, deixando o celular em cima da mochila e o coloco no volume máximo, deixo o início de Look Up At The Stars, do Shawn Mendes, tocando enquanto eu patinava em direção ao centro do ringue.

Mas olhe para as estrelas. Elas são como peças de arte.

 Paro no centro do ringue e começo a me movimentar de acordo com a velocidade da música, que no momento estava lenta, dou um giro simples ao redor de mim mesma e faço uma pequena reverência, como se tivesse um público. Me lembrando da sensação de me apresentar para um júri, tudo ou nada.

Flutuando acima do solo. Você sabe que poderíamos voar tão longe, o universo é nosso. Eu não vou te decepcionar.

 Eu sentia cada verso da música em mim, acelero um pouco na patinação e quando a música toma um ritmo acelerado, eu salto e giro no ar, pousando em posição perfeita na pista de patinação, eu realmente me sentia como uma pessoa livre agora.

Wonder | PercabethOnde as histórias ganham vida. Descobre agora