Doze

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A segunda começou com P, de prova de filosofia.

Sempre amei essa matéria, mas não havia me preparado em nada. Sabia que conseguiria fazer uma dissertação sobre como a equipe rocket sempre eram acertados por um choque do trovão, voavam para muito longe e nunca morriam. Mas seria impossível conseguir discorrer sobre A Republica, um livro de Platão.

Ao fixar a prova em mãos, escrevi duas linhas, e em seguida minha mente travou. Talvez aprender matemática fosse melhor para mim. Talvez não. Mas eu preferiria. Sempre fui péssima com as palavras, mas no fim, conseguia fazer algumas coisas legais com muito esforço.

Olhava para os lados, e tentava entender como os outros conseguiam fazer aquilo com a maior facilidade do mundo. Até mesmo o Lucca aparentemente estava se saindo superbem na redação. O Aslan, ah, ele devia está se saindo bem também.

O tempo passava devagar naquela manhã. Eu estava torcendo para terminar logo. Mas se terminasse logo, eu iria tirar uma nota muito ruim, pois não havia conseguido passar da segunda linha.

Quando sai da sala, estava zonza. Fui uma das últimas a sair. Isabella estava me esperando na porta da sala. Pela sua expressão, estava confiante com seu resultado na prova. Fomos nos duas para a piscina do colégio. As segundas o espaço não era utilizado, então, qualquer pessoa poderia ser morta ali, e não haveria testemunhas, pois o lugar era um ginásio fantasma as segundas.

Ela me aparentava estar preocupada. E eu queria poder ajudar ela, mesmo ela ainda não tendo falado nada.

— Eu terminei com o Gabriel.

Gabriel era o namorado dela. Quer dizer, ex namorado dela a partir daquele momento.

— Nossa, eu...

— Eu sei que você sabe da história do teste de gravides encontrado no colégio. –Ela fez uma pausa. — E, eu sei que você sabe que ele era meu.

Eu não sabia o que responder a ela.

Por acaso ela queria uma confissão? Pois todos os alunos do colégio sabiam da história do teste de gravides, e ainda mais, definitivamente sabiam que era dela. Um dos pontos negativos de ser popular, você sempre será notado em tudo que fizer, mesmo não tendo feito nada.

— Eu contei ao Gabriel, e ele não quis acreditar e fez um drama imenso, – Ela deu de ombros. — e ele me levou numa clínica para abortar.

Eu via a sinceridade no olhar da Isabella. Eu via que não era aquilo que ela queria. De maneira alguma.

— Eu sinto muito. – Falei. — Mas se vocês decidiram isso eu...

— Eu fugi na clínica. Eu não consegui fazer aquilo. Eu sei que vai ser muito difícil contar para os meus pais, mas, eu prefiro enfrentar meus pais. Mas quando eu estava dentro da clínica, senti uma pequena vontade de prosseguir. Cada uma daquelas mulheres sabiam o que estavam fazendo ali, mas eu não sabia o que estava fazendo ali.

— Então, quer dizer que você ainda está gravida. –Tentei não parecer estranha ao dizer aquilo.

— Queria que você fosse uma das primeiras a saber disso. – Ela respirou fundo. — Todo mundo nesse colégio é superficial. Minhas amigas são superficiais. Meus pais são superficiais. Mas Helena, você não é. - Ela olhou para mim.

— Por que contou isso para mim?

— Por que você é minha amiga agora, e a gente confia nos amigos, mesmo que tenha pouco tempo.

Somos amigas. É isto.

Digamos que eu já levava isso no meu coração, mas ouvir ela falando isso era ainda mais legal. Era uma maneira de oficializar nosso status de amizade. De quase amigas, para AMIGAS.

Prazer, AslanWhere stories live. Discover now