Seis

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Eu e o Lucca perdemos um pouco a noção do tempo, e voltamos para a mesma praça, onde nos sentamos no mesmo banco cinzento e ficamos olhando as pessoas passando.

Cada um diferente da outra, e, isso que é o interessante da vida, porque as pessoas não são iguais. São altas, cheias, coloridas, não normativas. Como se a vida fosse um corpo humano, e cada pessoa fosse uma parte do corpo. Algumas são neurônios, outras são vasos sanguíneos, outras são cartilagens, mas todo mundo faz parte de um contesto, todos estão unidos por um ideal, fazer o corpo funcionar. Mas claro, sempre há aqueles que são indiferentes e que acham que são mais importantes, porém, um simples dedo do pé pode causar muita diferença.

O corpo sempre se corrompe quando um grupo de vasos sanguíneos não desempenham seu papel central. Então, por qual motivo alguém por aqui, pela terra é mais importante que o outro. No fim fazemos do mesmo conjunto e quando é chegado nosso fim, voltamos para o mesmo lugar.

Quando cheguei a casa, já era quase seis horas da noite. Abri a porta bem devagar e então me deparei com uma cena inusitada na minha sala de estar. Aslan e seus pais, junto com meus pais.

A família Grasso, na minha sala.

Sim, era a família Grasso, mas conhecida como os novos vizinhos que moravam na frente da minha casa, sendo que não deveria estar na minha sala naquele momento, pois, primeiro meus pais não tinham como conhecer eles. E segundo, minha mãe não gostava tanto assim de receber visitas. E terceiro ninguém me avisou que teríamos visitas.

Todos eles olharam para mim, eu fiquei muito sem graça, odeio ser o centro das atenções. Mas pelo que me pareceu naquele momento, eu era a atenção toda.

— Chegou tarde, querida. – Disse papai.

— Eu perdi o horário, estava com o Lucca.

— Então vai tomar um banho para podermos jantar. Os Grassos serão nossos acompanhantes hoje.

Eu olhei para minha mãe com uma expressão que dizia: "O que tá acontecendo?".

Ela sempre entendia minhas expressões. Então ela se levantou, pediu licença a todos e me acompanhou até meu quarto.

— Mãe...

— Tudo ideia do seu pai, agora se arruma, coloca um vestido, de preferência verde, estamos esperando você. –Disse ela me entregando a toalha. — Seja rápida.

Vestido verde? Ela sabe que eu detesto verde. Não é odiar, apenas não curto a tonalidade. Verde me dá náuseas. Porém, vesti o vestido verde. Amarrei meu cabelo com rabo de cavalo e fui ao encontro deles. Em quinze minutos eu já estava pronta.

— Então, vamos jantar? –Disse meu pai a me ver.

Sentamos todos á mesa. Papai ao lado da mamãe, e eu do lado dela. O Aslan sentou no meio dos pais.

Tortellini de Bolhonha, gostam?

— Quando eu estava na Ítala, quando mamma fazia aos domingos. – Começou a falar Giovanni, o pai do Aslan.

Giovanni Grasso falava engraçado, ele misturava italiano com português, e surgia um novo dialeto. Isso me deixava entusiasmada. E só reforçava minha ideia de que o Brasil é um dos países mais mestiços do mundo. A diversidade me encantava de todas as formas. Sempre amei a ideia de que alguém pode ser diferente de mim.

Quando terminamos de almoçar, eu fui lavar os pratos, como sempre. , porém tive um convidado ilustre para me ver no meu trabalho semanal.

Aslan ficou sentado na banqueta vermelha ao lado de uma janela com os cotovelos finos apoiados na bancada. O vento batia no seu cabelo rosa pastel, ele parecia dar mais atenção ao vendo balançando as flores do jardim do lado de fora do que uma possível conversa que poderia já está desempenhando. Ele mexia no celular às vezes, e eu sabia aquilo era uma forma de demonstrar nervosismo, eu geralmente fazia aquilo quando queria desviar minha atenção de algo ou alguém.

Prazer, AslanDonde viven las historias. Descúbrelo ahora