Cap. 29 - Na Condicional

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Pov Lauren Jauregui

Dizem que há cinco estágios do luto. Nem lembro quais são eles, mas parece que estive presa na raiva e na depressão por muito tempo. As pessoas tentaram me explicar, me ajudar durante o processo, mas eu não aceitei as mãos que me foram oferecidas. A culpa e a vergonha me isolavam de um lado, me fazendo sentir desconectada do resto do mundo todo.

Tenho medo de acordar um dia e não pensar em Emily. Culpei Camila por consumir meus pensamentos... por tirar o espaço que julgava pertencer a Emily. Mas talvez haja espaço para as duas.

É a primeira vez que venho visitar Emily sem estar com raiva. Não vim lhe dizer adeus ou contar a ela que estou seguindo em frente... porque tenho certeza de que nunca serei totalmente livre. Mas, em vez disso, estou aqui para lhe dizer que finalmente encontrei um lugar para ela. Um lugar que amarei para sempre e que me manterei comigo, em vez de brigar com onde ela sempre pertenceu.

Colocando o buquê de lilases que trouxe no túmulo dela, tiro alguns minutos para repassar os bons momentos que compartilhamos. As boas lembranças, não as ruins.

                       **************

Enxugando as mãos suadas na calça jeans, respiro fundo e caminho até a porta de Camila. Não faço ideia do que esperar. Durante duas semanas, fui uma absoluta idiota, fingindo que ela não existia. E então, na noite passada, saio com ela em meus braços como uma mulher das cavernas. Que inferno, eu estaria puta comigo!

Quando a vi na festa, o quanto ela estava vulnerável por causa de tanta bebida, o tanto de mágoa em seus olhos quando ela me viu... eu sabia que precisava consertar o que havia quebrado. Tomei a decisão de me afastar de alguém de quem gostava antes e é algo que vou me arrepender todos os dias pelo resto da vida.

Meus sentimentos não são importantes. Posso viver com a tristeza que tem envolvido meu coração e o apertado tanto que mal posso respirar. Droga, eu quis a dor desde que perdi Emily. Mas não posso mais magoar Camila. E, definitivamente, não posso deixar que ela se machuque. Sou louca por essa garota. Talvez, só talvez, o destino tenha nos juntado por uma razão. Para curarmos uma à outra, não para destruirmos nossos corações partidos. Só espero poder convencê-la a confiar em mim de novo.

Toco a campainha e espero. Ela atende a porta, mas não me convida imediatamente para entrar. Revelando o grande buquê de flores que estava escondido atrás de mim, ofereço-as com um bilhete dobrado, enquanto faço meu olhar de cachorro-que-caiu-da-mudança, pedindo perdão.

Ela tenta esconder, mas há um sorriso provocando seus lábios. Ela vira os olhos, balança a cabeça e então dá um passo para o lado, me deixando entrar.

— Como está se sentindo? — pergunto.

— Está se referindo à ressaca ou ao coração partido? — ela me pergunta, fazendo piada, mas vejo em seu rosto que não está totalmente brincando.

Ocupando-se em colocar as flores na água, ela evita contato visual. Tiro o vaso que ela está enchendo de água de suas mãos e enfio as flores lá dentro, sem cerimônia, só para chamar sua atenção.

Suas costas estão para o balcão da cozinha e ela não se mexe quando dou um passo, invadindo seu espaço pessoal. Pego seu rosto com as duas mãos e espero até ela levantar os olhos.

— Estava me referindo à ressaca, mas também gostaria de ouvir sobre o coração partido — digo baixinho.

— Bom, o Tylenol e a água tiraram o pior efeito da ressaca. Meu estômago ainda está embrulhado, mas acho que vou sobreviver.

Meu dedo acaricia seu rosto.

— E o seu coração? — Eu me inclino.

O meu próprio coração está batendo como um trovão no meu peito; tenho certeza de que ela também consegue senti-lo.

CAMREN: Peças do Destino (G!P)Where stories live. Discover now