Cap. 7 - Tia Claire

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Pov Camila Cabello
Brookside, Texas

Quando olho pela janela da cozinha pela vigésima vez na última hora, Dinah tenta me fazer relaxar.

— Nunca pensei que um dia fosse ver você ansiosa para ver a Evans Cruela — ela brinca.

— E se ela não a encontrou?

— Ela encontrou. Não se preocupe.

Quatro longos dias esperando, sem ouvir uma só palavra da Sra. Evans, me deixaram convencida de que, para ela, eu não passava de um arquivo. Não uma pessoa cujo futuro dependia da capacidade dela de passar mais de uma hora em um dos casos das mais de quarenta crianças em sua pilha de arquivos.

Até hoje, quando ela ligou e disse que precisava falar comigo.

— Você não sabe — retruquei.

— Sim, eu sei.

— Não, não sabe. — Minhas palavras saem um pouco ásperas. É um tom que jamais usei com Dinah e as sobrancelhas dela arqueiam em surpresa.

— Posso não ter ouvido as palavras, mas sei no meu coração. Sei que as coisas têm que dar certo para você, Walz.

— Por que tem tanta certeza? — eu murmuro.

O som de pneus estacionando no caminho de cascalho do trailer salva Dinah de ter que dar uma resposta. Ela sai de fininho com um sorriso fraco. Abro a porta antes mesmo da Sra. Evans sair do carro.

— Parece cansada hoje, Mila. — Ela dá uma olhada na parca mobília ao redor e respira fundo. — Por que não nos sentamos?

Meu coração bate desenfreado dentro do peito. Os médicos sempre me pediam para sentar quando tinham que dar notícias ruins. Fico me perguntando se os adultos acham que posso desmaiar se me disserem algo que não quero ouvir. Algo irracional me diz que, se eu ficar em pé, ela não será capaz de me dar a má notícia.

— Prefiro ficar em pé — digo, tentando ao máximo não parecer difícil.

Não estou a fim de perder tempo debatendo os benefícios de sentar versus ficar em pé. A Sra. Evans respira fundo e olha para mim por um minuto antes de assentir e se sentar. Ela pega uma pasta de couro grande, com o zíper quase estourando por segurar os vários arquivos de papel manilha enfiados lá dentro. Remexendo em pelo menos uma dúzia de pastas desgastadas com anotações espalhadas do lado de fora, ela pára em uma e a retira da pilha. É mais grossa do que todas as outras.

— Encontrei sua tia, Mila.

Animada. Assustada. Nervosa. Ansiosa. Pensando bem, resolvo me sentar.

— Ela quer se encontrar com você.

— Sério? — Meu coração dispara com animação. — Onde ela está?

— Está aqui, no Texas.

— Ela mora no Texas? — Com o aumento da esperança, não tem como esconder como me sinto.

A Sra. Evans lê meu rosto e vejo a expressão dela hesitar.

— Não. Infelizmente, ela mora na Califórnia.

— Então por que ela está no Texas? Ela veio me ver?

— Ela veio para o enterro da sua mãe.

Meus olhos se arregalam. Eu vi minha tia e nem sabia.

— Mesmo?

— Sim. Ela acha que te viu no estacionamento quando parou o carro, mas você parecia chateada e ela não quis piorar as coisas se aproximando.

CAMREN: Peças do Destino (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora