Cap. 17 - Eu Me Odeio

3.4K 363 14
                                    

Pov Lauren Jauregui

Sentada em meu quarto, o bilhete de post-it que encontrei grudado no painel do carro na manhã da fogueira apertado em minha mão, minha mente viaja para Camila na aula de hoje

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.


Sentada em meu quarto, o bilhete de post-it que encontrei grudado no painel do carro na manhã da fogueira apertado em minha mão, minha mente viaja para Camila na aula de hoje. O jeito que ela me olhou, aqueles olhos cor de chocolate e sua pele clara, pele que a trai quando ela enrubesce ao ser pega no flagra. Há algo que me atrai para ela, algo que me faz sorrir quando tudo ao meu redor apenas me deixa furiosa.

Perdida em meus pensamentos por alguns segundos, fecho a cara ao olhar para baixo e ver a letra de Emily. A culpa me dá náusea. Deveria estar pensando em Emily. Leio o bilhete pela milésima vez:

"Amanhã a essa hora seremos pessoas diferentes. Esta noite será inesquecível. Mal posso esperar. Beijo e abraço. Em."

Fecho meus olhos e obrigo minha mente a pensar em Emily. Os olhos chocolate de Camila me dão as boas-vindas.
De novo.

"Amanhã a essa hora seremos pessoas diferentes. Esta noite será inesquecível. Mal posso esperar. Beijo e abraço. Em."

Fecho os olhos e tento lembrar de Emily neste último dia: a última vez que ela sorriu, a última vez que ela esteve feliz. Ao invés disso, a curva dos lábios de Camila preenche o meu subconsciente.
Eu me odeio. Mais uma vez.

"Amanhã a essa hora seremos pessoas diferentes. Esta noite será inesquecível. Mal posso esperar. Beijo e abraço. Em."

Fecho os olhos com mais força. De novo.

"Amanhã a essa hora seremos pessoas diferentes. Esta noite será inesquecível. Mal posso esperar. Beijo e abraço. Em."

Vinte vezes mais não são mais bem sucedidas do que a primeira tentativa. Meus olhos estão totalmente abertos, deixando o rosto de Camila para trás. Rasgo o bilhete em centenas de pedacinhos.

A porta do meu quarto se abre com um rangido alto. Minha mãe bate suavemente, embora já tenha aberto a porta.

— Lauren.

Não respondo.

— Querida. — O tom dela é suave, pensativo.

Sinto-me mal por fazê-la pisar em ovos, mas não sei como voltar ao lugar onde estava antes. Não tenho certeza se um dia serei capaz disso. Muita coisa mudou. Eu mudei.

Ela senta ao meu lado na cama. Eu amasso os pedacinhos de post-it dentro da mão. Mamãe coloca sua mão sobre a minha, a que está segurando o bilhete de Emily.

— Achei que fosse trabalhar no seu projeto de Inglês esta noite.

— Mudei de ideia — respondo sucintamente. Não estou muito a fim de discutir minha vida social, ou a falta dela.

— Por quê?

Por que será? O que ela acha? Não respondo, não porque não tenho nada a dizer, mas porque ela não vai gostar do que vai ouvir.

— Lauren? — A voz dela muda para um tom maternal. Aquele que é mais um aviso do que uma pergunta.

Olho sem expressão, mas ela não desiste.

— Vá. Você precisa sair. Precisa estar perto de alguns amigos. Trabalhe no seu projeto. Você sempre se sente bem perto do Keller. Vá.

Irritada com a persistência dela, fico em pé. Enrolando o post-it rasgado em minha mão, jogo-o na lata de lixo no canto do quarto. Erro, mas não me dou ao trabalho de pegar os pedacinhos amarelos espalhados pelo chão quando saio do quarto. Bato a porta atrás de mim.

                          ***************

Sem nenhum lugar específico na cabeça, dirijo sem destino por mais de uma hora. São quase nove horas quando chego ao The Grind, o café onde era para eu encontrar o grupo. O Volkswagen vermelho de Keana está estacionado em frente, o capô aberto enquanto ela e Keller inspecionam o motor. Eu paro porque, embora escolha mergulhar em minha própria autopiedade, não sou tão babaca a ponto de passar por um amigo que pareça estar precisando de ajuda.

— Lauren, você está mais ou menos três horas atrasada — Keana diz quando me vê chegando.

Diferentemente da maioria das pessoas ao meu redor, ela me dá bronca, em vez de pisar em ovos como se eu fosse frágil e pudesse quebrar.

Eu sorrio e balanço a cabeça.

— Valeu. Achei que estivesse em cima da hora — respondo igualmente sarcástica. — O que está acontecendo?

— Não pega.

— O que acontece quando você vira a chave?

— Quase nada, faz um clique. — Keller dá de ombros.

— Vire a chave... deixe-me ouvir. — Keana caminha até o lado do motorista, entra e tenta dar partida.

— É o motor de arranque. — Há anos trabalhando em carros antigos com meu pai, conheço alguns dos problemas mais comuns.

— Foi isso que meu pai disse.

Assinto.

— Ele vem te buscar?

— Vem. Mas está vindo direto do trabalho e tem esse carro de dois assentos, estilo "divorciado- à-caça", então não posso dar carona para Camila e Keller.

— Camila? — Olho ao redor.

— Ela acabou de ir lá dentro usar o banheiro. Está vindo aí. — Keana aponta assim que Camila passa pela porta da frente e nossos olhos se encontram.

— Posso dar carona para eles.

— Seria ótimo.

O pai de Keana pára seu Porsche de dois assentos no momento em que Camila está caminhando de volta. Ela sorri e eu sorrio de volta.

— Você já ligou para a sua tia? — Keller pergunta. Ela faz um sinal de não com a cabeça.

— Que bom. A Lauren vai nos dar carona.

*

CAMREN: Peças do Destino (G!P)Where stories live. Discover now