Cap. 1 - Emoções Reprimidas

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Hey, people!
Vamos a mais uma adaptação?
Let's Go!!!

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Pov Camila Cabello
Brookside, Texas

Estou sozinha no estacionamento. A chuva cai forte o bastante para ferir minha pele sensível, mas não sinto dor. O vestido de verão azul-marinho que estou usando, o único que tenho, está totalmente ensopado, grudado no meu corpo.

Apertando os olhos, rezo para um Deus, no qual não tenho mais certeza se acredito, implorando-lhe que faça desaparecer a imagem que acabou de ser gravada na minha mente, vinda das profundezas da minha memória. Não adianta. Fechar os olhos só faz com que a imagem dela, deitada ali, fique ainda mais vívida. Forço-os a se abrirem e irem atrás do que vejo à distância, mas não adianta. Meu corpo começa a tremer, os soluços rasgando através de mim mesma antes das lágrimas começarem a cair. É a primeira vez que choro desde que tudo aconteceu.

O tempo passa, mas não tenho ideia do quanto fiquei lá parada, deixando dias de emoções reprimidas me lavarem. Eventualmente, a forte chuva começa a diminuir e minhas lágrimas seguem o exemplo. Faróis à distância chamam minha atenção, reduzindo a velocidade antes de entrar no estacionamento mal iluminado. Abaixada atrás de uma árvore próxima, não faço ideia de por que estou me escondendo. Só sei que não quero ver seja lá quem for. Estico o pescoço por trás do grande olmo e, rapidamente, passo os olhos por um estranho.

Estacionada, uma mulher ajeita o cabelo no espelho retrovisor, e em seguida sai do carro. Durante um longo momento, ela fica em pé, parada, olhando para as palavras na parte de cima das grandes portas duplas. Minutos depois, um segundo carro estaciona. Esse eu conheço muito bem. Saindo do carro, a Sra. Evans não perde tempo com ponderações. Ela caminha com passos firmes até a porta, abre-a e desaparece lá dentro sem piscar os olhos.

Já conheci várias assistentes sociais ao longo dos anos, mas essa... ela é a pior de todas. Eu odeio essa mulher. Observá-la entrar tão casualmente no funeral da minha mãe me faz lembrar de todos os meses que ela nos manteve separadas. Tempo que poderíamos ter passado juntas. Tempo que não volta mais. Passadas a tristeza e as lágrimas, a raiva toma conta de mim. Meu corpo fraco fica rígido, meus punhos cerram com força. Odeio essa mulher. Muito. Sentindo-me como uma chaleira com água fervendo, a tampa a ponto de ir pelos ares pelo vapor que precisa escapar, procuro no chão por alguma coisa que possa atirar. Qualquer coisa.

Ao encontrar uma pedra enlameada, atiro-a em direção ao carro que me levou embora tantas vezes. A pedra faz um barulho ao bater no carro, mas o som não me satisfaz. Então, pego outra, e dessa vez faço força antes de arremessá-la com as mãos trêmulas. Um estilhaço alto ressoa pelo estacionamento vazio. Centenas de pedaços de vidro caem no chão enquanto o alarme dispara. Por mais estranho que pareça, o barulho me traz paz.

Dou a volta, me sentindo mais satisfeita do que nunca, a água ainda escorrendo por todo o meu corpo, e caminho lentamente em direção à minha casa.

CAMREN: Peças do Destino (G!P)Where stories live. Discover now