Cap. 41 - Eu Poderia Me Acostumar

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Pov Lauren

Eu poderia me acostumar com isso.

Tinha acabado de sair do chuveiro e ido para a cozinha. Camila estava no fogão usando uma das minhas camisas, que chegava na metade das suas coxas, fazendo algo que cheirava quase tão bem quanto ela. Havia música tocando, e parei na porta e a observei balançar de um lado para outro, cantando uma música que não reconheci.

Como se me sentisse, depois de um minuto, ela se virou e sorriu.

— O café da manhã está quase pronto.

Assenti, mas fiquei parada por mais um minuto, gostando de observá-la.

Cinco dias atrás, depois que Alexa pisoteou e me encheu falando sobre querer levar Beck em uma viagem de carro, achei que minha semana fosse ser uma merda ― como era normalmente depois de uma das nossas discussões. Mas Camila tinha um jeito de me acalmar, me fazendo focar no lado positivo. Talvez pode ter ajudado o fato de ela estar na minha cama toda noite para ajudar a aliviar qualquer estresse, e que, naquela manhã, eu havia acordado com a cabeça dela debaixo das cobertas e sua língua me lambendo como se eu fosse um pirulito.

Ela sorriu e deu uma piscadinha, ruborizando.

— Vá se sentar. É minha vez de te alimentar.

É. Havia uma grande possibilidade de eu me acostumar com isso.

***************

— A que horas é seu primeiro compromisso? — perguntei. Tínhamos terminado de tomar café da manhã, então eu a tinha fodido no balcão da cozinha para depois lavar a louça enquanto ela se aprontava. Agora ela estava passando rímel nos cílios conforme se inclinava para o espelho.

— Às dez. Mas preciso ir ao meu apartamento primeiro. E o seu?

— Não tenho compromissos até a tarde, mas preciso escrever uma moção e levar para a corte de família depois. O que você precisa do seu apartamento?

— Roupas. A não ser que ache que posso sair com um cinto e saltos com isso? — Ela apontou para minha camisa, que estava aberta, e ela sem nada por baixo.

Adorando o fácil acesso, segurei um peito antes de me abaixar e beijar seu mamilo endurecido.

— Por que não deixa algumas roupas para as noites que passa aqui? Assim não precisa correr para casa com as roupas do dia anterior.

Embora a declaração tivesse saído sem pensar muito, não me assustei depois de ter falado.

Estranho.

Camila olhou para mim.

— Está me oferecendo uma gaveta?

Dei de ombros.

— Pegue metade do closet, se quiser. Não gosto da ideia de você andar pela cidade com sua saia e sem calcinha de manhã... apesar de que não consigo entender por que você não pode simplesmente virá-la do avesso e usar de novo.

Ela enrugou o nariz.

— Isso é coisa de homem, Lauren!

Depois dela se maquiar com o que tinha na bolsa, vestiu-se e voltou para seu apartamento.

Liguei para Alexa e deixei um recado que passaria lá para pegar Beck para o fim de semana umas 17h.

Grata por sua caixa-postal ter atendido em vez dela mesma, desci para trabalhar um pouco, ainda com meu bom humor ― só para ser recebida por um oficial de justiça aguardando na minha porta. Eu era uma advogada de divórcio; não era incomum encontrar um deles na primeira hora da manhã. O que era
incomum era o oficial ser da corte de Atlanta.

******************

Tinha acabado de ler o mesmo parágrafo do processo pela quinta vez.

Ocorreram mudanças desde o último julgamento de custódia que necessitam de modificação na ordem de visita do filho. As mudanças eram desconhecidas na época do decreto final e justificam uma revisão do acordo de custódia.

Era a parte seguinte que tinha me feito sentar na cadeira, em vez de seguir para o apartamento de Alexa, porque eu temia o que seria capaz de fazer depois de ler o resto.

Em anexo, a paternidade foi estabelecida para Levi Archer Bodine e não à ré para o qual foi garantida visita no decreto final de custódia.

A peticionária exige uma modificação de guarda compartilhada igualitária para permitir à ré uma visita a cada dois fins de semana por um período de oito horas. O aumento da visita do peticionário permite tempo para a
apresentação do pai biológico ao sujeito menor.

Além disso, a guarda compartilhada da ré deveria ser reduzida baseado em incidentes recentes de negligência à criança.

Especificamente, a ré se envolveu
em conduta que colocou o sujeito menor em risco ao expor a criança a criminosos conhecidos. Como resultado direto dessa conduta, o sujeito menor foi ferido.
Portanto, a peticionária tem motivo para se preocupar com a segurança do menor e exige uma modificação imediata no decreto de custódia.

O documento anexo para apoiar a petição incluía uma cópia da prisão mais recente do suposto criminoso e um relatório do pronto-socorro.

A criminosa era Camila e, claro, era apenas uma cópia parcial das acusações de atentado ao pudor. Não havia menção de que ela era uma adolescente ou de que a acusação foi retirada no mês anterior.

Além desse monte de merda, havia uma cópia do relatório do pronto-socorro com o diagnóstico de uma queimadura acidental,
junto com uma declaração de uma enfermeira que verificou que Beck foi levado com sua mãe e a mulher que estivera com ele na hora do ferimento: Camila Cabello.

***************

Após a terceira vez que caiu na caixa-postal, não consegui mais aguentar e fui falar com Alexa pessoalmente. Não era a ideia mais inteligente, considerando o humor que eu estava, mas precisava conversar com ela. Eu tinha apenas uma coisa para jogar nessa mulher, mas tinha muito disso: dinheiro. Eu não estava longe de pagá-la para parar com essa merda. De novo. Esse joguinho era
retaliação por ter lhe dito que não poderia levar Beck a uma viagem de duas semanas seguindo o circuito NASCAR. Ela precisava me mostrar quem estava no controle.

Eu conhecia minha ex-esposa; ela era astuta e fazia de tudo para se certificar de que estivesse por cima. Nossa briga, e talvez o fato de ter visto Camila, a deixara com a sensação de que eu precisava ser colocada em meu lugar.

A primeira vez que bati na porta do seu apartamento não foi respondida e serviu apenas para me irritar e me fazer bater mais forte. Depois de dois impacientes minutos, peguei minha chave. Quando expulsara Alexa e alugara seu apartamento, tinha guardado uma chave para mim. Nunca houve uma
ocasião para usá-la, mas eu estava cansada dela me ignorar.

A fechadura estava emperrada, mas, depois de um minuto remexendo a chave, senti um alívio ao ouvir o barulho alto de destravamento. Sem querer levar uma pancada na cabeça com uma frigideira, abri um pouco a porta e gritei.

— Alexa?

Não tive resposta.

Uma segunda vez.

— Alexa?

O corredor estava quieto, e não havia som vindo de dentro do apartamento.

Decidindo que era seguro, abri a porta. E meu coração parou quando vi o que tinha dentro.

*
*

CAMREN: Capitã Prolactinadora (G!P) Where stories live. Discover now