Cap. 31 - Levi Archer Bodine

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Pov Lauren

Véspera de Ano-Novo. DOIS anos atrás.

Juízes detestam ouvir casos em véspera de Ano-Novo, mas eu sabia o que minha ex-esposa estava planejando. Ela pensou em me arrastar ao tribunal em nosso aniversário com alguma moção ampla de emergência que iria me chatear. Será que ela era assim tão sem noção? Pensava que eu estava sentada em casa
esperando-a por três meses depois do nosso divórcio ser finalizado?

Eu tinha conseguido o que queria dela com o divórcio: minha liberdade e a guarda
compartilhada liberal do nosso filho. Ele não ser meu filho biológico não mudava a forma como eu me sentia em relação a ele. Beck era meu filho. Nenhum teste de paternidade iria me convencer do contrário.

A coisa mais esperta que Alexa já fizera foi não brigar comigo pela guarda compartilhada. Após eu oferecer pagar uma quantia robusta por mês de pensão ― embora tecnicamente não precisasse pagar nada ―, ela, de repente, ficou a favor da guarda compartilhada. Tudo no que minha ex-esposa tinha interesse era
dinheiro. Até enquanto eu era casada com ela, acho que, no fundo, eu sabia a verdade.

Eu havia ligado para saber que porra ela estava tramando uma meia dúzia de vezes, mas claro que ela não atendeu. Seu lado manipulador havia dado as caras desde que eu fizera suas malas e a mudara para um apartamento alugado a algumas quadras ― que eu ainda pagava para ela.

Se não fosse por Beck, teria jogado as merdas dela pela janela quando troquei as fechaduras. Mas queria meu filho perto de mim e ele não merecia viver em um cortiço que Alexa mal
conseguiria pagar.

— Véspera de Ano-Novo. Com que pobre miserável vai acabar e arruinar para começar um novo ano? — George, o oficial da corte na entrada do tribunal familiar, brincou conforme olhava minha identidade. Ele fazia trabalhos à parte para Roman, cobrindo vigilância e emboscadas à noite e nos tornamos amigos
no último ano.

— Essa pobre miserável. Minha ex-esposa continua vadia.

Ele assentiu, tendo escutado toda a minha situação fodida durante cervejas com Roman uma noite. Devolvendo a identidade, ele perguntou:

— Vai à festa de Roman esta noite?

— Estou ansiosa para ir.

— Te vejo lá. Boa sorte hoje.

Alexa e seu advogado corrupto, Wade Garrison, já estavam sentados na sala do tribunal quando entrei. Era difícil não rir da sua saia até o joelho e sua gola parecendo que ia enforcá-la. Principalmente quando eu tinha milhares de fotos dela se divertindo nos fins de semana usando saias coladas que mal cobriam sua
bunda e mostrando decote suficiente para ser confundida com uma prostituta. Eram cortesia de Roman depois que ela e eu nos separamos, no caso de eu precisar algum dia.

Minha ex-esposa permaneceu olhando para a frente, recusando-se a olhar para mim. Se havia uma coisa que eu sabia sobre Alexa era que ela evitava meus olhos quando estava sendo excessivamente pilantra.

O oficial da corte chamou o número do nosso caso, e fiz questão de ir à frente deles, para que pudesse abrir o portãozinho e forçar contato visual com Alexa.

— Está vestindo isso para a festa de fraternidade a que vai esta noite? — sussurrei. — Pode querer colocar um sutiã melhor. Seus peitos estão um pouco caídos. Provavelmente da amamentação.

Ela me lançou um olhar severo. Eu sorri amplamente.

— O que temos aqui, pessoal? Eu li a moção e não faço ideia de por que estão aqui diante de mim hoje me fazendo perder meu precioso tempo — o juiz Hixton disse.

— Também gostaria de saber por que estamos aqui — adicionei.

Juiz Hixton voltou sua atenção para o outro lado da sala.

— Por que não esclarece para nós, advogado?

Garrison limpou sua garganta gorda. Como ele conseguia falar com aquele colarinho abotoado tão apertado? Parecia que precisava mudar do tamanho 3 para 4.

— Vossa Excelência, na verdade, temos uma petição alterada que gostaríamos de submeter, junto com uma declaração do Laboratório de Nova York.

O juiz gesticulou para o oficial da corte pegar os documentos.

— Foram mostrados à oposição?

— Não, Meritíssimo. A declaração foi recebida ontem no fim da noite. Também temos um acordo para a Sra. Jauregui.

O oficial da corte distribuiu os documentos para mim, assim como para o juiz Hixton, e ambos pausamos para ler todos. Pulei a parte da petição alterada e dos resultados de paternidade do laboratório e fui direto para a terceira parte da declaração. Só precisei ler a primeira metade da página:

Nós, Alexa Ferrer Jauregui e Levi Archer Bodine, lemos e entendemos as consequências, alternativas, direitos e responsabilidades em relação a esta declaração e, devidamente jurado, depomos e dizemos que:
Eu, Alexa Ferrer Jauregui, sou a mãe biológica de Beckett Archer Jauregui, como documentado na Certidão de Nascimento de Nova York número NYC 2839992.
Eu, Levi Archer Bodine, sou o pai biológico de Beckett Archer Jauregui, a criança referida no caso número 80499F do Laboratório de Nova York.
Portanto, a paternidade fora estabelecida por Levi Archer Bodine com uma certeza científica de, no mínimo, 99.99%.
Assim, juntos, desejamos uma correção na certidão de nascimento a fim de identificar Levi Bodine como o pai. Também desejamos conquistar totais direitos paternos, incluindo guarda compartilhada e visita.

A voz do juiz Hixton foi solidária quando ele falou.
— Sra. Jauregui, gostaria de alguns dias para responder a esta moção?

Meu coração estava pesado com ódio e tristeza. Senti que meu mundo inteiro tinha sido arrancado de mim. Limpei a garganta para lutar contra as lágrimas.

— Por favor, Meritíssimo.

Tudo que veio depois disso ficou enevoado. Garrison pediu visita temporária para Bodine, o qual o juiz declinou a fim de me permitir tempo para revisar a legitimidade do teste apresentado. Foi marcada uma data para nos reunirmos novamente em duas semanas a partir de terça e, então, ele bateu o martelo.

Eu ainda estava parada quando Alexa e seu advogado saíram da sala.

Levi Archer Bodine. O homem tinha o mesmo nome do meio do nosso filho. Alexa tinha escolhido a porra do nome do meio. Eu sugerira que usássemos os nomes dos nossos pais, mas ela insistiu que amava o nome do meio Archer.

Ela sempre sonhara em dar o nome do meio de Archer para seu menininho.

Vaca mentirosa.

Mas por que seu maldito nome era tão familiar?

Levi Archer Bodine.

Levi Archer Bodine.

Levi Bodine.

Eu conhecia de algum lugar.

Em certo momento, o oficial da corte se aproximou e disse baixo que eu precisava sair para que ele pudesse chamar o próximo caso.

Aturdida, saí da corte. Passei por um monte de gente que conhecia e ignorei.

Ouvi suas vozes, mas não conseguia identificar o que estavam dizendo.

Demorou até eu sair ao ar livre e fresco para minha mente clarear. Foi a hora perfeita para ver Alexa entrar em um Dodge Charger amarelo brilhante com o número 9 pintado na lateral.

CAMREN: Capitã Prolactinadora (G!P) Onde as histórias ganham vida. Descobre agora