Cap. 29 - Cicatriz

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Pov Camila

— Você tem um filho? — Flexionei o pescoço para olhar para Lauren. Ainda estávamos na banheira e não era fácil me mexer muito entre as pernas dela.

Lauren assentiu com os olhos fechados, antes de abri-los para olhar para mim. Havia muita dor em sua expressão; meu estômago afundou de nervoso à espera do que viria em seguida.

— É uma longa história. O que acha de sairmos e eu farei algo para você comer enquanto explico?

— Tudo bem.

Lauren saiu primeiro para pegar toalhas para nós. Depois de se secar, incluindo uma esfregada da toalha nos cabelos, ela a amarrou em volta do corpo e me ofereceu uma mão.

Sua expressão ainda estava contemplativa e eu queria melhorar o clima para ela. O que quer que fosse me contar sobre seu filho, claramente não era uma história fácil.

Peguei sua mão e saí da banheira.

— Você está parecendo como se pudesse filmar um comercial de shampoo neste momento e eu provavelmente estou parecendo um rato molhado. — Meu cabelo estava grudado no rosto, e fiquei feliz pelo espelho estar
embaçado para que não conseguisse dar uma boa olhada no meu reflexo.

Lauren colocou uma toalha de banho em volta de mim e começou a me secar.

— Você oferece bons serviços de beleza — provoquei, quando ela se abaixou para secar uma perna, depois a outra.

Ela deu uma piscadinha.

— Acompanha meu serviço de excitação.

— Sua excitação foi bem espetacular também.

— Sou o tipo de mulher que faz o serviço completo.

Quando terminou de secar meu corpo (meus peitos e entre minhas pernas estavam mais do que secos pelo tanto de tempo que ela passou ali), Lauren enrolou a toalha em mim e a prendeu no busto. Seu lado gentil ainda estava à mostra quando ela pegou minha mão para sairmos do banheiro.

Na cozinha, ela puxou um banquinho de baixo da ilha de granito e deu um tapinha no assento.

— Sente-se.

Fiquei girando nele algumas vezes enquanto Lauren tirava coisas dos armários e da geladeira. Lembrando-me do que tínhamos feito contra o vidro há algumas horas, parei de virar e olhei para a janela. Agora estava escuro lá fora e eu podia ver as luzes da cidade iluminando muito claramente.

— As pessoas... elas podem mesmo ver aqui dentro? — Um misto de pânico e vergonha se instalou em minhas faces quando me lembrei de como meus seios ficaram pressionados contra o vidro. No momento, pareceu excitante que alguém pudesse ver... contribuiu para o erotismo. Mas eu definitivamente não queria
acabar no YouTube por causa de algum louco que tenha nos filmado através de um telescópio.

Lauren deu risada.

— Não. Só dá para ver daqui de dentro. Eu não te colocaria em risco assim. — Ela esticou o braço acima da minha cabeça para pegar uma frigideira e beijou minha testa quando o baixou. — Além do mais, não compartilho coisas que são minhas.

A primeira parte da sua resposta fez minha parte racional dar um suspiro de alívio, mas a última me esquentou por dentro.

Lauren também estava usando apenas uma toalha e eu estava gostando da vista dos músculos das suas costas flexionando
conforme ela picava uma cebola, quando notei uma cicatriz. Corria na diagonal ao longo da lateral do seu tronco, estendendo-se da frente até as costas. A marca estava apagada por um bronzeado mais leve do que o restante da sua pele ― definitivamente não era nova, mas alguma coisa séria tinha acontecido.

— Você fez alguma cirurgia? — perguntei.

— Hein? — Lauren colocou um pouco de manteiga na frigideira e se virou com as sobrancelhas unidas.

Apontei.

— Sua cicatriz.

Um relance de algo passou por sua expressão. Tristeza, pensei. Ela se virou para responder.

— Sim. Fiz uma cirurgia há alguns anos.

Talvez eu estivesse procurando demais nas coisas, analisando tudo que ela fazia, mas não conseguia evitar. Minha mente estava tentando montar um quebra-cabeça sem saber como era a imagem.

Lauren picou mais um monte de outras coisas, recusando minha ajuda. Quando serviu em pratos dois omeletes esplêndidos, percebi que pareciam que podiam ter sido feitos em um dos restaurantes chiques de Shawn.

Shawn.

Não poderia desperdiçar mais três anos desejando um homem que nunca iria
corresponder aos meus sentimentos. Precisava me lembrar de que Lauren não estava interessada em mais do que sexo. Me apegar e nutrir sentimentos por aquela mulher não era uma opção.

Mesmo assim... não podia evitar sentir algum tipo de conexão com Lauren.

Como se houvesse um motivo de eu ter sido enganada e acabar sentada em seu escritório na véspera de Ano-Novo. Idiotice, eu sei. Não fazia ideia de qual era a conexão entre nós ainda, mas estava determinada a descobrir.

Conversamos amenidades durante nossa refeição e, então, eu limpei tudo. Não havia louça suficiente para ligar a máquina de lavar, então eu lavei e Lauren secou. Nós duas trabalhávamos bem juntas e me vi pensando como era interessante o fato de, no escritório, nossas opiniões e conselhos serem opostos
e, mesmo assim, sermos tão sincronizadas fisicamente.

— Quer uma bebida? Taça de vinho ou algo assim? — ela perguntou quando a cozinha estava perfeitamente organizada.

— Não, obrigada. Estou muito cheia.

Ela assentiu.

— Venha, vamos sentar na sala.

Lauren moveu as almofadas no sofá, colocando uma na ponta para minha cabeça, depois apontou.

— Deite-se.

Ela ficou parada em pé até eu me ajeitar.

— Você tem cócegas?

— Vai tornar isso um desafio se eu disser que não?

Ela me lançou um sorriso torto.

— Não. Eu ia massagear seus pés.

Sorri e ergui um dos meus pés no ar, oferecendo-o a ela.

— Não tenho cócegas. Mas, quando se admite isso às pessoas, elas acham que é necessário enfiar os dedos nas costelas até machucar, tentando provar o contrário.

Lauren pegou meu pé e começou a massagear. Seus dedos eram fortes e quando ela usou os polegares e massageou com habilidade um ponto atrás do meu pé ― o ponto onde meus calcanhares suportavam a maior parte do meu
corpo ―, soltei um pequeno gemido.

— Bom?

— Melhor que bom. — Suspirei.

****

Continua...

CAMREN: Capitã Prolactinadora (G!P) Where stories live. Discover now