Capítulo 1

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|Caminhada|

Sakura On

- Tragam soro!_ grito, enquanto procurava um acesso com meus dedos, enquanto sentia olhares cutucando minhas costas.

- Aqui, doutora_ pego o suporte de madeira, apoiando o mesmo na parede, deixando o saco de soro preço em um gancho, rezando para que não caísse, como geralmente acontecia. Introduzi a agulha devagar em sua veia, prendendo a mesma com uma fita preta, ajeitando o braço na cama, cobrindo seu corpo com restos de um lençol, enquanto ouvia a lamúria se sua família a frente do leito improvisado.

Era tudo que se ouvia ali, lamúria, choro, desespero, medo, naquele buraco de sobreviventes no interior da Vila das cachoeiras, um dos territórios mais devastado, mas não tomado, como era o caso da Vila dos rios, totalmente nas mãos do Anjo de Deus, fechando boa parte da fronteira com o país do vento.

Parecia que a terceira guerra tinha voltado e esqueceram de avisar a população mais vulnerável, deixando os a mercer da violência, saques e mortes.

- Como ele está doutora? _ Mei se aproximou, agarrando meu braço com força, com seu rosto inchado de tanto chorar pelo marido.

Analisei seu rosto, lembrando de como tinha os encontrado, sem casa, vagando pela floresta, com a perna do patriarca em péssimo estado e com duas crianças pequenas, famintas e adoentadas.
Quando os trouxe para o buraco, literalmente, tive que entrar com ele as presas em uma cirurgia, seu estado não era apenas péssimo, era irreversível, sua perna tinha perdido a sensibilidade e o único jeito de evitar a infecção era matando o membro de vez.

- Ele vai viver, já prescrevi os medicamentos, que por sorte ainda tem aqui_ coloquei uma das mãos em seus ombros, enquanto seus olhos pesados analisavam o rosto de seu amado, parando no local amputado, sua perna direita. Seu choro foi quase instantâneo, colocando a mão na boca, se contendo para não gritar de dor.

Segurei seus ombros, impedindo que a mesma caísse no chão, parecia que os papéis tinha se invertido e agora eu segurava os ombros e dava os abraços de condolência.

Deixei Mei em seu sofrimento, dando uma última olhada em seu corpo, sentado no chão, apoiando a cabeça na cama, enquanto seus filhos abraçavam seu corpo sofrido. Passei pelas portas, indo pra sala onde os ninjas e os curandeiros ficavam, terminando de auxiliar os prontuários e as medicações, partindo logo depois.

Estava escuro, chovia e ventava bastante, me refugiei em uma caverna nas proximidades, tirando a capa ensopada, juntando os poucos galhos secos da entrada da caverna, fazendo uma fogueira pra me aquecer. Me encostei na parede, ouvindo a melodia da chuva, que aumentava gradativamente. Senti Hoshi sair do pergaminho, ficando em sua forma mais sólida, se acomodando em meu colo, como um perfeito felino.

Meu companheiro de viajem. Desde que sai de Konoha a última vez, Hoshi se tornou meu mais fiel colega e amigo, aquela massa de água misturada com chakra, que se afeiçoava com a aparência de gato, fez meus dias mais coloridos, principalmente quando a bomba Akatsuki começou a dar sinais de explosão. Aprendi a conviver com sua presença e a usar suas habilidades junto com as minhas, o que deixaria Ayame-sensei orgulhosa....

- Shishou...._ solto um suspiro, sentindo as memórias voltando aos poucos, como lembranças de um pesadelo.

Voltei a Ilha Kazan, depois de quase uma semana evitando aquele assunto, tentando manter minha sanidade mental ao máximo. Poderia ter continuado meu caminho, mas meus pés me arrastaram pra lá, pra casa onde fiquei por um ano. Estava destruída, queimada, seu alicerce permaneceu, mas suas paredes e telhado tinham sido consumidos pelas chamas, assim como boa parte da ilha. Os aldeões que ficaram falaram que Ayame tinha apagado as chamas que desceram mais a montanha, evitando que as casas fossem destruídas.

A Jornada - LaçosWhere stories live. Discover now