I - Primeiro encontro - Pagando café para uma mulher bonita

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Há pessoas que acreditam não ser uma boa ideia passar noites em claro. Também tem quem discorde. Andrea discordava veementemente.

A jornalista, agora com seus vinte e nove anos aprendeu que produzia melhor a noite. Um detalhe bobo, mas que a ajudou com melhores resultados nas tarefas pequenas que lhe atribuíam no trabalho. De micro em micro elogio, suas tarefas foram crescendo, assim como a atenção das pessoas influentes da redação.

Para garantir que realmente trabalharia durante a madrugada, ela passava suas noites e início das manhãs em um café pequeno que encontrara. Era um achado, de verdade. Ótimo café, ótimas rosquinhas e tortas, ótima conexão de internet e o bônus da madrugada; raramente tinha mais que um ou dois clientes ali.

Geralmente Andy embalava sua escrita com o som de suas unhas batendo no teclado, a caixa registradora, o motoboy saindo e voltando em dez a quinze minutos contando alguma história engraçada e músicas de fundo calmas e desconhecidas. Vez ou outra alguma música ficava presa na sua cabeça e ela cantarolava por dias, achava graça.

Hoje, no entanto, não parecia uma das noites calmas. Um grupo de adolescentes barulhentos entrou e ficou por cerca de vinte minutos, depois um bêbado, depois gente querendo comprar cigarros. 

Pouco depois das duas e meia da madrugada ela levantou para pedir mais um café e talvez algo para comer, ainda estava decidindo.

Ao parar de frente ao balcão mais alguém entrou no café. Uma mulher muito bonita, um pouco mais velha e ainda assim incrivelmente bonita, roupas finas e o penteado levemente desalinhado.

"Diga, princesa Tamara, mais um café?" Nate perguntou com um sorrisinho.

"Tamara?"

"Tamaravilhosa" Ele piscou e ao fundo deu para ouvir Lily falando um "não acredito" enquanto Doug ria.  

Ela apenas rolou os olhos e ia voltar ao seu lugar quando percebeu a mulher se segurando para não rir. Tudo bem, tinha sido um pouco engraçado, mas não motivo suficiente para a crise de riso que se desencadeou. Por uns dois minutos ela riu como se a piada fosse a coisa mais engraçada do mundo e então, tão rápido quanto a crise de riso começou ela se tornou crise de choro.

Ah, isso fazia sentido. Andy reconhecia a reação de quem está emocionalmente sobrecarregado.
Tentando não ser muito invasiva ela conduziu a mulher até a mesa do canto onde estava sentada e pediu um café para ela. Também pediu um croissant de chocolate e um queijo quente.

Os funcionários do café apenas observaram.

Aos poucos, lentamente o choro foi parando e a mulher foi se recompondo. Doug observava atento até que parecesse seguro levar o pedido à mesa. Ele acrescentou uma garrafa de água à bandeja, junto a um copo com gelo e uma rodela de limão.

"Obrigada, Doug" Andy murmurou gentilmente.

Ela serviu a água no copo e o empurrou na direção da mulher.  

"Bebe, vai te fazer bem."

Mãos trêmulas demoraram alguns instantes, mas seguiram as instruções.  

"Eu também não estava muito bem da primeira vez que estive aqui." Disse com voz branda. Cuidadosamente pegou uma faquinha e cortou o queijo quente ao meio, em seguida fez o mesmo com o croissant, pegando uma das metades de cada para si com um guardanapo. As outras metade e um dos cafés também foram empurradas na direção do sua acompanhante.

Dois Cafés (Mirandy)Where stories live. Discover now