Capitulo 13

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Há dois dias que tento falar com a Gabi, que tento de alguma forma chegar a ela, lhe pedir desculpas. Pedir para ela não desistir de mim, para ela continuar ao meu lado a levantar-me quando a minha única tendência é desistir de tudo, abrir um buraco e ir desaparecendo lentamente.

Há dois dias que a dor de cabeça não passa, que as dores me impedem de andar mais de cinco passos. Apesar da minha protecção com a Cesca naquele dia, nada mudou. Ou melhor mudou uma coisa, tive de voltar para a nossa cama. O sofá do estúdio é incompatível com as minhas costas, pernas, cabeça…não vou ao computador há dois dias e sinto saudades do sorriso dela, do seu olhar, até da sua tristeza.

Cesca está deitada a ler, olho para ela. Levanta o olhar do livro e dá-me um sorriso.

- Estás bem? Queres alguma coisa?

- Estou bem! – Minto. – Emprestas-me o teu telemóvel? A Gabi não me atende…Pode ser que com o teu número, ela atenda.

- Achas mesmo Gio? Tu ouviste o mesmo que eu. – Pousa o livro. – Eu sabia que ela não morria de amores por mim, mas aquela raiva assustou-me.

- É a Gabi! Ela quando está irritada faz o Diabo chorar e esconder-se!

- Pois! Sabes o que podíamos fazer amanhã?

Tento virar-me na cama, mas sinto-me mole de mais, as dores foram atenuadas pelos medicamentos, mas parece que os músculos deixaram de funcionar.

- Diz…

- Podíamos ir comprar roupa para ti! As tuas calças estão horríveis…as camisolas estão largas.

É impossível não me rir.

- Fodasse Cesca! Outra pessoa diria precisas de comer, precisas de te cuidar…tu queres ir comprar roupa.

Ela olha confusa, não vale a pena eu dizer mais nada.

- Empresta-me o telemóvel!

Ela pega nele e começa a mexer no ecrã.

- O que é que estás a fazer Cesca?

Ela cora.

- Estou…estou a tentar colocar no número dela.

- Eu ainda consigo mexer…estás a esconder alguma coisa de mim? – Acho piada ao estado em que ela ficou. – Algum colega de trabalho te anda a fazer propostas? O Tomazzo? – Atiro.

- Não! Claro que não. – As suas mãos tremem.

Estico o meu braço e arranco-lhe o telemóvel das mãos.

- Gio…

Começo a ver o telemóvel, pisco os olhos para ter a certeza do que eu vejo é real. Chamadas e mais chamadas da minha mãe, do meu irmão, até da minha cunhada.

Olho para ela, o pânico está nos seus olhos. Volto novamente ao telemóvel e vejo todo o histórico de chamadas recebidas…passo a limpo tudo. Até me dou ao trabalho de ver o tempo de duração da última chamada da minha mãe para ela.

Mantenho calmo, mas adrenalina percorre o meu corpo, as dores vão embora. Levanto-me. Atiro-lhe o telemóvel. Ando em direcção à porta.

- Gio…

-Gio o quê? O que é que me vais dizer Cesca…que ela te liga porque está preocupada comigo. Que o meu irmão tem saudades minhas, ou que a minha cunhada quer ir lanchar contigo… Eu perguntei-te, eu disse que tu estavas a mentir…e tu nada. Queres falar?

- Quero ao menos defender-me. – Ajoelha-se na cama a olhar para mim.

- Nada do que tu possas dizer eu vou aceitar.

Quando te deixei, amor (disponível até 03/05)Where stories live. Discover now