Capitulo 12

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Porque existem pessoas que são especiais...e porque os meus livros têm-me trazido pessoas especiais...

Cristina foste uma das primeiras a ler-me aqui...foste de uma generosidade, de uma humildade aceitares ler alguém que nunca tinha escrito uma linha...ao longos destes dois meses (sei que parece mais), temos construido uma amizade que eu espero que se mantenha...

Sei que não é muito...mas este é o meu presente de aniversário...um capitulo teu!

Cristina Alves que tudo o que tu almejas seja aquilo que a vida te dá....
Parabéns! DIa muito muito muito feliz junto do marido, da loira e do "terrorista"

Beijos Gordos e Grandes

xxx

A minha casa foi alugada finalmente. Um casal de estudantes, namorados, apaixonados, que acham que o amor é eterno…Ele está a tirar um doutoramento e ela algo parecido, não liguei muito à história pessoal deles. Para que eu quero saber da história…amam-se, estão juntos e vão viver na minha casa. Não quero saber da felicidade de ninguém, a felicidade nos outros quando eu estou na merda irrita-me, frustra-me, deixa-me amargo. Deles eu quero o dinheiro do aluguer, depositado na minha conta bancária a um dia certo.

Respiro de alívio com a nova entrada de dinheiro! Permite-me não mexer no dinheiro da venda dos quadros, deixá-lo estar sossegado. O dinheiro do aluguer dá para mim, para os meus medicamentos, para as despesas da casa… se eu um dia tivesse pensado um pouco mais no futuro, agora talvez fosse tudo mais fácil, com menos medo do futuro.

Em quinze dias, dormi quatro dias na minha cama, o resto tem sido passado no sofá a ganhar horas a olhar para ela, a pensar como é que eu saio desta embrulhada em que me meti.

Das quatro noites, duas consegui fazer sexo…não fiz amor, não fodi, porque até para foder é preciso alguma paixão. Como é que eu consegui? Não sei…talvez porque estivesse escuro, talvez porque o corpo que me dá dores, que não me tem deixado em paz, apenas necessitasse de alguma forma de libertação…talvez porque não me apetecia aturar a Cesca a passear pela casa em lingerie e com um cartaz invisível a dizer: Come-me!...talvez porque ao comê-la eu tivesse uns dias de paz.

Cinco anos da minha vida com ela e cada vez a vejo mais como uma estranha! Há quantos anos eu não uso a expressão “comer”…é ridículo dizer que se come a mulher com quem casamos, com quem temos, ou não temos uma vida.

Ela pergunta-me o que tenho de cinco em cinco minutos…já enjoa. Eu respondo-lhe que nada e sei que ela também deve ficar enjoada.

A única coisa interessante em quinze dias foi uma ida ao meu médico, uma bateria de exames. Não há um agravamento das lesões, mas há uma depressão! O médico pela cara que fez devia-se considerar a porra de um génio…eu teria dito a mesma coisa se eu visse alguém com menos dez quilos, com uma pele com cor de merda e um ar de quem foi atropelado por um camião…teria cobrado menos 100€ que ele!

Passeio lentamente pela ponte Vechio, sempre foi um dos meus sítios. É onde passeio a esbarrar literalmente num turista a cada cinco segundos. Atraí-me esta confusão, onde estamos todos demasiado anónimos para perceber quem sofre, quem ri, quem finge uma felicidade que não chega aos gestos, nem aos olhos. Atrai-me ver casais que não estão felizes, mas que permanecem de mãos dadas. Homens que esperam pacientemente que as suas companheiras, esposas, namoradas acabem de ver uma montra, a criança que chora porque o gelado caiu ao chão, a mãe que limpa as lágrimas. Os verdadeiros apaixonados, aqueles que não desgrudam o olhar, que fazem promessas silenciosas a cada golfada de ar.

Quando te deixei, amor (disponível até 03/05)Where stories live. Discover now