Capitulo 6

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É um facto, estou depressivo…outro facto sempre gostei de casamentos.

Sei que é estranho um homem dizer que gosta de casamentos, mas eu gosto ou gostei, não sei muito bem.

Gosto de vestir um terno de bom corte, gosto do convívio com os amigos, conhecer pessoas novas, de comer bem, de beber ainda melhor. De ver a mãe da noiva a chorar, sempre gostei de ver o olhar dos noivos quando dizem o sim, de olhar para as damas – de - honor e ver aquela ponta de inveja, porque gostariam de estar no lugar da noiva, ou olhar para os padrinhos e ver a cara que fazem, as vezes que olham para o relógio, as caretas de dor que fazem quando os minutos não passam.

Estou em casa da Gabi. É daqui que vou sair para o meu casamento. Descobri que sou um bom actor, teria futuro se tivesse escolhido esta profissão.

Todos associam o meu ar ao nervoso pré casamento. Não é nervoso…é teimosia.

- A Gabi diz que estás nervoso. - Vicki entra a correr pelo quarto e atira-se para cima da cama.

- Não estou nervoso. – Respondo e junto-me a ela na cama.

- Então não vais fazer xixi na minha cama hoje?

Deito-me ao lado dela.

- Porque é que faria xixi na tua cama? – Pergunto.

Ela suspira como se a resposta fosse óbvia.

- A Gabi disse-me que as pessoas quando estão nervosas fazem xixi na cama.

Com a Vicky as perguntas tinham de ser fechadas, nada de perguntas que ela pudesse responder com perguntas.

- Porque a Gaby te disse isso?

 Ela bufou, sentou-se na cama como se fosse meditar.

- Posso contar-te um segredo, Gio?

Ela afastou o cabelo louro dos olhos, esfregou a testa. Estes eram os tiques da Gaby, que ela imitava na perfeição, até a forma de colocar as mãos enquanto falava fazia dela uma Gaby em miniatura.

- Eu no outro dia fiz xixi na cama. – Corou. – Não podes dizer a ninguém. Só a Gaby e o Stef é que sabem.

Efeito calmante, melhor que prozac: Vicky.

- Estavas nervosa?

- Não sei! A Gaby diz que eu estava. Eu acredito nela.

- É tua mãe, tens de acreditar.

- Tu acreditas na tua Gio?

Pergunta complicada…deveria acreditar se ela tivesse sido mãe. Ela foi mais uma empregada.

- Não sei…as pessoas crescidas às vezes são complicadas com as mães.

- Eu acho que tu não acreditas…- Sorriu.

- Porquê? – Devolvi-lhe o sorriso.

- Porque a tua mãe é uma vaca.

- O quê? – Disse admirado.

- É uma vaca. A Gaby disse que ela era uma vaca. – Ficou pensativa. – Eu não sei porque ela disse que era uma vaca, mas ela também diz que a minha avó Matilde é uma lombriga.

Engoli em seco.

- Possivelmente a Gaby gosta de animais.

Ela pensou e torceu o nariz. Atirou-se para trás.

- Acho que não Gio, ela disse que todas as vacas deviam morrer.

Não sabia se havia de rir ou chorar por tudo o que a Vicky dizia.

Quando te deixei, amor (disponível até 03/05)Where stories live. Discover now