Capitulo 3 Parte 2

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Rita Catita

Este capitulo é todinho dedicado a ti...Muitos parabéns meu amor.

Não podendo dar-te uma prenda física, fica esta....beijos grandesssssssssss e gordooooooos.

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Gabi tem duas coisas que nunca na vida irá mudar. A primeira é ser pontual, quem marcar com ela para uma hora qualquer, pode ter a certeza que na melhor das hipóteses ela só irá aparecer meia hora depois, a segunda coisa é o seu gosto por sapatos, ténis, botas. Pode ficar na miséria, mas se vir uns sapatos na montra que lhe pisquem os olhos ela nem hesita e leva-os para casa.

Combinámos o almoço quando eu me consegui levantar, quando a dormência das minhas mãos passou e eu consegui mudar o chip do meu telemóvel. Como sempre umas mil mensagens da Cesca, outras quantas da Gabi, nenhuma da Lexie, nenhuma do Miguel e para não variar muito nem uma tentativa de contacto da minha mãe. Não sei porque ainda me dói. Tirando a encomenda enviada por ela e dois telefonemas para saber se eu já tinha deixado as muletas, ela não me disse mais nada.

Fiz uma ligação rápida para Cesca, a informar que ainda respiro. Ela inunda-me com os comentários do costume, tenho de comer, que o tempo está ameno que devo vestir uma coisa qualquer que eu não percebi e também não fiz um esforço para perceber, que vai marcar consulta com o meu médico, eu limitei-me a dizer que sim, sim e ainda mais um sim.

Com a Gabi a conversa é mais rápida, está atrasada para levar a Vitoria à escola, muito atrasada, marcamos um almoço no Hard Rock, que fica a uns dez minutos de minha casa.

Estou à espera dela já há uns vinte minutos. Sei que tenho de ligar ao Miguel, devo ligar-lhe, mas sou impedido, travado pela minha consciência. Sei que a primeira coisa que lhe vou perguntar é pela Lexie, quero saber como ela está, se ele a viu…mas para quê? O que ele me possa contar não vai alterar a minha decisão, não me vai fazer apanhar um avião e dizer adeus a tudo.

Durante o tempo que espero escrevi mensagens para ela, que apaguei, voltei a escrever e apaguei novamente. Nunca fui bom a decorar números de telefone, aliás a minha incapacidade para isso é amplamente conhecida. Mas o número dela foi decorado em minutos, bastaram apenas dois olhares. Devia ser tudo mais fácil…devia ter sido uma amiga.

Esfrego a cara, as pernas e peço um wiskey. Nem sei porque combinei um almoço, fome é algo que eu não tenho. O telemóvel toca. O nome da Cesca aparece no visor. Atendo? Não atendo?

Atendo!

- Oi amor! – A voz dela é alegre.

- Oi desde há meia hora atrás! Continuo vivo! Estou à espera da Gabi! Continuo no Hard Rock. – Cuspo toda a informação ligeiramente irritado sem que ela mereça.

- Calma! – Sinto-a sorrir. – É só para te avisar que vou ter uma reunião esta tarde.

- Boa reunião Cesca!

Oiço-a inspirar. Quase que imagino os seus olhos brilharem de tristeza, com o meu tom frio. Acompanho as suas inspirações, tento mentalizar-me que ela não tem culpa de nada, que não é ele quem me afasta.

- Desculpa amor! – Forço-me a dizer. – Estou à espera da Gabi e deixei-me levar pela minha impaciência. A reunião é sobre quê?

Ela respira novamente, mas desta vez sinto o alívio.

Começa a contar-me que é sobre um projecto novo, na decoração de um hotel, que vai abrir um dia destes e que ela foi escolhida para liderar o projecto. Algo que ela já me tinha contado quando me visitou em Portugal. Finjo que me lembro da conversa, sem me preocupar se sou convincente ou não. Se ela percebe, disfarça bem. Muda de assunto rapidamente, que possivelmente só me vai ver na hora de jantar em casa da minha mãe e que eu vou ter de apanhar um táxi para ir lá ter, ou como alternativa posso ir ter a casa dela. Resmungo algo como: “Logo se vê” e quando desligamos o telefonema tenho a certeza que não vou aquele jantar…não me sinto com forças ou com cabeça para lidar com eles. Hoje ainda não é o dia.

Quando te deixei, amor (disponível até 03/05)Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum