Nash. Nash Grier

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Lá estava eu me olhando no espelho, com os olhos de um verde bem claro, cabelos loiros e lisos que batiam um pouco abaixo da cintura. Escovei os dentes e penteei o cabelo, em menos de 1 hora teria que estar no aeroporto, finalmente tinha chegado o dia que eu me mudaria para a Carolina do Norte e moraria com minha irmã, Vikki. 

Sai do banheiro e fui escolher minha roupa, decidi colocar uma cropped branca, uma legging preta e meu Vans vermelho. As malas já estavam arrumadas e prontas para serem colocadas no carro. Alguém bateu na porta do quarto, meu irmão Nicholas falando que Isa tinha chegado. Desci as escadas correndo e vi minha melhor amiga em pé ao lado da porta da sala.

Corri para abraça-la e pude sentir as lagrimas escorrendo pelos meus meus olhos, Isa não era do tipo "que chora", mas pela primeira vez em anos eu a vi chorando, eu realmente sentiria falta dela. No caminho para a cozinha ela se colocou na minha frente e disse:

- Ali, eu vou sentir muitas saudades sua!

- Eu também,Isa! - dei uma pausa enxugando as lagrimas que escorriam freneticamente pelos meus olhos - Mas eu prometo que falo com você todos os dias.

Chegando na cozinha vi minha mãe, que ja estava sentada na mesa. Seu cabelo loiro estava preso em um rabo de cavalo, ela usava uma regata branca e uma calça jeans escura um pouco rasgada nos joelhos.

- Bom dia, filha! O cafe já esta pronto. - ela disse com um lindo sorriso no rosto.

Tudo o que eu precisava, café. Não conseguia dormir de noite imaginando se as pessoas gostariam de mim em Mooresville e de como seria diferente a ideia de morar nos Estados Unidos com minha irmã mais velha que havia alguns anos que não a via.

Depois de mais 2 xícaras de café, minha mãe começou a colocar minhas malas no carro, meu irmão já estava no banco traseiro junto com Isa. Sentei no banco do carona ao lado de minha mãe, e nos 30 minutos de minha casa ate o aeroporto, ela não parava de falar como eu deveria me comportar e respeitar minha Irmã, minha sorte era que Vikki só tinha 22 anos, o que fazia dela mais uma amiga do que uma responsável.

Chegando no aeroporto, fizemos o check-in, despachamos as malas e esperamos até meu voô ser comunicado.

Quando anunciaram o meu embarque era a hora de me despedir de minha família, minha mãe já estava chorando, com lagrimas nos olhos, dei um abraço nela. Meu irmão também me abraçou e pela ultima vez pude abraçar Isa.

Pensei na possibilidade dos americanos não gostarem de mim por eu ser brasileira ou se eles achariam estranho o meu jeito diferente de falar, tudo me deixava nervosa e confusa ao mesmo tempo, simplesmente decidi me desligar do mundo e relaxar um pouco.

Depois de 8 horas sentada com um estranho esquisito ao meu lado, já não aguentava mais ficar naquele avião, tinha lido um livro inteiro e ouvido minha playlist varias vezes. Depois de mais ou menos 3 horas no mesmo estado, o avião aterrissou em Charlotte.

No aeroporto vi Vikki me esperando, ela usava um suéter vermelho, calça legging preta e botas de couro marrom, fazia alguns anos que eu não a via, e pelo jeito ela também não estava me reconhecendo. Vikki pareceu chocada quando me viu e veio correndo me abraçar.

- Alice! Meu deus! Como você esta diferente! - Vikki colocou uma das mão na boca - Você está linda!

Minha irmã se parecia muito comigo, seu cabelo também era loiro mas estava cortado no estilo chanel, seus olhos eram verdes, porém mais escuros que os meus.

- Vikki! Que saudade! - disse a abraçando forte.

Indo a caminho de casa, Vikki resumiu o que tinha acontecido nesses últimos anos de sua vida, contou dos ex-namorados, da casa nova e que tinha se tornado pediatra, profissão que ela sempre sonhou desde criança. Eu realmente tinha sentido sua falta. Nós éramos muito apegadas, sempre brincávamos juntas e ela sempre me defendia, Vikki nunca me machucava e sempre tinha aquela expressao de responsavel em seu rosto.

- Como esta a mamãe - Vikki disse não tirando os olhos da estrada - Ela já superou a morte... a morte do pai?

Essa pergunta me fez lembrar uma das piores épocas de minha vida. Quando meu pai morreu eu tinha 9 anos e Nick 5, minha mãe teve que segurar a barra de criar dois filhos sozinha, alem da preocupação da filha mais velha morando fora do país.

- Ela esta bem, muito bem na verdade. Eu acho que já superou, na verdade ela teve que superar.- eu finalmente respondi

- Ah sim - Vikki disse um pouco desanimada - Mas, então... - ela fez um clima de suspense tentando mudar de assunto - E os namorados?

- Nunca tive um - disse no meio de uma risada - Só uns rolos, eu acho.

Chegando em sua casa, fiquei impressionada, parecia ter sido tirada de um filme, era enorme e tinha um lindo jardim de entrada, dentro era ainda mais impressionante, a parte de dentro decorada em um estilo clean e moderno ao mesmo tempo, minha irmã me impressionava com sua criatividade e bom gosto com tudo o que tinha.

- Ali, você pode vir aqui? - a voz de Vikki veio do segundo andar - Acho que tenho uma surpresa para você... - ela disse em um tom comemorativo.

Subi as escadas e entrei em um corredor, Vikki estava parada bem em frente a uma porta branca, ela segurava uma chave. Sem falar nada, ela a abriu. Não pude acreditar no que vi, ela tinha mobiliado e decorado um quarto só para mim, era o quarto mais lindo que eu já tinha visto. A cama estava revestida com uma colcha branca com detalhes em turquesa, uma cama queen size com dossel, era o meu sonho, havia algumas prateleiras brancas e uma cadeira Egg perto da enorme janela de vidro, que dava para uma varanda.

O closet era do tamanho do meu antigo quarto, porém estava vazio. O chão revestido com um carpete cor de creme, havia um lindo espelho com bordas trabalhadas, e na parede um lindo papel de parede azul claro com alguns detalhes em branco.

Pensei em pegar meu iPhone e mandar uma mensagem para a Isa, uma foto do meu quarto, do meu closet, o meu dia estava sendo maravilhoso, mas logo me lembrei que tinha deixado a bolsa no carro.

Desci as escadas correndo, peguei as chaves do carro e destranquei as portas, olhei em volta e reparei na vizinhança, era enorme, as casas eram todas grandes no estilo coloquial e a rua parecia bem tranquila.

Peguei minha bolsa, mas em um movimento rápido a deixei cair, tudo o que estava dentro caiu no chão.

"Mas que saco!", pensei comigo mesma. Me abaixei para pegar as coisas e senti alguém se abaixando junto comigo, senti o toque de uma mão encostar nas minhas. Olhei para cima, aquele era o garoto, ele era lindo. Seus cabelos em um tom de castanho escuro, mas ligeiramente bagunçados, e seus olhos azuis claros.

- Olá. - ele disse em inglês com um lindo sotaque, típico sulista.

- Oi. - eu disse também em inglês, minhas bochechas ardendo.

- Nova aqui?- ele disse apontando para algumas malas que estavam na entrada da casa.

- Sim - disse ainda vidrada em seus olhos que se fixavam sobre os meus - Ah, meu nome é Alice. - eu disse estendendo a mão direita

- Prazer, Nash. - ele apertou minha mão e completou - Nash Grier.

Um sonho adolescenteWhere stories live. Discover now