Capítulo 45 - Louise Austen

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Hoje o dia estava sendo tão cansativo no trabalho que não sentia mais minhas pernas e se elas ainda me mantinham em pé era porque dizia para mim mesma que precisava aguentar só mais um pouco.

— Louise, estou indo tomar um café, quer me acompanhar?

Estava fotografando uma modelo vestida de noiva e faltava apenas mais uma foto para finalizar o book.

— Sério mesmo que posso? — indaguei, com o rosto expressivamente esperançoso.

Ele riu brevemente.

— Já está terminando o book, não é? Só preciso passar na minha sala e poderemos ir — disse meu chefe incrivelmente incrível.

Realmente não sabia o que seria de mim se ele não tivesse me surpreendido àquele dia. Eu era imensamente grata por ele ser a pessoa mais extraordinária que existia neste mundo. Sim, eu o admirava todo santo dia quando o via no trabalho. Não era por menos, afinal, me salvou quando me encontrava em um estado sólido na minha vida. Minhas esperanças de encontrar um emprego já estavam congelando e inutilmente entrando para a categoria de extinção. Sempre tentei ser otimista enquanto estava viva, senão o meu nascimento seria em vão e, por mais que eu não tivesse pais vivos, a vovó sempre mostrou que o meu objetivo de vida precisava, de qualquer forma, estar cadenciado com o desejo dos meus pais, que era que eu fosse feliz a qualquer custo. E era exatamente com esse objetivo em mente que me levantava da cama cedo e tentava aproveitar o máximo que podia a cada dia e com cada pessoa que vinculou-se a mim nos últimos tempos.

Tirei a última foto que precisava para completar o book, agradeci a modelo pelo seu tempo, ajustei a câmera e a desliguei, esperando Nícolas aparecer e me tirar um pouco da agência.

— Vamos? — indagou, ao chegar perto de mim.

Concordei dando-lhe um sorriso idiota. Era apenas minha felicidade por finalmente poder descansar minhas pernas. Sinceramente? Nunca me agradeci tanto mentalmente por gostar desse meu estilo simples e confortável, além de que continuava estilosa, do jeito que gostava. Eram as melhores combinações que poderiam existir.

Fomos para o Starbucks que tinha perto do parque do chafariz, onde o encontrei ou ele me encontrou... ah, tanto faz! A agência dele ficava em frente à esse parque.

Fizemos nosso pedido e fomos para uma mesa encostada na vitrine.

Conversamos sobre coisas aleatórias: trabalho, família, faculdade, o que fazia para sair da rotina. Até que ele chegou em um assunto, no mínimo, delicado e desesperançoso.

— Então, Louise, você tem namorado?

Como responder a essa pergunta? Alguém me dê uma luz ou me empreste alguma? Em um mísero segundo, estava em um túnel, onde sequer um ponto claro era perceptível dentre a escuridão que reinava dentro de mim.

Respirei fundo antes de respondê-lo e decidi dar uma resposta minimamente cômica para equilibrar a ferida que se abria quando relembrava do meu passado.

— Não tenho capacidade de me envolver com mais ninguém, além de que a minha nova agenda está lotada demais pra ter tempo pra isso.

Ok... não foi minimamente engraçado, soou mais como uma garota depressiva, já que minha voz não saiu como eu queria.

— Não me parece que você planeja cada milímetro da sua vida.

— Certamente, não — sorri. — Mas não é como se eu fosse começar a pensar nesse tipo de coisa, tendo outros compromissos extremamente relevantes que precisam da minha assistência.

Primavera Sem Rumo (Livro 1) - CompletoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora