Capítulo 14 - Connor Campbell

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Na frente de casa: 22/03/2015 - Sábado, 2:16 p.m.


Tudo foi colocado a perder mais uma vez. Quando parecia que ela estava cedendo aos meus encantos, minhas palavras doces, meu modo educado de falar, estraguei tudo mais uma vez. As coisas que havia planejado para esta noite foram tudo por água abaixo, frustrando mais uma vez os meus planos de finalmente conseguir algo de livre e espontânea vontade. Tudo o que eu queria era apenas tentar trazê-la pra minha casa, mas não deu certo. No caminho de volta pra cá, tamborilei meus polegares no volante. Uma, duas, três, quatro vezes, de acordo e no ritmo da música que tocara baixinho no som vindo do auto falante do meu automóvel.

Ao chegar em casa, tive mais uma surpresa: minha vaga estava ocupada e isso era inadmissível. Precisava estacionar meu carro ali, no entanto algum babaca resolveu deixar seu incrível possante reluzente bem no meu espaço. Isso era só para deixar a minha noite ainda mais difícil e estressante. Por isso, estacionei ali, atrás dele para esperar aquele carro sair da minha vaga. Esperei até que o filho da puta que ocupou o meu lugar resolva sair para que enfim pudesse entrar em casa e descarregar minha ira. Será que alguma coisa nesta noite ainda poderia dar certo?

Desliguei meu carro, girando uma, duas, três, quatro vezes a chave na ignição. Pronto, assim estava melhor. Apoiei meu cotovelo na janela aberta, observando a rua deserta. Mordi a ponta do polegar, passando o indicador sobre a barba que voltava a crescer. Barbeei-me hoje cedo e os pelos do rosto já começavam a crescer. Talvez eu não tinha feito o suficiente ou adequadamente por causa da pressa e ansiedade de ter um encontro com aquela louca que me fez gastar tudo que havia no bolso. Na verdade, tive que usar o meu cartão de crédito para cobrir aquela garrafa extremamente cara que ela pedira. Se pelo menos tivesse bebido, seria mais reconfortante pagar, mas não, ela tinha que ter feito aquela cena toda. Ela ainda vai ter o que merece, senão não farei jus ao meu nome e, principalmente, ao meu ego que fora incendiado. Se tivesse me barbeado pela quarta vez, talvez os pelos não teriam crescido a essa hora e meu rosto estaria limpo como o céu quando estava ensolarado. Mas, não. Já estava atrasado para o tal encontro, me preocupei demais e não deu nada certo. Isso explicava o porquê desta noite ter sido um fracasso.

E, para piorar, o sujeitinho ainda não tirou aquela lata velha da minha vaga. Observei meu relógio de pulso e a hora passava rapidamente, deixando para trás mais alguns minutos desperdiçados. Alguma coisa precisava ser feita, porém não encontrei o que fazer. Liguei a luz interior e passei meus olhos por todo o carro, visando encontrar alguma distração para não acabar empurrando aquele carro dali. Respirei fundo mais algumas vezes e, quando terminei, abri o porta-luvas do carro. O que encontrei só piorou meu estado de ânimo: toda a papelada que deixei organizada estava um caos. Hoje mais cedo levei o carro para lavar e consertar o vazamento de óleo. Por isso, deixei a chave com eles e eles deviam ter remexido tudo aqui dentro. Bufei e respirei fundo mais algumas vezes, no entanto dessa vez não deu certo. Retirei toda a papelada dali, espalhando-a sobre o banco de couro. Separei-os em pilhas por tamanho e cores; os que não se encaixaram no formato pré-definido, dobrei-os ainda mais até que todos ficassem exatamente no mesmo tamanho. Assim sendo, vinte minutos se passaram e não percebi quando a vaga à minha frente tornou-se livre e, pude finalmente estacionar meu velho e bom amigo no seu lugar de direito.

O silêncio e a tranquilidade foram quebrados graças ao celular, que começou a tocar em meio à penumbra. Já sabendo quem seria, a paz se manteve e atendi o telefone jovialmente.

— O que você quer, Dylan? — sorri ao desordenar os cabelos, porém logo voltei a penteá-los para o lado.

— Pensei em sairmos para beber. Está ocupado?

Primavera Sem Rumo (Livro 1) - CompletoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora