Capítulo 21 - Elizabeth Campbell

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Liverpool Mall: Quarta-feira - 25/03/2015, 8:07 p.m.


Iris e eu passeávamos pelos corredores abarrotados do shopping, em busca de algo para dar à minha mãe. Aliás, minha amiga não acreditou quando declarei que o motivo de estarmos enfrentando filas era apenas para trazer alguma alegria para seus dias atarefados.

Me importava demais com seu bem-estar e, torcia para encontrar um presente que a fizesse esquecer um pouco os seus problemas e saudade que certamente sentia dos meus irmãos, que moravam longe.

Após a falecimento do nosso pai, mamãe não interessou-se por mais ninguém, decidindo assim desempenhar o papel de única provedora do lar. Isso a fez se desgastar demais, uma vez que a carga horária para dar conseguir pagar as contas duplicou-se e, por este motivo, decidi buscar um emprego.

Hoje de manhã havia um bilhete em cima da mesa da sala de jantar. Nele, ela insistia veementemente que não iria aceitar minha ajuda de forma alguma, entretanto não desistiria e só precisava pensar numa forma de fazê-la mudar de ideia, o que até então, me parecia impossível.

– Iris, vamos entrar nessa loja aqui? – sugeri, inclinando meu queixo em direção ao letreiro dourado. – Achei algo que pode combinar com ela.

Ela deu de ombros, no entanto me seguiu.

Entramos na loja e, à nossa direita havia uma vendedora atrás de um balcão vidro transparente. Ela apenas nos cumprimentou com um aceno de cabeça, enquanto adentrávamos no estabelecimento.

O uniforme que vestia era azul marinho, assim como os sapatos. Seus cabelos castanhos, como os de Iris, estendiam-se até os ombros e algumas mechas douradas garantiam-lhe um aspecto artificial de quem acabara de sair da praia, contudo não era exagerado.

Aproximei-me dela e, no crachá pendente em seu pescoço delicado, descobri seu nome: Vivian, em letras garrafais.

- Boa tarde! Gostaria de ver o vestido da vitrine. O branco, por favor – pedi, sem olhar diretamente para ela, mas sorrindo educadamente.

Vivian fez que sim com a cabeça, antes de afastar-se de nós para ir até a vitrine. Ao retornar, o vestido que escolhera jazia sobre seu ombro, juntamente com outro mais.

Assim que ela depositou os dois sobre a bancada, fiquei encantada pela segunda opção e, desta forma, não restaram dúvidas sobre qual levaria. O vestido amarelo aparentava ser de cetim e estendia-se até os joelhos, além disso, era largo como ela gostava.

– Iris, o que acha desse aqui? – perguntei, esticando o vestido para que pudesse vê-lo.

Ele era muito bonito. Sabia exatamente os gostos da minha mãe por roupas. Talvez tenha me inspirado nela ao escolher roupas, visto que as minhas não fugiam muito das que ela escolhia para si. A minha intenção era não ser notada, apesar de saber que eu era bonita e perceber que olhavam disfarçadamente para mim. Não era alheia à realidade que me cercava, mesmo sabendo que roupas largas não fariam com que não me reparassem. Já o objetivo que minha mãe pretendia alcançar não era aparente para mim.

Mamãe sempre teve uma silhueta bem formada, apesar de ter tido três filhos. Seus cabelos que outrora eram totalmente ruivos como os meus, começavam a apresentar alguns fios brancos e seu rosto estava sempre transmitindo cansaço. Admirava-a demais, por ser tão batalhadora e ter terminado de nos criar praticamente sozinha, independentemente das dificuldades que enfrentava em seu dia-a-dia. Nunca permitiu que nada faltasse para nós, porque trabalhava incessantemente noite e dia sem parar, o que a impediu de continuar a acompanhar nossas mudanças e conquistas mais importantes. Contudo, sempre esteve lá para nos dar um beijo de boa noite ou quando restava-lhe algum tempo, contava uma história para nós e ia dormir. Mesmo que estivesse exausta, disso ela não abria mão. Entre todos nós existia uma sintonia incrível, apesar do Connor ser o mais afastado e não saber demonstrar muito bem, ele a amava do seu jeito.

Primavera Sem Rumo (Livro 1) - CompletoOn viuen les histories. Descobreix ara