Capítulo 37

5.3K 391 22
                                    


O homem esvaziou o copo de whisky com uma golada derradeira. Não era o primeiro, muito menos o último copo daquela noite. Ele não estava preocupado com a contagem.

A única que coisa que Giancarlo pensava agora, com a cabeça deitada sobre o tampo da mesa de seu escritório, era em se entorpecer... Em parar de pensar.

Porque, desde o momento que viu a silhueta de Annabelle passar pela porta, ele sentia como se pudesse... explodir. E como se aquilo fosse, verdadeiramente, um futuro iminente.

Socou o tampo da mesa. Uma, duas, três, inúmeras vezes. O sangue salpicando na madeira e na garrafa da bebida. Ela lhe deu as costas, o desafiou. Descobriu que mentira. Ela não poderia ter descoberto isso! Nunca, nunca! Nenhuma mentira que ele já contara poderia ser descoberta...

Giancarlo deveria ser o único ponto de apoio de sua Annabelle, a única pessoa em que ela poderia confiar. Ele não poderia quebrar isso. O vínculo. Uma das coisas principais que costuravam a sua menina a ele.

Contudo, ele quebrara.

Bateu a testa na mesa, fechando os olhos duramente. As mãos tatearam a gaveta à procura da foto de Paola, retirando-a rapidamente dali, trazendo-a para perto do rosto horizontalizado.

Tão linda...

Giancarlo suspirou enquanto os olhos ébrios avaliavam a mulher como sempre faziam, valendo-se de cada mínimo detalhe que a foto lhe presenteava. Mas não era o suficiente, jamais seria. A fotografia não fazia jus à beleza de Paola ou ao seu sorriso. Ou ao brilho dos olhos.

— E-la está me deixando... — Giancarlo murmurou. — Ela está me abandonando, Paola, ela está... a bambina... está.

Passou os dedos pelo rosto da mulher, as lágrimas chegando aos olhos.

— Como você, Paola. Como você... Por que vocês me deixaram? Por quê? — Giancarlo perguntou, levantando as sobrancelhas, olhando pedinte para a fotografia. Como se esperasse uma resposta. — O que eu faço para que ela fique? O quê? Como... como tê-la de volta, Paola? Como?

Arrastou o rosto pela mesa, sujando-o com o próprio sangue, transtornado.

— Você mentiu para mim, Paola. Como pôde mentir para mim? Gêmeos... Eram gêmeos!

Os olhos azuis se arregalaram quando a mente de Giancarlo trouxe o assunto em pauta. Annabelle estava fora do seu domínio agora! Matthew! Matthew e as informações, as páginas do diário de Paola e aquele maldito ultrassom poderiam chegar até ela! O que Paola poderia ter escrito naquele diário?

Um gemido sofrido irrompeu o peito de Giancarlo... Ele precisava recuperá-la antes que fosse tarde demais. Recuperar Annabelle. Não poderia deixar que as páginas do diário chegassem até ela, não poderia dar-se o luxo de contar com a sorte.

Com a sorte de que nada de mais estaria escrito.

Nada revelador.

E agora? Onde a sua menina estaria? A resposta veio quase instantaneamente: nas garras daquele homem! Nos braços de Alexander Whitehill. Do filho de Matthew Whitehill! Malditos sejam.

Ele a tirara dele, a roubara, a tomara para si!

Um grito de nojo e fúria escapou pelos lábios de Giancarlo e ele levantou-se exasperadamente, cambaleando. Levou as duas mãos ao tampo da mesa, empurrando-a, virando-a. O móvel de madeira encontrou o chão com um baque estridente, juntamente com o som de várias coisas quebradas.

Giancarlo levou as duas mãos à cabeça, puxando os cabelos, tentando dar vazão para sua fúria insana.

— Eu vou acabar com ele... eu vou acabar com ele... — repetia como um mantra.

Rede de SegredosOnde histórias criam vida. Descubra agora