Capítulo 15 - Parte I

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Annabelle estava com seu vestido, outrora impecável, muito amarrotado, seus cabelos estavam desgrenhados como se ela tivesse os puxado diversas vezes, ela pisava no chão diretamente com a meia preta, os sapatos de salto alto eram trazidos pelas suas mãos e Annabelle simplesmente os soltou, não se importando nem onde, nem como cairiam.

Mas o que fez com que o peito de Alexander Whitehill inflasse em preocupação foi o olhar vazio e perdido da mulher. Ela sequer olhou para ele quando a chamou, totalmente absorta em seus próprios pensamentos.

– Annabelle? – tentou novamente, e vendo que ela não o responderia começou a se aproximar cautelosamente. Ainda não conhecia todas as suas reações e o temperamento feminino para saber qual abordagem ele deveria tomar em uma situação daquelas. Não saber como agir perante o estado dela fez com que Alexander se sentisse o pior dos homens, totalmente incapaz perante a situação.

Ele queria se aproximar devagar, não fazer movimentos bruscos, domá-la com paciência, mas Annabelle ameaçou se virar e ir para o quarto o que fez Alexander mandar a cautela para longe. Agarrou-a pelo braço, sacudindo, e finalmente ganhando a atenção dos olhos azuis.

– Conte-me o que aconteceu Annabelle, por favor. – Ele pediu, mas parecia que encarava uma estátua, nenhuma emoção esculpida em sua tez de porcelana – Porra, Annabelle! O que foi que aquele maldito queria com você?

Annabelle finalmente teve uma reação, aproximou-se do Agente Whitehill e levantou o queixo para encara-lo melhor.

– Eu odeio você. – Annabelle revelou, a voz fria e petrificante como um sopro glacial. E na cabeça dela, de um certo modo, aquilo era a mais pura verdade. Veio todo o caminho pensando no que a impedira de fazer o que era esperado que ela fizesse. Esperado por Evan, esperando por seu tio... E a resposta era clara, a culpa era de Alexander Whitehill. Mas Annabelle não foi capaz de responder por que ele tinha esse poder sobre ela, apenas odiava com todas as forças que o tivesse.

Por um momento Alexander congelou. Seu coração perdendo um compasso. Ela já tinha dito aquilo outra vez e na situação ele até chegou a achar engraçado. Mas, dessa vez ela parecia tão séria, tão certa do que dizia... Alexander afastou suas mãos dos braços de Annabelle como se tivesse levado um choque. Whitehill certamente não sabia como teria agido ou o que teria falado depois daquela declaração se não fosse Annabelle fazer algo totalmente inesperado para os seus padrões e para a situação.

Ela puxou a nuca de Alexander com as mãos, colando seus lábios em um beijo avassalador e luxurioso. Era ali que Alexander a tinha totalmente entregue, sem malditas barreiras circundando o seu redor. A criminosa simplesmente precisava sentir os lábios dele nela. Sentir prazer, e não nojo. Sentir o gosto do federal e tirar qualquer vestígio de Evan de suas lembranças.

Quase feliz, embora confuso com a reação de Annabelle, Alexander a agarrou pelas costas, trazendo-a para mais perto de si, retribuindo o beijo com paixão. Mas não poderia se esquecer de inquiri-la sobre o que acontecera, a lembrança disso fez com muito custo que Alexander cessasse o beijo. Puxou a criminosa pelos pulsos fazendo com ela se sentasse no sofá.

– Agora me conte, o que aconteceu, Annabelle?

A mulher tentou beija-lo de novo, porém ele a segurou, seus olhos duros exigindo uma resposta.

Alexander a viu cerrar os lábios e contorcer os dedos longos das mãos. Um tique que o federal já havia notado. Annabelle tinha essa mania de mexer os dedos quando estava pensativa ou ansiosa.

– O que foi que seu tio disse, Annabelle? – ele perguntou, tentando fazer com que ela falasse. Qualquer coisa. Aquele silêncio estava o consumindo.

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