Capítulo 42

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Alexander fechou os olhos, a mandíbula travada em uma linha dura enquanto antecipava o que estava por vir. Em um segundo Annabelle estava ali, petrificada, mas sentada e ao alcance de sua mãos, no outro, já andava pelo quarto, os olhos azuis fixos em ponto algum, voltados para as suas próprias considerações interiores. Estava nua, e parecia pouco perceber, ou se preocupar com o fato.

A visão de todas as curvas expostas, em outro contexto, seria excitante. Mas juntando todo o quadro atual, Alexander não estava outra coisa senão extremamente preocupado.

— Annabelle...

Ela nem sequer pareceu ouvir.

Come? Come? – A mafiosa repetiu, sem uma linha de pensamento linear para se conduzir – Come hai potuto? Ela e o zio... Giancarlo. Na casa do meu pai... Traindo o... babbo.

As mãos voaram para os cabelos negros, os olhos levemente arregalados, como se tivesse uma visão, as sobrancelhas praticamente unidas.

— Comigo... – continuou, a voz quase enojada – dentro!

Alexander levantou-se de supetão, segurando os pulsos femininos e fazendo Annabelle parar de andar no mesmo lugar. Os olhos azuis perdidos que se voltaram para ele, no entanto, fizeram com que o homem esquecesse qualquer coisa que iria falar no momento.

— Annab...

— Como, Federal? Como ela teve coragem? Perché...?

Ele engoliu em seco, sem saber o que dizer e como se comportar diante de uma Annabelle que parecia ter sido sugada para o passado.

— Ele... o seu pai – Alexander disse, por fim – Você disse que a... bateu.

Annabelle engoliu em seco, os olhos estreitando-se em fendas.

— Foi... por vingança? Ela ficou com o irmão dele... por vingança? – A mafiosa franziu a testa, achando aquilo ilógico, nada condizente com a figura bondosa e carinhosa de que se lembrava, e a consideração deu espaço a um novo sentimento – Como ele pôde? Como meu pai pôde fazer isso com... ela.

— Annabelle...

— Você não entende! – Ela retrucou mordaz, livrando-se do aperto em seus pulsos, e dando as costas para o homem – Não faz sentido... Ele fazia tudo por ela. Tudo. Ele nunca levantou as mãos para ela, nem para mim. Mas... Mas eu me lembro... das marcas.

Alexander fez a volta ao redor dela e mais uma vez encontrou aquele semblante preso às lembranças que o preocupava.

— Paola traiu o meu pai... Minha mamma... traiu... Perché? – Ela inquiriu mais uma vez, tentando buscar a resposta dentro de sua cabeça.

— Ela disse... — Alexander começou — Que estava apaixonada. No diário. Sua mãe se apaixonou pelo seu tio, Annabelle. — O que na cabeça do federal não fazia o menor sentido, a não ser que Giancarlo, com sua dissimulação, houvesse convencido Paola que não passava de um anjo. Alexander soltou uma risada amarga, antes que pudesse se conter.

— Tio... Giancarlo! — Annabelle exclamou, olhando para os olhos verdes de repente, era como se todas as suas perguntas tivessem encontrado uma resposta, ou quase isso. O semblante fechou, e mafiosa foi rapidamente ao armário, abrindo-o e tirando a primeira peça de roupa que encontrou.

Alexander se precipitou até ela, impedindo-a de vestir as peças de roupas.

— O que pensa que vai fazer, Annabelle?

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