Capítulo 4 - Parte I

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Alexander entregou a chave do seu carro para o manobrista e consertou mais uma vez a gravata com as mãos fortes. Conseguir entrar naquele evento foi mais fácil do que pensara. Catherine possuía um convite e pareceu contente em cedê-lo para seu filho mais velho, o que Alexander estranhou a princípio; a mãe não costumava perder um evento que fosse quando ele ainda morava com ela.

Mas isso já fazia um tempo.

Adentrou o salão da mansão em que a festa estava sendo realizada e chamou a atenção das mulheres próximas à porta. Alexander já estava acostumado com aquele fato rotineiro e ignorou as figuras femininas. Vislumbrando o evento com todas as pompas, e ilustrado com as mais altas figuras da sociedade, o Whitehill constatou, com uma ponta de tristeza, que, de algum modo, ainda se encaixava ali.

Lembrou-se nostalgicamente do dia em que fora admitido no FBI. Mesmo estampando quase uma careta de dor, Catherine o parabenizou e disse que apesar do emprego de classe média, a figura de bem nascido do filho sempre se sobreporia em Alexander. Foi o comentário mais infeliz da noite, mas ele quase entedia o lado da mãe. Ela não era do tipo de mulher que menosprezava as pessoas com menor poder aquisitivo, tanto que se casara com Matthew. O que Catherine não compreendia era por que o filho decidiu desempenhar um trabalho daquele tipo quando tinha condições muito superiores. Seu lugar não era correndo atrás de bandidos com uma arma na mão.

Ou talvez, e apenas talvez, ela encarasse o trabalho do filho como uma forma nova de martírio para lembrá-la constantemente do marido.

Os olhos treinados do agente Whitehill passaram a avaliar rapidamente todas as mulheres do local, sabendo exatamente quem desejava encontrar. E no momento em que seus olhos pousaram na figura feminina procurada, Alexander pôde pensar apenas em uma palavra:

Belle.

Sua mafiosa encontrava-se de costas, o que não representou um problema, já que Alexander jamais a confundiria. Os cabelos negros caíam pelas suas costas, impedindo que o federal tivesse uma boa visão do decote ousado que o vestido possuía. A peça azul-marinho moldava-se ao corpo bem esculpido da mulher, e ele pôde admirar mais uma vez aquelas curvas.

Os olhos verdes praticamente a fuzilavam pelas costas, e o Whitehill percebeu que Annabelle começava a sentir-se incomodada. Admirou os sentidos de perseguição da mulher enquanto ela virava a cabeça levemente para trás, escrutinando o salão com seus olhos gélidos. A boca dela estava pintada de vermelho sangue e tal percepção fez com que todos os músculos de Alexander se contraíssem.

Ele não entendia como aquela mulher conseguia mexer desse modo com seus sentidos. Mas tal fato não importaria quando ela estivesse atrás das grades e ele famoso em seu departamento.

Deixou que um pequeno sorriso habitasse seus lábios e resolveu seguir os passos dela até uma porta para a imensa sacada que adornava um dos lados do salão, pegando uma taça com uma bebida qualquer durante o percurso. Encostou-se ao vão da porta e observou Annabelle, que se encontrava concentrada falando ao celular, não notando a sua presença.

– Nunca duvidei, por que começaria agora? – Alexander assustou-se com a voz feminina. Ela falava quase em tom de respeito. – Mesmo assim, eu quero que me di... – Ela fora nitidamente cortada pela voz no outro lado da linha. As sobrancelhas de Alexander juntaram-se enquanto ele observava a figura feminina. Quem, possivelmente, teria aquele poder sobre ela? – É claro que eu já estou aqui! – exclamou. Seu tom era raivoso, mas não extravasava o que ela realmente sentia. Os dedos angulosos da mulher foram até o longo cabelo preto e ela o jogou para frente, deixando assim o decote, que ia até o fim das suas costas, exposto. Alexander engoliu em seco. A pele alva parecia gritar pelo seu toque. E ele tinha a necessidade de sentir aquela textura em suas mãos.

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