Capítulo 18

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Tudo ao redor do federal pareceu estar em câmera lenta, os ponteiros do relógio parando por um par de segundos. Scott, Annabelle, o motoqueiro.

Um tiro.

A arma portava um dispositivo silenciador, mas aquele foi o maior ruído de toda a vida do agente Whitehill. O prenúncio de algo inevitável, que ele jamais poderia impedir. Estava longe demais.

– NÃO – Alexander gritou aterrorizado – ANNABELLE!

Ele sentiu o baque em sua própria carne, o projétil lhe atingido através de um poderoso soco no estômago. A bile subiu, a garganta secou, os olhos arregalaram-se. As mãos se fecharam raivosamente em punho com a constatação que ele não podia fazer nada para evitar.

Annabelle caiu de joelhos no asfalto fazendo com que as pernas do federal pendessem para frente, um estímulo natural de seu corpo para ir até ela. Nada mais existia além da figura da mulher caída e o sangue que, morbidamente, salpicava o asfalto.

O coração do agente começou a bombear em um ritmo alucinado, seu sistema liberando as endorfinas necessárias, a adrenalina correndo por suas veias. Outros tiros, mas dessa vez eram aliados, Scott disparava várias vezes contra o motoqueiro que agora fazia sua rota de fuga.

Alexander livrou-se das mãos que o retinham, mãos de sua irmã, mas que, naquele momento, nada mais eram que amarras o impedindo de salvar Annabelle. Correu o mais rápido que pode, o medo crescente era alimentado a cada novo passo. Finalmente chegou até ela, ajoelhando-se a sua frente. Os azuis estavam fechados, as mãos delicadas, excetuando os eventuais calos de escrita e manuseio de armas, largadas em cima da calça, sujas de sangue.

– Annabelle! – Alexander chamou e não reconheceu a própria voz. Estava estranha, rouca e parecia um sussurrar de desespero. Levou as mãos até os ombros dela fazendo com que assim ela abrisse os olhos. Mas sua Annabelle não estava ali. Os orbes estavam opacos e sem vida, mirando algo muito além dele.

O federal tentou focar no que era importante: Achar o ferimento. Seus olhos hábeis percorreram o corpo feminino e ele percebeu que o tiro atingira a perna esquerda dela, porém, graças a escassa iluminação e a calça de lavagem escura, Alexander não pode definir em que local exatamente.

Por favor que não seja a artéria femoral. Que não seja a artéria femoral. – Ele rogou, inconscientemente, em seus pensamentos.

– Por quê? – ouviu a mulher murmurar e percebeu que ela estava em um tipo de transe. O rosto pálido elevou a preocupação do agente em níveis inimagináveis.

– Annabelle? – Alexander mais uma vez chamou, e outra vez foi ignorado. Sem alternativas, o federal levou as mãos até a perna vitimada dela, tentando fazer uma ideia da dimensão dos danos.

A dor lacerante na perna esquerda trouxe Annabelle de volta para a realidade. Por um breve momento, piscou os olhos, confusa. Depois conseguiu processar que a dor era por causa das mãos do federal que, com cuidado, começava a examina-la.

Annabelle mordeu o lábio fortemente, tentando conter o grito que sairia dali, mas não foi forte o bastante para aplacar o gemido agoniado que saiu de seu peito. Os olhos esmeraldinos voltaram-se para ela na mesma hora, preocupados, esquecendo momentaneamente do que faziam e deixando a perna de Annabelle livre.

– Não me toque. – a mafiosa grunhiu, arfando. Seu peito subindo e descendo em um ritmo descompassado. Tentou engatinhar para trás, para longe das mãos do homem que a lembrava do que tinha feito essa noite. Da traição da máfia. Mas Annabelle não foi muito longe, surpresa com a dor forte que se abateu nela, assim que tentou movimentar a perna. Caiu sentada no chão.

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