Capítulo 41

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Ele acendeu o cigarro.

Odiava fumar, mesmo que precisasse. Fazia-o apenas quando estritamente necessário. Quando não havia outra saída.

Outra saída... Bufou, irritado. Odiava o termo. Soava como se estivesse preso em alguma espécie de armadilha. Como se não pudesse lidar com suas próprias questões com a calma e racionalidade que lhe eram intrínsecas.

Odiava fumar e odiava admitir que fumava.

Porque era uma necessidade, um vício. Um ato não muito condizente com a pessoa fria e equilibrada que ele era.

Ele não poderia precisar de um vício, mas mesmo assim, precisava.

E dessa vez, estava fumando de novo por culpa dela.

Diogo Bertolazzo deu uma longa tragada e então apagou o cigarro no cinzeiro de prata com força exacerbada quando o rosto da mulher avultou sua mente.

Limpou o cinzeiro rapidamente, limpando as cinzas e o resto do cigarro. Olhou em volta, certificando-se de que a cozinha estava em sua perfeita ordem.

Tudo limpo, branco, translúcido... Cirúrgico.

Como ele em seu trabalho.

Sua casa nada mais era que uma extensão da perfeição que Diogo Bertolazzo idealizara de si próprio e de seus serviços. Uma perfeita metáfora.

Caminhou a passos largos até um dos quartos da casa, adentrando-o. Olhou para as diversas fotos em cima da mesa, encontrando-a no meio dos rostos.

Maldita mafiosa do nariz em pé.

E pensar que quase a invejara. Sua posição, sua patente, sua forma de trabalho. Mas ele, Diogo, não poderia invejar ninguém. Annabelle Ferraro sempre seria presa à máfia. Ele não... Era um pássaro livre. Não trocava aquela liberdade por nada no mundo.

Como ela descobrira sobre Atlanta? Como ela ousara manipulá-lo usando aquilo?

Não ficaria por menos.

Sabia o que tinha prometido e não voltaria atrás. Não mataria Alexander Whitehill, como Giancarlo Ferraro o contratara para fazer. Ainda. Aceitaria o acordo da mafiosa por ora, mesmo que a questão fizesse seu estômago embrulhar.

Não poderia vacilar. A informação não poderia vazar.

Mas saberia a hora certa de atacá-la. E poderia demorar, ele não tinha pressa. Seria extremamente devagar e cauteloso, porque Annabelle era uma oponente perigosa. Era uma oponente à sua altura. Ambos eram cobras peçonhentas, mas quando ele atacasse... Ela não saberia de onde viera. E ele a engoliria. Ele a engoliria viva.

Ela iria pagar.

Analisou a parede do seu quarto branco. Era ali que trabalhava em suas missões. Era ali que descobria tudo sobre suas vítimas. E a vítima da vez era Annabelle Ferraro.

Pegou quatro retratos, colando-os na superfície do quadro grande e branco que ocupava o centro do quarto. Dois homens e duas mulheres.

Posicionou o retrato de Annabelle no centro da lousa, traçando linhas com a caneta apropriada até as outras três fotos. Escreveu o nome das pessoas embaixo de cada uma delas. Fillipo Ferraro. Giovanna Vetra. Agente Alexander Whitehill.

Agente Whitehill...

Diogo coçou o queixo perfeitamente barbeado. O que aquele homem tinha que fez com que a mafiosa enfrentasse a ordem do próprio tio para que ele continuasse vivo?

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