Capítulo 24

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Matthew Theodore Whitehill não poderia delegar a entrega daquele envelope para algum de seus "subordinados" sem que corresse o risco de Aro Volturi, o chefe da máfia russa, tomar conhecimento dele. Matthew não colocaria em exposição Annabelle Ferraro... ainda. Quando chegasse a hora, a máfia tomaria conhecimento de sua localização e aquilo serviria como luva para os interesses de Matthew.

Pagar o Ferraro na mesma moeda que ele oferecera. Aniquilar seu bem mais precioso. Mexer onde mais doeria.

O Whitehill, absorto em seus pensamentos, estava perto do apartamento de qualidade um pouco mais que duvidosa quando viu seu Alexander sair pela porta larga. Sete passadas eram tudo o que os separava.

Nunca estivera tão perto do filho desde o dia que partira.

Por um momento estacou, olhando a figura de seu menino. Ele estava visivelmente conturbado, olhava para cima, piscando várias vezes. Matthew girou o corpo rapidamente salvo pela parede de um estabelecimento, escondendo-se.

Os olhos verdes estavam arregalados e ele respirou profundamente, controlando seus sentidos. Por um segundo, um segundo... se ele não estivesse atento o bastante Alexander o teria visto.

Encostou a cabeça na parede, fechando os olhos com brusquidão... Estava tão perto de seu garotinho... Tão perto... Lembrou-se da figura alta dele, saindo pela porta do prédio. Ele tinha chorado?

A raiva domou Matthew sem pedir licença, suas mãos fecharam-se em punhos, imaginando ter o pescoço da mafiosa entre elas.

O que aquela mulher tinha feito com o seu filho?

Inclinou a cabeça rapidamente para fora do estabelecimento, constatando a figura alta e forte ainda parada no passeio, os olhos perdidos. Seu filho era um homem agora... Um homem bom, baseado no que vira de Alexander até os dez anos e, pelo que Matthew podia constatar, vendo-o agora. Tantas fases que ele tinha ficado de fora. Tantos conselhos que ele deixou de dar. A primeira namorada, a primeira relação sexual, os valores de um homem, a escolha da profissão.

Sentia como se tivesse sido arrancado da vida do filho. E, para falar a verdade, não havia sentimento que mais se assemelhasse a realidade do que este.

Percebeu seu Alexander virando a cabeça em sua direção, mas foi mais rápido, escondendo-se dentro do estabelecimento mais uma vez. Portava um sorriso que nascia tímido nos lábios, seu menino tinha um bom instinto... Com certeza se sentiu invadido, espionado, encarado.

Um menininho que brincava de bola chamou a atenção do Matthew, uma ideia formando-se em sua mente. Chamou-o com um assobio e o menino logo lhe deu atenção, correndo até o lado dele.

– O tio chamou eu?

– Sim... – Matthew disse com um sorriso simpático no rosto, passando confiança para a pequena criança – o tio queria saber se você não pode entregar uma encomenda, no apartamento 302 desse prédio daqui do lado...

O menininho olhou para baixo, murmurando para si mesmo:

– Acho que é o prédio da moça bonita... – disse feliz, ela era tão linda, parecia um anjo. Ficou entusiasmado com a esperança de vê-la novamente.

– Como disse? – Matthew perguntou, não compreendendo.

– Nada não!

O Whitehill sorriu mais uma vez para o menininho.

– Você só tem que entrar, empurrar isso para debaixo da porta e sair de lá correndo. Não é preciso chamar, entendeu? – Matthew remexeu no bolso do casaco, retirando de lá 20 dólares e estendendo para o menino, juntamente com o envelope pardo.

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