Capítulo 34

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Rebecca retirou os sapatos pretos de salto alto, jogando-os em qualquer canto da sala ampla do seu apartamento. Massageou a palma dos pés doloridos e jogou-se no sofá, respirando profundamente.

Mesmo que ela não fosse diretamente ligada a Ronald Curry, um agente do FBI morto, assassinado, mexia de certa forma com todos os agentes. Quase como se fosse pessoal, afinal, poderia ter acontecido com qualquer um.

Rebecca sentiu um calafrio e passou as mãos pelos braços, espantando a sensação. Pegou o controle remoto que controlava o aquecedor, aumentando-o.

Alexander também fora vítima de um atentado. Um atentado diferente e não convencional, na opinião da agente Lewis. Por que tinham o mantido em cativeiro por tanto tempo... sem fazer perguntas, ou qualquer outra coisa? Por que eles tinham se dado ao trabalho de libertá-lo com vida e, sobretudo, quem eram "eles"?

Rebecca fez uma careta, enrolando uma mecha dos cabelos ruivos com o indicador e polegar, gesto que sempre fazia, inconscientemente, quando estava criando hipóteses e tentando solucionar suas próprias perguntas.

Desde pequena Rebecca era importunada pela curiosidade. Entretanto, no caso de Alexander, ela se obrigaria a deixar aquilo de lado. Por enquanto.

Sorriu ao pensar no homem, e no beijo que trocaram. Tudo o que Rebecca mais queria agora era retomar o relacionamento que ela e Alexander possuíram anos atrás.

E era o que faria.

Esticou-se no sofá, espreguiçando-se. A morte de Ronald Curry serviria para alguma coisa. Era de mau tom falar dessa maneira, mas, a morte de um agente deixaria as missões mais lentas, em modo de espera, durante os próximos dias. Tempo de sobra para se dedicar a algumas questões pessoais.

Rebecca não conteve o sorriso que escapou por seus lábios. Amanhã ela faria uma visitinha ao apartamento de Alexander Whitehill.

~-~

Annabelle pulou da cama assim que ouviu o barulho que denunciava que o box havia sido fechado e o chuveiro, ligado. Não fora tão difícil convencer o federal de que eles deveriam tomar banhos separados. Ela simplesmente argumentou que gostaria de sair daquele apartamento o mais rápido possível. Que não se sentia confortável estando exposta quando ainda não tinha um plano de ataque para a máfia russa.

O Agente Whitehill cedeu quase instantaneamente, concordando. Exatamente como ela pensou que ele reagiria.

Mas ela não fora de todo honesta.

A mafiosa atravessou o corredor para encontrar o objeto que necessitava no chão da sala de estar. A lâmina afiada, jogada de qualquer maneira sobre o carpete, reluziu diante dos seus olhos, e Annabelle se apressou para pegá-la. Em seguida voltou rápida e silenciosamente para o quarto, entrando no closet e trancando a porta.

Suspirou pesadamente. Annabelle possuía a consciência de que tinha feito o federal acreditar que não haveriam mais segredos e, o fato de que estava prestes a esconder mais uma coisa dele, fazia com que um estranho aperto despontasse na boca de seu estômago.

Entretanto, a mafiosa precisava lidar com Diogo Bertolazzo. As prioridades estavam muito claras em sua cabeça agora e resolver aquele assunto ocupava o topo da lista.

O que ela faria não era nada demais, no final das contas. Nada que o federal não aprovaria, ao menos. Não era como se ela estivesse tomando uma decisão como a da última vez. A única coisa que Annabelle Ferraro faria era deixar claro para Diogo quem ditava as regras ali.

Determinada, a mafiosa abriu a última porta do seu armário, deparando-se com os casacos de frio dependurados. Tateou, à procura do dispositivo que revelava o fundo falso, afastando as roupas dali, achou e o destravou, o fundo de seu armário se transformando em uma porta corrediça.

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