Lucy repetiu diversas vezes o que deveria ser feito.
— É simples, Charlie. — Ela disse — Eu já vi onde mamãe... ou, Eloise, guarda seus documentos. Fica em um baú pequeno e escondido em cima de seu guarda-roupas. A altura é absurda, então será preciso todo um apoio.
— Tem certeza que o testamento está lá?
— Absoluta. Só pode estar lá.
— Mas... — Charlotte estava apreensiva. — E se ela o separou de todos os demais documentos? É possível.
— Bem, é. Se ela separou, tenho outra opção.
— Qual? — A curiosidade de Charlotte era aparente. Ela roía as unhas de ansiedade.
— Não seja afobada. Vamos um passo de cada vez, ou tropeçaremos.
As duas estavam paradas em frente à porta do quarto da mãe, apenas repassando o "plano" de como conseguir o papel do testamento. Charlotte havia falado com Edward um dia antes, e ele assegurou chamar um advogado amigo de sua família para guia-los. E sua mãe, Edna Crane, estava totalmente de acordo.
Charlotte entrou no quarto e Lucy ficou do lado de fora, tomando cuidado para Eloise nem sequer chegar perto daquela porta.
— Não faça barulho, certo?
— Bem, será um pouco difícil. Terei que colocar essa coisa abaixo para pegar qualquer baú que está lá em cima.
Lucy entrou no quarto, relutante, e ajudou a irmã. Entrelaçou as mãos e as colocou na altura do joelho, fazendo um apoio para os pés de Charlotte. A menina subiu nas mãos de Lucy, apoiando-se em seus ombros, e conseguiu segurar na base no guarda-roupas, aliviando um pouco todo o peso que estava indo para Lucy. Ela estava quase desmoronando.
— Não estou vendo baú algum!
— É uma caixa de madeira com um cadeado a frente. É antiga. Acho que era de papai.
Charlotte remexia as coisas que haviam a sua frente tentando não fazer barulho. Depois de alguns segundos apreensiva, avistou algo parecido com o que Lucy descrevera.
— Achei! — Ela quase gritou.
— Calma! Não se remexa tanto assim. Estou quase morrendo aqui embaixo.
— Desculpe. — Charlotte puxou a caixa com uma só mão e a colocou embaixo do braço. Lucy fez de tudo para que ela aterrissasse sem muitos danos, e logo as duas correram com a caixa em mãos, sorrindo como duas crianças que acabaram de achar o pote de ouro no fim do arco-íris.
Lucy ainda enxugava a testa quando chegaram ao quarto.
— Uau. Não pensei que fosse ser tão difícil.
— Não foi.
— É. Para você, que não estava com ninguém nas mãos.
Charlotte riu e olhou para o baú com apreensão.
— Vamos?
— Vamos. Aqui está uma presilha de cabelo que nos ajudará a abrir este cadeado sem deixar rastros.
— Temos que ser rápidas, certo? Não queremos que mamãe volte lá e perceba a falta de algo tão importante.
Lucy assentiu e começou a trabalhar no cadeado. Depois de alguns minutos e algumas presilhas tortas, ela finalmente ouviu o "click" que libertou os documentos daquela prisão.
— Finalmente! — Charlotte berrou, batendo palmas. Estava começando a suar frio conforme o tempo passava. Ela foi correndo abrir a caixa.
— Certo. Certo. Certidões de nascimento, ah. — Ela pegou um papel em mãos — Atestado de óbito.
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Um Casamento Adorável
Historical FictionEdward Crane está confortável em sua vida de solteiro. Charlotte Macclesfield está em sua primeira temporada, não necessariamente buscando um marido, mas aberta às possibilidades. Quando ela conhece o herdeiro da família Crane, não imagina o que p...