Capítulo Trinta

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Lucy repetiu diversas vezes o que deveria ser feito.

— É simples, Charlie. — Ela disse — Eu já vi onde mamãe... ou, Eloise, guarda seus documentos. Fica em um baú pequeno e escondido em cima de seu guarda-roupas. A altura é absurda, então será preciso todo um apoio.

— Tem certeza que o testamento está lá?

— Absoluta. Só pode estar lá.

— Mas... — Charlotte estava apreensiva. — E se ela o separou de todos os demais documentos? É possível.

— Bem, é. Se ela separou, tenho outra opção.

— Qual? — A curiosidade de Charlotte era aparente. Ela roía as unhas de ansiedade.

— Não seja afobada. Vamos um passo de cada vez, ou tropeçaremos.

As duas estavam paradas em frente à porta do quarto da mãe, apenas repassando o "plano" de como conseguir o papel do testamento. Charlotte havia falado com Edward um dia antes, e ele assegurou chamar um advogado amigo de sua família para guia-los. E sua mãe, Edna Crane, estava totalmente de acordo.

Charlotte entrou no quarto e Lucy ficou do lado de fora, tomando cuidado para Eloise nem sequer chegar perto daquela porta.

— Não faça barulho, certo?

— Bem, será um pouco difícil. Terei que colocar essa coisa abaixo para pegar qualquer baú que está lá em cima.

Lucy entrou no quarto, relutante, e ajudou a irmã. Entrelaçou as mãos e as colocou na altura do joelho, fazendo um apoio para os pés de Charlotte. A menina subiu nas mãos de Lucy, apoiando-se em seus ombros, e conseguiu segurar na base no guarda-roupas, aliviando um pouco todo o peso que estava indo para Lucy. Ela estava quase desmoronando.

— Não estou vendo baú algum!

— É uma caixa de madeira com um cadeado a frente. É antiga. Acho que era de papai.

Charlotte remexia as coisas que haviam a sua frente tentando não fazer barulho. Depois de alguns segundos apreensiva, avistou algo parecido com o que Lucy descrevera.

— Achei! — Ela quase gritou.

— Calma! Não se remexa tanto assim. Estou quase morrendo aqui embaixo.

— Desculpe. — Charlotte puxou a caixa com uma só mão e a colocou embaixo do braço. Lucy fez de tudo para que ela aterrissasse sem muitos danos, e logo as duas correram com a caixa em mãos, sorrindo como duas crianças que acabaram de achar o pote de ouro no fim do arco-íris.

Lucy ainda enxugava a testa quando chegaram ao quarto.

— Uau. Não pensei que fosse ser tão difícil.

— Não foi.

— É. Para você, que não estava com ninguém nas mãos.

Charlotte riu e olhou para o baú com apreensão.

— Vamos?

— Vamos. Aqui está uma presilha de cabelo que nos ajudará a abrir este cadeado sem deixar rastros.

— Temos que ser rápidas, certo? Não queremos que mamãe volte lá e perceba a falta de algo tão importante.

Lucy assentiu e começou a trabalhar no cadeado. Depois de alguns minutos e algumas presilhas tortas, ela finalmente ouviu o "click" que libertou os documentos daquela prisão.

— Finalmente! — Charlotte berrou, batendo palmas. Estava começando a suar frio conforme o tempo passava. Ela foi correndo abrir a caixa.

— Certo. Certo. Certidões de nascimento, ah. — Ela pegou um papel em mãos — Atestado de óbito.

Um Casamento AdorávelOnde as histórias ganham vida. Descobre agora