Capítulo vinte

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Charlotte voltou à sala alguns minutos depois, e não falou muito. Assentia quando Charles se dirigia a ela, mas não tagarelou como era de costume quando se sentia a vontade. Ela não estava a vontade. O visconde foi embora e ela ficou à sós com Chales na sala. O clima estava pesado entre os dois. Como se uma nuvem negra estivesse pairando bem ali, entre um e outro. Algo a impedia de falar com ele, o que era extremamente triste. Em outros casos ela pensaria em recorrer ao irmão para uma possível salvação, mas o único homem que a podia salvar não estava a seu alcance.

Por fim, Charlotte acabou levantando-se e indo até o quarto, depois de abrir a boca inúmeras vezes para dizer ao menos "até logo". Charles continuou lá, e era impossível para Charlotte decifrar se ele estava sofrendo por ela ou se estava radiante por pensar que estava fazendo a coisa certa.

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Três dias após a visita do Visconde para acertar coisas sobre o possível casamento, Charlotte estava na varanda a ler um livro. Era o fim da tarde, melhor período para estar na companhia de personagens desconhecidos a fim de decifrar seus destinos.

Parou a leitura para absorver o que tinha sido lido, imaginar as situações com mais clareza e sensatez. Pôs o livro sobre o colo e suspirou, olhando para além do jardim. À princípio pensou estar ficando louca. Contrastando com a luz solar do final de tarde vinha um homem caminhando. Quando pôde ver com mais nitidez, percebeu um sorriso em seu rosto, e pelo modo de caminhar, soube que era Edward Crane.

Charlotte depositou o livro no chão e correu até ele. O vento batendo em seu rosto parecia alargar seu sorriso. Ela segurava o tecido do vestido firme, com as mãos, para não tropeçar e ir ao chão. Quando chegou mais perto de Edward, segurou em suas mãos e apertou-as fortemente. Ficou em silêncio por um momento, absorvendo o sentimento, a fim de ter certeza que não estava no meio de um sonho. Com tantas situações nos últimos dias em que se via sonhando acordada, não duvidada daquele instante.

Mas era real.

Edward estava lá. As lágrimas brotaram brandas nos olhos de Charlotte, que as impediu de descer. Edward se manteve imóvel, apenas observando os movimentos da moça. Beijou o alto de sua cabeça e quase a beijou nos lábios, mas foi interrompido.

- Não. Aqui, não. Vamos para onde nos encontramos na última vez. Aqui não é seguro.

Edward riu, sem entender.

- Como não é seguro? Estamos em sua casa, miss. À luz do dia.

Charlotte o segurou pelo pulso e o arrastou, indo pela lateral da casa até onde deveriam parar.

- O que está acontecendo, Charlotte? - Edward perguntava de minuto em minuto.

- Ande, apenas ande. - respondia ela.

Edward começou a correr, e logo, quem estava sendo arrastada era ela. Ele corria para o tempo passar mais lentamente, a fim de ficar mais tempo com ela. Tinha a impressão de que esses poucos minutos em sua presença seriam preciosos.

- Veja bem - começou Charlotte, ofegante, assim que encostaram-se na árvore, um local seguro, onde ninguém chegaria. Pelo menos não nos próximos minutos. - Você não deve ter ouvido...

- Parece que não. O que eu deveria ter ouvido, Charlotte?

Ela detectou aflição em sua voz. Tentou manter-se impassível, mas começou a gaguejar.

- O visconde esteve aqui. Veio conversar com meu irmão, Charles, que chegou há pouco. Charles está convencido de que eu devo me casar com o visconde, sr. Grant. - ela grunhiu. Como Edward não demostrou nenhuma alteração, ela prosseguiu: - ele me obrigou a casar com o visconde.

Silêncio.

Silêncio.

Mais silêncio.

Charlotte estava quase se contorcendo de tanta agonia.

- Ora, Edward! Diga alguma coisa.

Ele cruzou os braços, parecendo indiferente. E sorriu.

Pelo amor de Deus, ele sorriu. Diante daquela situação.

- Tudo bem.

- Tudo bem? Você ouviu o que eu disse?

- Claro que ouvi, Charlotte. Não estou surdo. - ele apontou para o ouvido. - ouvi muito bem. E não há com o que se desesperar. - ele soltou os braços e se aproximou de Charlotte, que agora o olhava com os olhos semicerrados. - Seu irmão quer que você se case? Tudo bem. Você irá se casar.

Charlotte fitou os olhos azuis de Edward tentando entender o que significava tudo aquilo. Então ele estava deixando-a ir? Assim, sem nem lutar? Não era dessa forma que ela esperava desenrolar as coisas.

- Você... - começou ela, tropeçando nas palavras - você não irá fazer nada?

- O que posso fazer agora? Ele é seu irmão, tem autoridade.

- Mas...

- Não tem 'mas', Charlotte. - ele envolveu os braços ao redor do corpo dela e apertou-a contra si. - é assim que as coisas serão. Então, você irá se casar com John Grant.

As lágrimas que antes vieram as olhos de Charlotte, por alívio, agora vieram por medo. Medo do que poderia acontecer. Medo de não mais ver Edward, de não sentir-se da maneira que sentia com ele novamente.

- Não entendo... - ela se afastou dele, limpando as lágrimas com as costas das mãos - Não entendo por que estás agindo assim? Por um minuto pensei que darias uma solução nisso tudo. Um ponto final!

- Escute, Charlotte - Edward segurou o rosto dela com as duas mãos e beijou-a nos lábios suavemente. O beijo teve gosto salgado, culpa das lágrimas que ainda não haviam secado - Você confia em mim?

Ela não respondeu de imediato. Baixou o olhar, mas Edward pediu que ela lhe fitasse os olhos e perguntou novamente:

- Confias em mim?

Ela balançou a cabeça, afirmando.

- Certo. Então não há motivos para desespero.

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Gente! Tudo bom?
O que estão achando da história?
Estou pensando em mudar o nome, mas não sei se farei por que a história já "pegou" com esse nome, mas eu supostamente mudaria para "Um Segredo Para Dois". Tem mais a ver com tudo que acontecerá até o fim. Comecei a escrever com uma ideia na cabeça e com a evolução da história vi que tem bem mais a ser explorado além de um futuro casamento. Enfim... Hahaha, deixem suas opiniões, eu agradeço s2 beijão seus lindos! E obrigada, como sempre.
Até semana que vem. s2

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