Capítulo Sete

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As bochechas de Charlotte estavam quentes e vermelhas enquanto ela atravessava o salão como um foguete, em direção à irmã. Lucy estava dançando com um jovem duque quando Charlotte esticou o braço para tocar no ombro da irmã e chamar-lhe atenção. Foi só aí que percebeu que suas maos tremiam. Não só as mãos, ela pensou. O corpo todo se debatia. Suas carnes estavam nervosas de repente. Charlotte não se importou com a falta de educação em interromper uma dança. Ela só queria falar com Lucy.

- Estou indo embora. - Anunciou. Sua voz também saiu trêmula.

- O quê? - perguntou a mais velha, atônita. - O que houve?

Mas Charlotte já estava caminhando em direção à porta e não a ouviu. Lucy então deixou o duque de lado, sem se importar com a falta de compostura e seguiu a irmã. Se desculparia com o duque outro dia.

Quando alcançou a mais nova, ela já estava entrando na carruagem.

- Charlotte! - Lucy gritou enquanto corria segurando a barra do vestido para não tropeçar. Lucy finalmente entrou na carruagem. Charlotte estava sentada parecendo distante, olhando para além da janela. - O que houve para você sair assim tão de repente? Primeiro você some, depois quer ir embora...

- Só estou com uma dor de cabeça chata. - respondeu sem olhar para a irmã.

- Ora, não esconda nada de mim... Vou lhe dar um tempo, mas ainda quero saber o que aconteceu...

Charlotte sorriu agradecida mas nem assim olhou na direção de Lucy.

Charlotte não sabia o que sentir. Estava com raiva de Edward. Claro que estava. Ninguém jamais a havia tratado daquela forma. Ninguém jamais havia pensado nela de uma forma tao baixa, e por isso ela sentia raiva. Mas por outro lado... Tinha gostado do beijo inesperado. Do sabor dos lábios de Edward, mesmo que tão breves, sobre os seus. A maciez de sua pele tocando-lhe... Não. Ela não podia pensar nisso. Não era uma dessas garotas. Charlotte sabia que um dia se casaria e portanto, teria alguém tocando-lhe em lugares inesperados, mas não esperava isso de um completo estranho. Bem, não totalmente estranho, mas não pensava em trocar carícias com alguém que conhecera na mesma noite.

Estava longe de tudo que ela poderia querer... Até aquele momento.

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Edward praguejou inúmeras vezes. Não queria afugentá-la, mas, por Deus, como ele poderia ter interpretado aquele convite? Seria possível ele ter conhecido a mulher que tomou seus pensamentos o dia inteiro e na mesmo noite assustá-la? Tinha certeza que Charlotte agora pensava nele como um crápula, sem nenhum respeito. Um canalha. E com razão. Droga! Se pudesse voltar no tempo ele faria e mudaria tudo. Teria sido mais gentil com a moça de rosa. Ou melhor, Charlotte. Não tivera tempo de saber seu sobrenome.

- Ed? - Chamou uma voz feminina fazendo Edward despertar e perder sua linha de pensamento.

Era sua irmã, Elena. Ela se aproximava lentamente, como se estivesse com medo do que pudesse encontrar.

- Está... Sozinho?

Edward olhou ao redor e levou as mãos à cintura.

- É o que parece, não é?

Elena o olhou com uma expressão interrogativa, mas ele não falou mais nada, então ela deixou pra lá.

- Não sabia que você gostava de caminhar sozinho a noite, nos jardins alheios.

- Talvez eu goste. - ele a olhou com as sobrancelhas franzidas. Ainda não tinha voltado cem por cento à "vida real". Continuava perdido tentando entender se os últimos vinte minutos tinham acontecido ou não.

Um Casamento AdorávelOnde as histórias ganham vida. Descobre agora