Capítulo Trinta e Um

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- Meu Deus, Lucy! Eu não acredito que vi isso. - Charlote falava com a voz embargada, como se carregasse toda a culpa nas costas. Lucy estava furiosa, jogando roupas numa mala de mão, que claramente estava cheia demais para seus pertences. Charlotte tirou do armário uma de suas malas e entregou à irmã. - Isso irá te ajudar.

Lucy agradeceu com um sorriso murcho e continuou o processo.

- Será que você não pode falar com Charles? Ele pode lhe ajudar. - Sugeriu Charlotte.

- Charles, jura? Ele voltou um crápula. Não quero sua ajuda. - Ela respirou fundo e aprumou o corpo. - Já sei para onde vou.

- Para onde? Não vá para longe! - Choramingou Charlotte. - Não posso ficar aqui, sozinha.

- Não se preocupe. Eu irei lhe avisar assim que chegar, e tomar um rumo.

Nesse momento, Linus - o cachorro - entrou no cômodo, animado como sempre, pulando e abanando o rabinho para Lucy. Linus subiu na cama e sentou-se, olhando-a com ansiedade, como se soubesse o que estava para acontecer. Lucy pegou o cachorrinho nos braços e acariciou sua cabeça peluda. Charlotte agitou o pelo de Linus e se despediu dele dessa forma, vendo a animação nos olhos do animalzinho, que mal sabia o que lhe aconteceria.

Lucy fechou a mala e segurou-a, se dirigindo à porta, devagar.

- Venha. Até a porta, pelo menos. - Disse, virando-se para a irmã.

Charlotte correu até a irmã mais velha, com uma lágrima escorrendo pela bochecha, e passou o braço ao redor de seu corpo. Lucy atravessou a porta com dificuldade, tendo uma mala nas mãos, um cachorrinho em outra, e uma irmã pendurada em seu pescoço, mas correu tudo bem.

Eloise não deu sinal de vida enquanto a filha ia embora. Lucy decidiu sair pela porta dos fundos, assim não teria chance de encontrar o irmão mais velho ou a mãe no caminho. Charlotte tentou tirar dela uma resposta, mas tudo o que Lucy fez, foi prometer que mandaria notícias.

Edward sabia que o tempo estava correndo.

Segundo Charlotte, ela só teria duas semanas - agora menos - para se livrar do Visconde e fazer com que tudo desse certo em seu plano com Edward.

Embora o rapaz estivesse confiante, nada estava garantido.

O "plano" que ele arquitetara, era por vezes cheio de furos, mas ele estava cego. Cego e apaixonado, o que, quando ele pensou bem, concluiu ser a mesma coisa.

Não tinha como voltar atrás agora.

Edward Crane, conhecido por sua teimosia, enfiara a ideia na cabeça, e ninguém mais tirara.

Era como dizer à uma criança que se ela pular na poça de lama, se lambuzará inteira, mas mesmo assim ela faz, porque se diverte com isso, e na verdade não se importa muito com a sujeira. Apenas faz o que quer, sem pensar nas consequências.

Neste caso, Edward é a criança fazendo arte, mesmo que todos o digam o quanto isso está errado.

A única pessoa que, embora veja que as chances de o desastre acontecer sejam grandes, ainda se joga na poça com ele, é Charlotte Macclesfield. E ela sabe muito bem.

A semana depois da partida de Lucy correu depressa. Como se não quisesse ficar ali. Simplesmente, foi embora, deixando Charlotte apreensiva, porque, conforme os dias passavam, mais perto ficava o seu 'casamento', e sua fuga com Edward ia parecendo cada dia mais real.

Era real.

Mas ela não tinha se tocado disso ainda.

A única vez que Charlotte vira Edward durante essa semana, fora num chá em que foi convidada até a casa dos Crane, por Edna Crane, a própria. Vendo que a senhora Crane convidara a filha, Eloise não teve porque se preocupar.

Um Casamento AdorávelWhere stories live. Discover now