- Meu Deus, Lucy! Eu não acredito que vi isso. - Charlote falava com a voz embargada, como se carregasse toda a culpa nas costas. Lucy estava furiosa, jogando roupas numa mala de mão, que claramente estava cheia demais para seus pertences. Charlotte tirou do armário uma de suas malas e entregou à irmã. - Isso irá te ajudar.
Lucy agradeceu com um sorriso murcho e continuou o processo.
- Será que você não pode falar com Charles? Ele pode lhe ajudar. - Sugeriu Charlotte.
- Charles, jura? Ele voltou um crápula. Não quero sua ajuda. - Ela respirou fundo e aprumou o corpo. - Já sei para onde vou.
- Para onde? Não vá para longe! - Choramingou Charlotte. - Não posso ficar aqui, sozinha.
- Não se preocupe. Eu irei lhe avisar assim que chegar, e tomar um rumo.
Nesse momento, Linus - o cachorro - entrou no cômodo, animado como sempre, pulando e abanando o rabinho para Lucy. Linus subiu na cama e sentou-se, olhando-a com ansiedade, como se soubesse o que estava para acontecer. Lucy pegou o cachorrinho nos braços e acariciou sua cabeça peluda. Charlotte agitou o pelo de Linus e se despediu dele dessa forma, vendo a animação nos olhos do animalzinho, que mal sabia o que lhe aconteceria.
Lucy fechou a mala e segurou-a, se dirigindo à porta, devagar.
- Venha. Até a porta, pelo menos. - Disse, virando-se para a irmã.
Charlotte correu até a irmã mais velha, com uma lágrima escorrendo pela bochecha, e passou o braço ao redor de seu corpo. Lucy atravessou a porta com dificuldade, tendo uma mala nas mãos, um cachorrinho em outra, e uma irmã pendurada em seu pescoço, mas correu tudo bem.
Eloise não deu sinal de vida enquanto a filha ia embora. Lucy decidiu sair pela porta dos fundos, assim não teria chance de encontrar o irmão mais velho ou a mãe no caminho. Charlotte tentou tirar dela uma resposta, mas tudo o que Lucy fez, foi prometer que mandaria notícias.
Edward sabia que o tempo estava correndo.
Segundo Charlotte, ela só teria duas semanas - agora menos - para se livrar do Visconde e fazer com que tudo desse certo em seu plano com Edward.
Embora o rapaz estivesse confiante, nada estava garantido.
O "plano" que ele arquitetara, era por vezes cheio de furos, mas ele estava cego. Cego e apaixonado, o que, quando ele pensou bem, concluiu ser a mesma coisa.
Não tinha como voltar atrás agora.
Edward Crane, conhecido por sua teimosia, enfiara a ideia na cabeça, e ninguém mais tirara.
Era como dizer à uma criança que se ela pular na poça de lama, se lambuzará inteira, mas mesmo assim ela faz, porque se diverte com isso, e na verdade não se importa muito com a sujeira. Apenas faz o que quer, sem pensar nas consequências.
Neste caso, Edward é a criança fazendo arte, mesmo que todos o digam o quanto isso está errado.
A única pessoa que, embora veja que as chances de o desastre acontecer sejam grandes, ainda se joga na poça com ele, é Charlotte Macclesfield. E ela sabe muito bem.
A semana depois da partida de Lucy correu depressa. Como se não quisesse ficar ali. Simplesmente, foi embora, deixando Charlotte apreensiva, porque, conforme os dias passavam, mais perto ficava o seu 'casamento', e sua fuga com Edward ia parecendo cada dia mais real.
Era real.
Mas ela não tinha se tocado disso ainda.
A única vez que Charlotte vira Edward durante essa semana, fora num chá em que foi convidada até a casa dos Crane, por Edna Crane, a própria. Vendo que a senhora Crane convidara a filha, Eloise não teve porque se preocupar.
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Um Casamento Adorável
Historical FictionEdward Crane está confortável em sua vida de solteiro. Charlotte Macclesfield está em sua primeira temporada, não necessariamente buscando um marido, mas aberta às possibilidades. Quando ela conhece o herdeiro da família Crane, não imagina o que p...