Capítulo Dez

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Charlotte segurou o olhar em Edward, que desviou assim que Elena voltou para a sala.

- Elizabeth só queria tomar meu tempo, mesmo. Nada demais. - ela agitou a mão no ar para enfatizar o que dizia. Foi quando viu Edward e espantou-se. - Ora, decidiu voltar.

Ele engoliu em seco novamente, claramente incomodado.

- Você não havia me dito a hora do seu chá, Elena.

- Você não deixou... saiu correndo como um cavalo treinado. - ela sentou-se ao lado de Charlotte e sorriu para a garota. - este é meu irmão, Edward. O dono das pinturas.

Charlotte pensou como ele poderia ser tão grosseiro e pintar tão delicadamente como ela vira nas telas minutos atrás.

Edward fez uma reverência para Charlotte.

- Ele já a conhece! - Berrou Lucy. - não é mesmo? - olhou de Edward para Charlotte, procurando respostas. Charlotte se remexeu incomodada no sofá.

- Nós... nos cruzamos no baile de Lady Lockwood.

- Uhhh. - fez Elena - esse baile teve de tudo. - sorriu - tiveram a oportunidade de conversar?

- Brevemente. - sorriu Edward.

- Ótimo. Agora você irá sentar conosco e tomar o chá, também.

Edward bufou. Tinha tentado evitar aquilo tudo e olha onde ele estava?! Aborrecido, ele sentou-se numa poltrona solitária um pouco longe das meninas. Não queria ficar por dentro dos assuntos que elas poderiam ter.

Assim que ele se sentou, porém, Charlotte pediu permissão para ir ao toalete, então Edward saiu num pulo, sem pedir à ninguém - até por que ele estava em sua antiga casa - e a seguiu.

Chegando na metade do corredor, com três passos largos, ele logo a alcançou.

- Miss Macclesfield. - chamou, baixo. Charlotte parou e o encarou.

- Senhor Crane.

- Pode me chamar de Edward.

Ela apenas desviou o olhar, de cara fechada, e suspirou.

- Quero pedir desculpas... - ele começou. Charlotte olhou diretamente para ele mais uma vez e viu seu cenho franzido. Ele parecia mesmo arrependido. Deu mais um passo à frente e ficou cara a cara com ela. Seus passos eram enormes, e não adiantaria Charlotte sair andando. Ele com certeza a cercaria em um só movimento. - Eu sinto muito, mesmo. Agi de forma imperdoável e... - ele parou, parecendo procurar palavras - não é de meu feitio agir de tal forma.

Ela revirou os olhos.

- Como se eu fosse acreditar numa coisa dessas. O senhor é um libertino sem causa.

- Pode parecer que sim... - ele pôs a mão no braço de Charlotte, levemente, e ela seguiu seus movimentos com o olhar. - mas eu não sou tão terrível.

- Não foi o que me pareceu ontem à noite. Além de terrível é estranho. Ainda não entendo como o senhor me viu de tão longe e - ela afastou a mãe de Edward de seu braço - por que foi até mim daquela forma.

Ele passou o peso de uma perna para a outra, aflito. Não sabia como explicar a situação sem parecer infantil ou insano.

- Eu a tinha visto na rua, já disse.

- Mas isso não explica nada! - ela falou um pouco mais alto do que estava acostumada. Edward olhou para os dois lados para checar se ninguém os havia ouvido. - Não explica, por exemplo, por que o senhor....

- Pare de me chamar de senhor.

- Por que você - ela disse entre dentes - achou que eu fosse uma... prostituta. - sussurrou.

Edward fechou os olhos, lembrando da sua própria estupidez.

- Peço desculpas novamente. - disse ele, aproximando-se novamente de Charlotte e levando a mão até seu queixo. Não podia evitar. Sentia-se imensamente atraído por ela. Não suportava a ideia de vê-la zangada. Ainda mais sabendo que ele era o motivo de tanta raiva. Não raiva. Desgosto, até. As mesmas bochechas rosadas que o chamara a atenção um dia antes, na rua, apareceram ali no corredor, e estavam mais coradas que o normal. Assim tão de perto e à luz do dia, percebeu que os olhos de Charlotte eram mais azuis do quê à luz da lua.

Correu o olhar por todo seu corpo e viu que a respiração dela estava acelerada, pelo modo que seu peito subia e descia por baixo das roupas. E até aquela excitação o fez sentir-se atraído. Por Deus, o que ela tinha de tão magnético para atrair a atenção e o desejo dele assim, tão intensamente?

Como horas antes, ele agiu por impulso quando agarrou o pulso de Charlotte e a empurrou contra a parede. Ela nunca havia sido tratada daquela forma, e soltou um grunhido inesperado. O corpo de Edward pesava sob o dela, pressionando-a totalmente contra a parede fria. Seus olhares se cruzaram, quentes. Da parte dele, por desejo. Da parte dela, por surpresa.

Edward deslizou a mão pela lateral do corpo de Charlotte mas não ousou chegar no busco. Parou na cintura e apertou-a com força. Seu lábio ficou estacionado na área do rosto de Charlotte, e ele beijou-a em todo lugar permitido, chegando, por fim, na boca, devorando os lábios dela com vontade e violência. Charlotte tentou resistir, mas segundos depois estava totalmente entregue, sem mais perceber o que estava lhe acontecendo. Sua mente apagou, e nada mais existia ao seu redor. Ela não lembrou que estava na casa dos Crane, nem que estava num corredor aberto e qualquer pessoa podia vê-los. Não pensou que Edward a tinha desrespeitado um dia antes, ou melhor, horas antes, e muito menos que sentia repulsa dele. Naquele momento ela se entregou ao calor que sentiu subindo por seu corpo e aos lábios de Edward que se moviam incessantemente, colados aos seus como se fossem apenas um.

Charlotte também não lembrou que Edward tinha uma irmã mais nova que falava pelos cotovelos, mas isso foi sua salvação.

Imersos no beijo caloroso, Edward e Charlotte foram despertados pela voz de Elizabeth que se aproximava alegremente, falando com alguma criada, provavelmente. Os dois se afastaram, como se um raio os tivesse partido, e nesse exato momento Elizabeth apontou no fim do corredor, vindo das escadas.

Os lábios de Charlotte estavam vermelhos e gritavam que haviam sido beijados. Edward respirava pesadamente e encarava-a como quem lamenta; e por Deus, como ele lamentava. Daria tudo para estar num lugar mais reservado onde ninguém os atrapalhasse e ele pudesse ter Charlotte só para ele.

Num ato ligeiro, Charlotte fez reverência à ele e pediu licença para sair antes que a irmã de Edward chegasse até ela. Correu até a primeira porta que viu e entrou. Por sorte era onde ela deveria ter ido em primeiro lugar: o toalete.

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Leia Um Clichê Para Chamar de Meu, da mesma autora. Uma comédia romântica sobre uma escritora independente em busca do seu clichê perfeito; seja na vida real ou na ficção.

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E aí! O que acharam?

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Aproveitando aqui, gente, quero convidá-los a ler meu outro romance: Paris no Dia dos Namorados. É mais "juvenil" e eu adoraria se vocês conhecessem. s2

Beijão e até o próximo capítulo. Lembrando que assim que chegar em 4k postarei um extra! <3 <3 <3 see ya!

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