Capítulo Vinte e Quatro

5K 389 25
                                    

- Você por aqui novamente, Ed?

Elena estava sentada na varanda da casa de sua mãe, lendo um livro. Não parecia muito concentrada. Edward subiu as escadas pulando alguns degraus.

- Preciso falar com você, Elena. Mas antes vou até mamãe. Onde ela está?

- Receio que tenha saído com Elizabeth.

- Elizabeth. Como ela está?

- Que interesse repentino é esse? – Elena levantou as sobrancelhas, desconfiada.

- Nenhum. Estou morrendo de saudades. – O sarcasmo era facilmente perceptível em sua voz.

Elena riu, fechando o livro, finalmente.

- O que há, Edward?

Ele olhou para todos os lados.

- Não há mais ninguém aqui, certo? – Elena balançou a cabeça afirmando – O.k. Eu preciso de sua ajuda para uma coisa muito, muito importante.

- Uhhh. – Elena vibrou – faz tempo que não acontece algo empolgante por aqui. Conte-me.

- Bem... soará banal, mas eu preciso que Charlotte Macclesfield volte aqui.

- O quê? Por quê?

- Eu estou... apaixonado.

Se tivesse com algo na boca, Elena engasgaria.

- Por Charlotte?

Edward se manteve sério.

– É mais complicado do que você pode pensar agora – ele ignorou a pergunta da irmã – Então eu preciso que ela volte aqui, mas para lhe ver. Meu nome não pode ser mencionado.

- O que está havendo, Edward? De verdade.

Então ele contou-lhe tudo. Todo seu envolvimento com Charlotte, deixando oculto apenas o dia em que se enrolaram pelos corredores. Este não deveria ser mencionado. Ele gostava de tê-lo como um segredo, só deles.

- Uau. Inacreditável – Elena levantou-se, fazendo o irmão a seguir. – Pode deixar. Vocês têm minha aprovação. Eu adorei a srta. Macclesfield. Por mim, vocês podem encontrar-se aqui, sempre.

- Não durará tanto tempo.

- Não?

- Ela está quase de casamento marcado.

- O quê? – Elena berrou, e alguém que chegava correu até ela. Era Elizabeth e sua mãe.

- Depois eu lhe conto os detalhes – Edward sussurrou depressa e virou-se para a mãe: – Finalmente, mamãe. Precisamos conversar.

- Uh, Edward. – Falou Elizabeth, forçando a voz a ficar rouca – Ai, Edward, você é tãããão lindo. – Então Edward percebeu que ela o estava tentando provocar, fazendo-o lembrar que ela sabia sobre Charlotte. Ele segurou o braço da mãe, enquanto lançava um olhar furioso para a irmã caçula. – Vamos, mamãe? Por favor.

Elizabeth riu, satisfeita, e ficou a sós com Elena na varanda.

xxx

- O que foi aquilo? – Perguntou Edna, fechando a porta de seu escritório.

- Elizabeth sabe sobre a srta. Macclesfield.

- Essa garota ainda nos mata.

- Entrando nesse assunto... por que não a manda para o campo por alguns meses?

- Falaremos disso mais tarde. Agora por favor, me conte o que há de tão urgente.

- O testamento, mamãe. O testamento do Sr. Macclesfield.

Uma luz se acendeu na cabeça da mulher. Ela curvou-se sobre a mesa.

- Mas é claro. Deve haver algo muito esclarecedor em seu testamento. Ele deixaria algo assim.

- Foi o que pensei. Mas... O negócio é: Nenhuma das meninas Macclesfield tem acesso a ele. Como faríamos para pôr as mãos nesse documento?

- Não, não. De forma alguma ponha "nós" nesse meio, meu filho. Não podemos. Não temos o direito de procurar algo assim. É um negócio de família.

- Mas... é da família de minha futura... esposa que estamos falando.

Edna franziu o cenho, sensibilizada. Detestava ver o filho em conflito com os próprios sentimentos. Sabia que ele queria fazer o possível para livrar a família de Charlotte do sofrimento, para esclarecer as coisas e libertar de uma vez por todas Lucy das garras da mãe, ou melhor, da madrasta. Ele faria de tudo para vê-la contente, mesmo não sendo ela a dona de seu coração. Isso importava para Charlotte, e Edward faria o que estivesse a seu alcance para acertar as coisas. Porém...

- Isso não está a seu alcance, Edward. Não nos diz respeito. Várias e várias coisas no mundo estão erradas. Existem várias injustiças e várias situações que nos deixam indignados, mas não podemos fazer nada.

- Podemos, sim, mamãe. A senhora não me disse tudo aquilo para que eu ficasse quieto. Sabes muito bem que não sou assim.

Edna sorriu. Ela sabia.

- Sim, Edward. Eu conheço meu filho. Mas... – recostou-se na cadeira e relaxou o corpo. Prendeu o ar e quando soltou, saiu junto com as palavras. – Tudo bem. Nós podemos fazer algo, mas não poremos as mãos em nada. Como Charlotte está lá, ela procurará o testamento. Você sequer pensará – ela apontou o dedo na direção de Edward – em entrar lá.

- Mas...

- Não, Edward. Não queres ser pego. Serão acusações graves. Entrar na casa de alguém e roubar um documento que não lhe diz respeito? Não há volta.

- Mas quando encontrarmos, poderemos provar algo.

- O quê? Provar que Eloise Macclesfield cumpre com as promessas que fez ao marido?

Derrotado, Edward afundou em sua cadeira. Sabia que a mãe tinha razão, o difícil era aceitar.

- Tudo bem.

- Muito bem. Confie em mim, certo? Agora, vá. – Ela sorriu cordialmente – E quando encontrar com a menina Macclesfield novamente, deixe-a saber que vocês têm todo meu apoio.

xxxxx
Leia Um Clichê Para Chamar de Meu, da mesma autora. Uma comédia romântica sobre uma escritora independente em busca do seu clichê perfeito; seja na vida real ou na ficção.

Beijos!

Um Casamento AdorávelOnde as histórias ganham vida. Descobre agora