CAPÍTULO 3

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— E como se sente hoje? – perguntou ela olhando para o homem a sua frente.

— O de sempre.

— Semana passada eu o deixei com uma pergunta, sabe me responder ela?

— Sei, mas não gosto da resposta.

— Isso que dizer que realmente pensou e sabe o que é certo ou não. – disse ela enquanto olhava para o paciente. – E qual a resposta?

— Que eu devo entender mais o lado dos outros. Ser menos... exigente comigo mesmo.

— Nós dois sabemos que perdemos muito, mas isso não significa que todos que estão em nossa volta vão ir embora. - completou Margoth.

Thomas a olhou e apenas concordou com a cabeça, ele sabia o que tinha que fazer, mas ele também sabia que isso levaria um tempo. Thomas Underwood era um dos pacientes mais recorrentes da clínica. Sendo delegado de polícia, muitas responsabilidades estavam sobre suas costas, o que fazia ter de ser mais exigente e menos sentimental.

— Semana passada estávamos falando sobre um caso em específico. Lembra qual era?

— Ah, sim, nós chamamos ele de "O corvo." - Disse o homem que apoiou as costas no sofá. - Ele matou mais de 39 pessoas, enganou boa parte da minha equipe, mas... Eu o peguei.

— Qual foi a sensação?

— Eu adoraria dizer que foi péssima, que tirar a vida dele foi ruim, mas... - ele olhou para Margoth. - Eu gostei. Eu apertei o gatilho... - disse ele ao elevar sua destra, como se segurasse uma arma e então com o indicador, mover ele várias vezes. - Diversas vezes, até sentir a arma leve.

— Senhor Underwood, seu filho estava com você nesse dia? - questinou ela.

— Sim. Ele... Ele era um dos detetives que estavam no caso.

— Ele o viu, tirar a vida daquele homem?

— Sim. - ele deu de ombros.

— Ele falou algo a você? Digo, depois que apertou o gatilho, ele falou algo?

Thomas pensou um pouco e então suspirou.

— Disse que mata-lo não era necessário. - Falou baixo.

— E você fez o que depois disso?

— Disse que eu era o delegado, que ele não devia falar a não ser que eu pedisse. - Disse antes de bufar e negar com a cabeça. - Eu sei que não devia ter dito isso, não ali, não pra ele, mas eu estava cansado, aquele desgraçado matou muita gente, e eu não iria perder aquela oportunidade.

Quando ele terminou, o alarme tocou, o que fez ambos olharem para a mesma direção. Havia um pequeno relógio sobre a mesa ao lado de doutora, Margoth o desligou e então fechou seu caderno.

— Thomas, eu sei que você está lá para proteger a cidade, mas eu estou aqui para proteger a sua sanidade mental. E... Eu, não vou deixar de te falar as coisas. Matthew estava fazendo o trabalho dele, e naquele momento, ele não era seu filho, ele era o detetive Lewis. E deve ter respeito pelo cargo que entregou a ele. - A mulher ficou de pé e Thomas fez o mesmo. - Qual o nome dele?

— Dele? Dele quem? - fingiu não saber de quem ela estava falando.

— Do garoto que você protege a anos, Thomas.

Ele bufou.

— Jason. Jason O'Connor. - Respondeu o homem.

Quando a consulta terminou, o homem foi embora e Margoth pegou seu celular, notou que não havia nenhuma ligação ou mensagem da irmã. A doutora deixou suas coisas na sala e foi até a recepção, onde foi ver sua agenda e já aproveitou para ligar para Beth. A mulher aguardou, e após o terceiro toque, uma voz masculina e desconhecida falou.

— Alô.

Tʜᴇ Rᴇᴅᴇᴍᴘᴛɪᴏɴ: What's In The Mind?Where stories live. Discover now