A noite foi longa. Elizabeth levou horas pra dormir, ela não dormia naturalmente a muitos meses, e sempre usava algum tipo de droga pra que pudesse dormir, mas agora, ali, ela teria que voltar a aprender a dormir sem nenhuma substância ilícita.
A garota estava andando de um lado para o outro no quarto, a dor no corpo, dor de cabeça, a coceira que ela sentia em sua pele a fazia tremer. Sua pele estava começando a ficar com marcas avermelhadas pela força que ela usava para se coçar.
— Maldita abstinência. - murmurrou Beth ao entrar no banheiro e lavar seu rosto. Ela sentia seu corpo febril, o que a fez abrir o registro do chuveiro e entrar para debaixo dele. Água gelada era o que ela precisava.
— Somos parecidos nisso, gostamos de dormir tarde. – respondeu Margoth pelo telefone. E logo pegou papel e caneta. – Tenho um horário as 8 horas. Anotado. - disse antes de desligar o celular e o deixar sobre a bancada.
A mulher voltou a comer sua pizza e olhar a TV, que nem estava prestando atenção. Não era a primeira vez que aquele paciente marcava com ela, e Margoth podia contar nos dedos quantas vezes ele havia ido às consultas. Após alguns minutos, a mulher levou a caixa de pizza para a cozinha e colocou algumas fatias em um prato, ela deu uma breve olhada em direção ao quarto de Beth e então subiu até lá.— Beth… - chamou Margoth antes abrir a porta e ouvir o chuveiro.
— A-aqui. – Disse a mais nova, enquanto tremia de frio, ainda sentindo que o corpo estava queimando de febre.
— O que houve? - perguntou a irmã mais velha ao colocar o prato sobre a escrivaninha, logo indo até o banheiro e desligando o chuveiro.
— Eu não sei quanto tempo vou aquentar... - murmurrou ao olhar para a irmã mais velha.
— Do que você está falando? - perguntou ao ficar de cócoras ao lado da banheira.
— Eu sou uma viciada de merda, e eu tô a poucas horas sem usar alguma coisa, parece que minha pele está desgrudando do meu corpo...
— É a abstinência, Beth. As dores, a febre, nada disso é real, é a sua cabeça querendo que volte a usar algumas das substâncias que você usava. - Explicou Margoth antes de pegar uma toalha no armário e ajudar a irmã a ficar de pé. - Eu vou te ajudar a passar por isso.
— Eu não tenho como ser ajudada, Margoth. – Ela tentou sorrir, mas foi em vão. – A mamãe me disse isso, ela disse que eu não tenho concerto.
— Ela está errada. Todas as pessoas podem ser ajudadas, basta elas deixarem. Me deixa fazer isso…? – perguntou ao envolver a irmã mais nova com a toalha.
Beth deixou ser envolvida pela toalha e segurou as pontas do pano, para que ele não caísse. Margoth envolveu a mais nova em um abraço, e acariciou as costas dela com carinho, sentindo ela tremer de frio. A mais nova a abraçou de volta e deixou as lágrimas se misturarem com as gotas de água.
— Faz tanto tempo que ninguém me abraça desse jeito. – sussurrou.
— Desculpa por ter te deixado lá, não devia ter desistido de você, eu amo você. – disse Margoth a abraçando mais forte.
— Não desista de mim, por favor. - pediu Beth ao suspirar.
— Não vou. Você é minha irmãzinha, vou cuidar de você. - respondeu Margoth. - Agora você precisa trocar essa roupa e dormir.Beth se afastou um pouco da irmã mais velha e então saiu da banheira, indo até sua mala para que pudesse pegar roupas secas. Margoth ajudou ela a se trocar e então a levou até a cama.
— Obrigada. - Disse Beth ao deitar.
— Amanhã nós conversamos melhor. Agora durma um pouco. - Disse Margoth ao ajeitar a coberta e então deixar um beijo na testa da mais nova.
Beth sorriu e então fechou os olhos, estava extremamente cansada e com frio, mas aos poucos foi voltando ao que poderia ser um normal em sua nova vida.
Margoth fechou a porta do quarto de Beth e andou até o seu, nunca imaginou que veria Beth daquela forma, e se sentiu um pouco inútil por não ter dado mais atenção a ela do que aos pacientes desconhecidos que ela tinha.
Com aqueles pensamentos, Margoth deitou em sua cama e adormeceu.
ESTÁ A LER
Tʜᴇ Rᴇᴅᴇᴍᴘᴛɪᴏɴ: What's In The Mind?
RomanceLei 9.610 - Ninguém pode pegar uma obra, texto, vídeo, música ou qualquer outra coisa e publicar ou distribuir como se fosse de outra pessoa sem autorização do criador daquele conteúdo. O roubo de propriedade intelectual é conhecido como "plágio" e...